Estudo aponta que travessia de pedestres é arriscada em mais de 40 pontos em Goiânia

Estudo cita vários trechos em avenidas como 85, S1, Jamel Cecílio, Leste Oeste, T-63, entre outros

Postado em: 17-01-2022 às 09h55
Por: Redação
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Estudo cita vários trechos em avenidas como 85, S1, Jamel Cecílio, Leste Oeste, T-63, entre outros | Foto: Reprodução

Por Ítallo Antkiewicz

Levantamento realizado pelo Instituto Federal de Goiás (IFG) mostra riscos de acidentes para pedestres ao realizar travessia de ruas e avenidas em mais de 40 pontos das regiões central e sul de Goiânia. As informações estão na nota técnica de novembro do ano passado. Dentre os locais abordados, o estudo cita vários trechos em avenidas como 85, S1, Jamel Cecílio, Leste Oeste, T-63, entre outros.

A nota faz parte de pesquisa que, segundo o professor da área de Transporte do IFG e coordenador do curso técnico em Transporte Rodoviário na modalidade educação de jovens e adultos, Marcos Rothen, deve ser finalizada em março de 2022 e trata sobre a adaptação da literatura técnica internacional sobre a mobilidade urbana e as possíveis aplicações em Goiânia. 

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O estudo conclui que dos 44 locais analisados, 98% apresentaram risco para os pedestres. Em 59% deles, o pedestre precisa correr ou acelerar o passo para poder efetuar a travessia com segurança. E ainda, 75% dos casos apontados foram observados em outros locais da Capital, mas que não foram citados no estudo, por estarem em local fora da área de foco da análise.

O levantamento mostra que em várias vias da cidade o pedestre não foi considerado no momento do planejamento urbano, levando-o a situações de risco devido à falta de barreiras e de sinalização (ou sinalização insuficiente) que o obriguem a fazer a travessia em local seguro. Para a conclusão da pesquisa, a nota técnica leva em consideração bibliografia internacional sobre mobilidade, como o Signal Timing Manual (2015), além do Código Brasileiro de Trânsito, no qual se prevê a obrigatoriedade de que os movimentos de travessias sejam seguros para os pedestres, mesmo que isso lhes causem algum desconforto.

De acordo com Rothen, a escolha dos locais para análise teve como critério a intensa movimentação de pedestres e veículos. “Muitas vezes saía andando em busca de algum lugar que já tinha conhecimento e onde via um pedestre correndo, parava para verificar os problemas”, comenta. Além da análise bibliográfica, a pesquisa foi realizada com base em registros feitos in loco que mostram a dificuldade das pessoas ao se deslocarem a pé nas ruas de Goiânia.

Obras implantadas

“Também selecionei os lugares onde foram implantadas algumas obras, como o viaduto da Jamel Cecílio, o da Leste Oeste e o BRT da Avenida 90. Nesses novos locais é flagrante que o pedestre não foi considerado no projeto. Mesmo o do BRT, só foi visado o aumento da velocidade dos carros, o que nenhuma metrópole do mundo faz. Paris agora na área central o limite é de 30 e São Paulo, mesmo nas avenidas, o limite é de 50 km”, explica o professor.

No caso do viaduto da Avenida Jamel Cecílio, a nota aponta que não há previsão de local de travessia para os pedestres. As características relatadas no local são o intenso volume de veículos com liberdade para atingirem velocidades elevadas e uso do solo intensivo nos dois lados da via.

Neste caso, segundo o professor, foi observado que os pedestres acabam procurando brechas no fluxo dos carros, criadas pelos semáforos, e se arriscam na travessia. O mesmo é observado no trecho da Avenida Leste Oeste, localizado próximo à Região da 44. Nesse ponto em específico, o professor chama a atenção para o grande número de pedestres por ser uma área de concentração comercial.

Ainda em vias com viadutos, o estudo relata a falta de opção para o pedestre, assim como ocorre também em saídas e entradas para “obras de arte”, como a que está localizada no encontro das Avenidas 85 e S1, no Setor Serrinha. A pesquisa mostra que viadutos e trincheiras buscam dar maior fluidez aos veículos, mas não programam brechas para que os pedestres atravessem. Tal travessia ocorre entre os veículos.

Rotatórias

Outro ponto que a pesquisa salienta são as rotatórias, sejam elas de grande ou pequeno porte. Na Praça Ciro Lisita, no Setor Coimbra, por exemplo, o pesquisador conseguiu flagrar pedestres entre os carros, com o intuito de chegar ao outro lado da via ou até mesmo para ir até a Praça, que funciona como uma rotatória. No local, há quatro entradas e quatro saídas de veículos, mostrando a preferência para condutores. Já o pedestre, como foi relatado na nota técnica, busca oportunidade de passagem entre os carros, aguardando brechas ocasionadas pelos semáforos situados ao longo da avenida, e normalmente procuram lugares mais estreitos na via para efetuarem a travessia.

O estudo revela também que, mesmo quando há sinalização, como faixas de pedestres ou semáforos que priorizem os transeuntes, ainda assim há risco. Um exemplo é em uma das faixas na Avenida T-63, que possui um canteiro central para dividir os fluxos. Nela foi constatado que, em determinados momentos, o movimento de veículos em um dos sentidos é interrompido por um semáforo enquanto o fluxo paralelo de sentido contrário ainda continua. “Tal situação causa confusão também nos fluxos que cruzam a avenida e para os pedestres que nem sempre percebem esse tipo de situação que não é normal em outras cidades. Não há informação ao pedestre que essa situação peculiar existe”, explica o professor.

Na Avenida Paranaíba, Setor Central, o docente conseguiu outro registro em que um pedestre atravessa uma parte da via e aguarda para poder cruzar a outra parte da rua, uma vez que há fluxo distinto nos dois lados da pista. No local não há canteiro de segurança ao pedestre. Nesse exemplo, o estudo relata que: o local dedicado para os pedestres efetuarem a travessia nem sempre é facilmente identificado; a travessia normalmente é feita em duas etapas; e os veículos, nesses locais, já atingiram uma velocidade maior e, muitas vezes, acima dos limites regulamentados.

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