Saiba detalhes dos ônibus articulados elétricos que vão substituir a frota do Eixo Anhanguera

Modelo tem autonomia para percorrer 250 quilômetros a cada recarga de cinco horas, com bateria de fosfato, considerada mais limpa e segura; primeiras unidades devem começar a circular em meados de 2022

Postado em: 17-01-2022 às 16h38
Por: Giovana Andrade
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Modelo tem autonomia para percorrer 250 quilômetros a cada recarga de cinco horas, com bateria de fosfato, considerada mais limpa e segura; primeiras unidades devem começar a circular em meados de 2022. | Foto: Divulgação

Foi apresentado nesta segunda-feira (17/01), no estacionamento do Estádio Serra Dourada, em Goiânia, um exemplo do modelo de ônibus articulado 100% elétrico escolhido para a substituição da frota que circula no Eixo Anhanguera. A expectativa é que a modernização da linha seja iniciada ainda neste primeiro semestre, com o início do recebimento de novos exemplares a partir do meio do ano.

Ao todo, serão mais de 100 novos ônibus para substituir a atual frota, composta por 86 unidades. O veículo, que passa a integrar um estudo de viabilidade técnica e econômica, é produzido pela montadora chinesa Build Your Dreams (BYD), com fábrica em Campinas (SP). O objetivo é promover a eletrificação da frota de transporte coletivo, com resultados diretos na redução da emissão de gases poluentes na atmosfera, além de assegurar mais conforto aos usuários do sistema, e requalificar o corredor por onde trafega.

De acordo com a fabricante, cada veículo elétrico deixa de emitir 110 toneladas de CO2 por ano. A última substituição total da frota que atende ao Eixo Anhanguera foi realizada há 10 anos.

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“Hoje, o mundo clama por descarbonização. Cada ônibus desse, que substitui um ônibus a diesel, diminui 110 toneladas de CO2 emitidos por ano. Mais de 10 mil toneladas de carbono, se contarmos os 100 ônibus, deixam de ser lançadas no meio ambiente. Isso é dar a Goiânia o diferencial de que precisa, e a Goiás mais um passo inovador”, disse o governador Ronaldo Caiado, que participou do evento de lançamento.

Segundo Caiado, o atual governo chegou a discutir a compra de 100 ônibus novos para a Metrobus. “Aí pensei: será que é só isso que nós temos que fazer? Será que é só comprar uma frota nova? Não. É necessário ter um projeto de lei que altera, que modifica o sistema, que vai proporcionar um diferencial ímpar, de tarifas que serão cobradas de acordo com o percurso daquele passageiro”, pontua.

O governador destaca importância do projeto O Futuro é Agora: Apresentação da Modernização do Eixo Anhanguera, e ressalta que não se trata apenas da compra de ônibus elétricos, mas sim da mudança do conceito de transporte coletivo em Goiânia. “Nós seremos os primeiros no Brasil a implantar, a passos acelerados, o transporte com ônibus elétrico, mas também tratando das tarifas, da qualidade de nossas plataformas, da condição de melhor deslocamento de cada um que usa transporte público no Estado de Goiás”, observa Caiado.

A iniciativa é implementada pelo Governo do Estado, por meio da Metrobus, em parceria intermediada pela Secretaria-Geral da Governadoria (SGG), com o consórcio formado pelas empresas Enel X, Marcopolo e Consórcio HP-ITA (Urbi Mobilidade Urbana).

“Uma solução para um problema que perdura há décadas. Estamos indo muito além de substituir os ônibus”, diz o secretário-chefe geral da Governadoria, Adriano da Rocha Lima.

Segundo explica, o projeto de lei enviado para a Assembleia Legislativa pelo Governo de Goiás, sancionado no final do ano, permite a criação de duas tarifas. Uma será a do usuário, que hoje é no valor de R$ 4,30, e a outra, de remuneração, aquela exigida pelo contrato de concessão, para que mantenha o equilíbrio econômico e financeiro do contrato.

“Antes dessa lei, não existia essa diferenciação de tarifa; então, aquilo que deveria ser necessário para equilibrar o contrato, tinha que ser repassado integralmente ao usuário do sistema, sobrecarregando a população que já está enfrentando dificuldades, obviamente, em função da pandemia”, pondera Rocha Lima.

A partir da nova lei, o governo passa a assumir parte da fatia que seria do usuário, o subsídio, para que o valor da tarifa não suba além dos atuais R$ 4,30. Além dessa mudança, a lei permite também a flexibilização dos preços, em que em distâncias, por exemplo, mais curtas, poderão ser cobrados valores menores.

Modelo não poluente

O veículo elétrico apresentado é do modelo D9W carroceria Marcopolo. A promessa é de autonomia para percorrer 250 quilômetros, com até cinco horas para recarga da bateria feita de fosfato de ferro, considerada a mais limpa e segura, já que é reciclável e à prova de fogo. O dispositivo de carregamento do ônibus, com tecnologia Enel-X, já foi instalado na garagem da Metrobus. O modelo possui ar-condicionado ionizado, carregadores de celular e Wi-Fi, e foi desenvolvido com suspensão pneumática em todos os eixos, o que proporciona mais conforto para os usuários.

O ônibus é um articulado de 22 metros de comprimento com capacidade para transportar 170 passageiros, sendo 59 sentados, com espaço reservado para cadeirantes. O consumo energético, segundo a empresa fabricante, é equivalente a 1,2 KWh/Km, com menor custo operacional e de manutenção que um veículo convencional. Os motores elétricos ficam embutidos nas rodas do eixo traseiro, são silenciosos e não emitem poluentes.

O modelo apresentado, em Goiânia, tem vários recursos, como seis câmeras de alta definição, duas delas com infravermelho, em substituição aos retrovisores externos e internos. As câmeras permitem que o motorista veja pontos cegos e tenha facilidade de manobra, aumentando a segurança e garantindo mais conforto na viagem.

A coluna de direção é regulável, o que permite maior conforto de acordo com as características de cada motorista, mais adequado aos parâmetros de ergonomia. Já as portas seguem rigorosos padrões de segurança e são equipadas com sensores, o que evita que se fechem quando é identificado qualquer movimento próximo, o que deve diminuir riscos de acidentes no embarque e desembarque.

Viabilidade técnica

Durante os próximos dias, serão analisados os indicadores operacionais de manutenção desse tipo de veículo e como funciona o sistema eletrônico dentro das características do trajeto na linha do Eixo Anhanguera e das suas extensões. No período de avaliação, também serão verificados autonomia, tempo de carregamento, custo da operação e realizados treinamentos. Em um primeiro momento, o ônibus articulado não será utilizado por passageiros. O estudo de viabilidade técnica ocorre em parceria entre Enel X, Marcopolo e Consórcio HP-ITA (Urbi Mobilidade Urbana), com os consultores Tauil Chequer e Radar PPP.

O foco é comparar o ônibus elétrico com o veículo tradicional, movido a óleo diesel, para uma percepção mais clara sobre os benefícios econômicos e de sustentabilidade ambiental. Com a aprovação, a previsão é de que toda a frota da Metrobus seja substituída pelos veículos elétricos, com a chegada das primeiras unidades previstas para o meio deste ano.

O andamento para a substituição é viabilizado por meio de um Procedimento de Manifestação de Interesse (PMI), que é uma prática internacionalmente recomendada para se promover mais transparência e competitividade no processo de seleção, modelagem, licitação e contratação de projetos de infraestrutura.

No Brasil, o PMI está previsto na lei 8.987/1995, com regulamentação pelo Decreto 5.977/2006, que orienta sobre o procedimento destinado à apresentação de projetos, estudos, levantamentos ou investigações a serem utilizados em modelagens de parcerias público-privadas.

Segundo o secretário Adriano Rocha Lima, o estudo de viabilidade e parceria foi iniciado em meados do ano passado, quando foram reunidos representantes de todos os municípios que compõem a Região Metropolitana de Goiânia e das empresas. “Identificamos que o sistema precisaria de uma reforma mais estrutural, mais ampla. Fizemos um estudo detalhado de quais seriam as soluções possíveis para enfrentar essa reforma do transporte”, informa.

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