Alívio e emoção marcam 1º dia de vacinação de crianças contra a Covid-19

Vacinação contra Covid-19 em crianças seguiu, ontem, com tranquilidade na Capital

Postado em: 18-01-2022 às 08h26
Por: Yago Sales
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Vacinação contra Covid-19 em crianças seguiu, ontem, com tranquilidade na Capital | Foto: Pedro Pinheiro

No futuro, Emilio, Sofia, Luiza e Kaio terão algo em comum para contar: se vacinaram contra a Covid-19 na manhã desta segunda (17), no início do cronograma de imunização de crianças de 11 anos, em Goiânia. No dia em que o Brasil aplicou a primeira dose, essas crianças, acompanhadas de pais, mães e avós, finalmente estão protegidas.  Em meio à guerra entre a ciência e o negacionismo, deram sinais de uma geração consciente e capaz de acreditar que tempos melhores virão depois de quase dois anos do poderio de um vírus invisível, mas mortal, que os afastaram da escola, dos amigos e dos professores.

Essas crianças ainda vão se lembrar que sobreviveram à estatística de morte. Apenas no Brasil, foram 324 mortes de crianças entre cinco e 11 anos em consequência da Covid-19. Os cartórios brasileiros ainda registraram, desde o início da pandemia, 77 mortes por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), 30 por causas indeterminadas e 57 mortes súbitas.

Na matemática do luto, no dia em que se vacinaram, o mundo registrava 5.54 milhões de mortes pelo vírus. No Brasil, foram 621 mil. Em Goiás, 24.766 vidas foram perdidas. Emocionada, com seus olhos azuis, Luiza posa para a fotografia fechando o ciclo da família: depois dos pais e da irmã, de 14 anos, era a vez dela se proteger. Luiza Cunha Rezende se vacinou um dia antes de voltar à escola e, num misto de alívio e felicidade, consciente do papel cívico, comentou, tímida. “Estou muito feliz e agora posso estudar presencialmente”.

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Ao lado do pai, o engenheiro Paulo Sérgio de Oliveira Rezende, Luiza segura o cartão de vacinação. “Estou com a caderneta dela e tem mais de 50 vacinas e não poderia deixar de fazer essa”, afirma Paulo, aguardando os 20 minutos que o enfermeiro sugeriu após a aplicação, na Unidade de Saúde da Família (UNF), no Setor Universitário. “Precisamos esperar caso dê alguma reação”. Não deu. “E viva o SUS”, disse ele, aliviado.

O local foi um dos 15 pontos preparados pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Goiânia para vacinar a meninada. Enquanto Sofia Veríssimo Guimarães, de 11 anos, se vacinava, a avó, de 87 anos, entubada desde o dia 27 de dezembro sob suspeita de Covid-19, lutava para sobreviver. “Me vacinei para proteger as pessoas”, comenta Sofia, ao lado da mãe, Poliana Veríssimo.

Poliana não foi entrevistada pelo Datafolha, mas certamente teria endossado a opinião que revelou na pesquisa: oito em cada dez brasileiros (79%) apoiam a vacinação de crianças de 5 a 11 anos contra a Covid-19. Divulgada nesta segunda-feira, os dados revelam ainda que 17% rejeitam a vacinação. É o caso do pai dos dois filhos de Angélica (nome fictício). Ela levou os dois filhos, de 11 e 5, para se vacinarem. Embora o mais novo não estivesse no cronograma, ela conseguiu vaciná-lo antes para evitar que o pai dos meninos, negacionista e defensor do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), conseguisse uma liminar judicial proibindo a imunização das crianças. “Eles precisam da dose para poderem voltar à escola”, defende ela, que é servidora municipal.

Na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Novo Mundo, Emílio Vivaldo, 11, pediu ao pai para entrar sozinho na sala. Quando viu a agulha, mostrou o indicador e cerrou os olhos. Embora demonstrasse o incômodo da furadinha, parecia satisfeito. “A gente deve se vacinar para proteger as pessoas”, ensina o menino, que recentemente começou a treinar na escolinha do Vila Nova. “Ainda essa semana eu vou fazer o primeiro gol já vacinado”, promete ele, enquanto o pai, Luiz Vivaldo, de 61, o observa orgulhosamente o futuro jogador de futebol.

O próximo da fila é Kaio Henrique, também de 11 anos. Tímido, pouco disse sobre a vacinação. “Tem que vacinar mesmo”, enfatizou ele, levado pelos avós à unidade do Novo Mundo. Segurando o algodão pressionado no braço furado, foi recebido pelo avô, com olhos de satisfação.

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