Com aumento de casos de Covid, passaporte da vacina volta a gerar polêmica

Abrasel considera que exigência seria injusta para o setor

Postado em: 22-01-2022 às 08h48
Por: Maiara Dal Bosco
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Abrasel considera que exigência seria injusta para o setor | Foto: reprodução

Mais de 80% dos brasileiros são a favor da exigência do chamado “passaporte da vacina”, para que seja permitida a entrada em locais fechados como bares, restaurantes, órgãos públicos e outros. É o que apontou a pesquisa Datafolha divulgada nesta semana. Considerando a margem de erro, ao todo, 81% dos 2.023 entrevistados com 16 anos ou mais, moradores de todos os Estados do Brasil, concordam com a medida. Segundo o Datafolha, 18% se declaram contrários à exigência do comprovante e outro 1% não soube responder.

Antes disso, outra pesquisa, desta vez realizada pela Confederação Nacional de Municípios (CNM), entre os dias 10 a 13 de janeiro, apontou que em 16,8% dos municípios já foi editado decreto ou similar estabelecendo a obrigatoriedade da vacinação para frequentar espaços coletivos públicos. Já em 80,5% não há ainda esse tipo de medida. Com relação à pesquisa anterior, de 6 a 9 de dezembro, a CNM aponta que houve uma ligeira diminuição de cidades que instituíram decreto ou similar estabelecendo a obrigatoriedade da vacinação para frequentar espaços coletivos públicos (18,3%).

Ineficácia 

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A Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) é uma das entidades que se posiciona de forma contrária ao passaporte vacinal como medida pública, porque, para ela, acima de tudo a imposição do comprovante de vacinação – medida que define como ineficaz no combate à pandemia, passa uma falsa sensação de segurança para a população. À reportagem, o presidente da Abrasel em Goiás, Danillo Ramos, afirmou que a entidade está acompanhando a questão do passaporte vacinal e dos decretos em todo o Brasil.

“A Abrasel Goiás parabeniza a Prefeitura de Goiânia e o Estado, porque nenhuma das duas gestões está cobrando a medida, a qual entendemos que é ineficaz e até mesmo um pouco injusta com os bares e restaurantes, porque na prática ela não funciona”, afirma Danillo. Ele aponta o caso do Rio de Janeiro, onde a medida é exigida. “O Rio de Janeiro é um exemplo, a prefeitura cobra o passaporte vacinal, mas não tem condição de fiscalizar, até porque isso seria dar um poder de polícia para os donos do bar, gerentes e funcionários”, defende o presidente da Abrasel em Goiás. 

Passaporte X fechamento 

Questionado se em caso de uma piora de cenário epidemiológico é melhor exigir o passaporte nos estabelecimentos ou um novo fechamento, o presidente da Abrasel em Goiás afirmou que a entidade não acredita em uma piora considerável do cenário. “Dizemos isso baseados em fatos, já que, diferente de um ano atrás, hoje, em 2022, estamos com alto índice de vacinação contra a Covid-19 no Estado e na Capital. Além disso, estamos começando a vacinação da população infanto-juvenil e a população idosa já está com a 3ª dose”, destaca Danillo. 

Segundo ele, mesmo que a variante Ômicron da Covid-19 provavelmente cause um aumento estrondoso de casos, por outro lado a experiência de outros países como Inglaterra e França demonstram as respostas trazidas pelos índices de vacinação. Além disso, o presidente da Abrasel pontua que o segmento pagou o preço pela pandemia, em faturamento, demissão de funcionários. “O comércio depende muito da demanda espontânea, então a exigência acaba dificultando que as pessoas procurem os estabelecimentos”, finaliza Danillo.

A Federação do Comércio em Goiás (Fecomércio), também comentou o assunto por meio de seu presidente, Marcelo Baiocchi. Segundo ele, a Fecomércio analisou as medidas restritivas recentemente publicadas no decreto de Goiânia, como necessárias para a área de eventos onde há uma aglomeração e com dificuldade de controle das medidas sanitárias, como o uso de máscaras, importantes. “Mas, a Fecomércio entende que, para os outros segmentos, como Comércio, Serviços e Turismo, é um pouco acima da necessidade, visto que a grande maioria dessas atividades têm cumprido as medidas sanitárias rigorosamente”, destacou Marcelo.

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