Automedicação com colírios cresce nos últimos 10 anos

Crescimento de 66% no uso do medicamento pode gerar riscos a saúde

Postado em: 17-09-2017 às 11h00
Por: Victor Pimenta
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Crescimento de 66% no uso do medicamento pode gerar riscos a saúde

Uma pesquisa realizada pelo oftalmologista Leôncio Queiroz
Neto mostra que, nos últimos 10 anos, a automedicação com colírios passou de
30% a 49%, um crescimento de 66% no uso do medicamento. A baixa umidade que tem
colocado boa parte do país em estado de alerta pode causar vermelhidão nos
olhos, coceira, sensação de corpo estranho, queimação e fotofobia. O médico
explica que a terapia destes sintomas varia de acordo com a alteração e uso
contínuo de outros medicamentos.

Queiroz Neto, que faz parte do Instituto Penido Burnier, em São Paulo, garante que prognósticos podem estar relacionados à síndrome do olho seco,
irritação por corpo estranho e conjuntivite alérgica ou viral. Ele afirma que
as doenças decorrentes da baixa umidade podem estar interligadas e a mais
frequente é a síndrome do olho seco, uma alteração na qualidade ou quantidade
da lágrima que pode levar à morte de células da córnea e comprometer a visão se
o tratamento for banalizado.

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O oftalmologista conta que a lágrima artificial é a terapia
mais utilizada no combate ao olho seco, porém nem sempre é a melhor
alternativa. O colírio lubrificante tem efeito de uma “aguinha” para pessoas
alérgicas que usam frequentemente anti-histamínicos ou cardiopatas que tomam
continuamente medicamento para arritmia cardíaca, porque estes medicamentos
diminuem a ação da lágrima artificial. Nestes casos, ele destaca que uma
alternativa de tratamento é a cápsula de semente de linhaça, que contém ômega 3
e por isso diminui a evaporação da lágrima.

Vermelhidão

Queiroz Neto frisa que “a maior concentração de poluentes no
ar no período de seca, somada ao contato da mucosa ocular com maquiagem e
outros produtos de higiene pessoal ou limpeza, facilitam ainda mais a irritação
dos olhos”.  Para deixa-los “branquinhos”,
o mais indicado é o colírio adstringente, que tem ação vasoconstritora. O
problema é que por contrair os vasos, deve ser evitado por quem tem hipertensão
arterial, cardiopatia ou asma, destacou o médico.

O adstringente pode elevar a pressão arterial, dificultar o
desempenho do coração ou desencadear uma crise de falta de ar, caso o líquido
penetre na corrente sanguínea pelo canal lacrimal. A dica do especialista para
eliminar estes riscos é pressionar o canto interno do olho com o polegar para
evitar a penetração na corrente sanguínea.

Queiroz Neto adverte que usar colírio adstringente com
frequência pode causar efeito rebote e deixar os olhos ainda mais vermelhos,
além de antecipar a catarata. “Nossa lágrima ainda é o melhor lubrificante para
o olho”, pondera.

Conjuntivite

O oftalmologista afirma que, durante a seca, os tipos mais
comuns de conjuntivite, inflamação da membrana que recobre a face interna da
pálpebra e a esclera, parte branca do olho, são a viral e a alérgica. A viral tem
secreção viscosa, é altamente contagiosa e sinaliza baixa imunidade. Já a
alérgica não é transmissível e a secreção é aquosa, mas representa um fator de
risco para o ceratocone, doença que deforma a córnea e pode levar ao
transplante.

Os casos mais severos dos dois tipos de conjuntivite são
tratados com colírio anti-inflamatório do tipo hormonal, que contém corticóide
e, por isso, é mais agressivo no combate à inflamação.  Já o tratamento da conjuntivite viral branda
pode ser feito com anti-inflamatório não-hormonal e da conjuntivite alérgica
com colírio anti-histamínico que não contém corticóide. O médico adverte que o
uso prolongado de colírio com corticóide antecipa a catarata e provoca
glaucoma. Por isso é um medicamento contraindicado para que já possui a segunda
doença.

O especialista ressalta que quando o assunto é saúde o mais
complexo são as variáveis que tornam os tratamentos individualizados, e por
conta disso usar um colírio indicado pelo vizinho, amigo ou familiar pode ser perigoso.
“Por exemplo, algumas pessoas alérgicas são intolerantes aos corticóides e
outras aos anti-inflamatórios não hormonais”. 

Fotos: Reprodução

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