Goiás é um dos 7 estados brasileiros com ocupação de UTIs para Covid em nível crítico

Estado goiano está com 84% dos leitos de UTI ocupados, e em Goiânia, 97% estão ocupados

Postado em: 26-01-2022 às 17h54
Por: Maria Paula Borges
Imagem Ilustrando a Notícia: Goiás é um dos 7 estados brasileiros com ocupação de UTIs para Covid em nível crítico
Estado goiano está com 84% dos leitos de UTI ocupados, e em Goiânia, 97% estão ocupados | Foto: Tatiana Fortes

O aumento dos casos de Covid-19 no Brasil gerou a ocupação de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) para pacientes infectados cresceu em 18 estados e no Distrito Federal (DF) na última semana. Goiás, por sua vez, está entre os 7 estados em situação mais crítica. As informações são do levantamento da Folha de São Paulo realizado junto aos governos estaduais.

A situação mudou de forma drástica em uma semana. Ao menos oito unidades da federação já têm 80% ou mais das vagas públicas de UTI para coronavírus em uso, sendo que, há uma semana, eram apenas quatro estados nesse patamar. A piora no quadro acontece pelos governos estaduais terem reaberto leitos para o tratamento de pacientes com a doença. Em uma semana, o número de vagas para pacientes em estado grave cresceu de 15.115 para 15.876 no Brasil, aumento de cerca de 5%.

Em Goiás, 84% dos leitos de UTI já estão ocupados. Na capital goiana, mesmo com o incremento de 73 novas vagas em uma semana, 97% dos leitos estão ocupados. Para combater o quadro, a Prefeitura de Goiânia reduziu o limite de públicos de eventos e estabelecimentos para 500 pessoas, além de restringir a ocupação de bares, restaurantes, celebrações religiosas, shoppings, academias, salões de beleza e teatros para 50% da capacidade.

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Em Goiânia, a administração municipal reforçou ainda a fiscalização contra festas clandestinas, ação que se intensifica aos finais de semana. No último final de semana, foram fechados 8 dos 20 locais visitados por infrações ao decreto municipal.

Entre as unidades da federação em estado grave está o Distrito Federal, que tinha 90% dos leitos públicos de UTI ocupados no final da última terça-feira (25/1). No total, a capital federal possui 73 vagas de UTI para tratamento do coronavírus, e destas 58 estão ocupadas, 10 estão aguardando liberação e 5 estão vagas. Na manhã de terça-feira, a taxa de ocupação atingiu 100%, mas o governo local liberou leitos bloqueados. O governo informou ainda que 9 em cada 10 internados não estão vacinados ou não receberam ao menos as duas doses.

Diante do aumento desenfreado de casos, o governador local, Ibaneis Rocha (MDB) decidiu que, a partir desta segunda-feira (31/1), o Hospital Regional de Samambaia vai atender apenas casos de Covid-19, com exceção da maternidade. Além disso, 98 pacientes estão aguardando leitos de UTI no DF. Destes, 7 estão com casos confirmados ou suspeito, e devem ser direcionados para unidades com atendimento da doença.

No Mato Grosso, 85% dos leitos de UTI estão ocupados, número superior ao da semana passada. Em Cuiabá, capital do estado, as Unidades Básicas de Saúde (UBS) de quatro bairros suspenderam os atendimentos após profissionais da saúde terem sido diagnosticados com gripe ou Covid-19, na última segunda-feira (24/1).

Mesmo com as explosões de casos, o centro-oeste ainda não está entre os estados com piores casos, sendo esses os do Nordeste, como Rio Grande do Norte, Pernambuco e Piauí. No Rio Grande do Norte, a ocupação das UTIs chega a 84%, e as unidades intensivas públicas pediátricas estão lotadas. O governo do estado informou que está expandindo a oferta de leitos críticos e clínicos na rede, uma vez que a média móvel de pedidos por leitos quadriplicou de 15, em dezembro, para cerca de 60, em janeiro.

Piauí também teve um aumento inesperado na ocupação de UTIS na última semana, chegando a 82%, sendo agora considerado um dos estados com maior colapso no sistema de saúde. Já Pernambuco, reduziu o percentual para 80%, queda causada pelo aumento de leitos disponíveis, mas se mantém em cenário crítico.

Devido ao aumento de casos de influenza H3N2 e da Covid-19, o estado retomou o uso de medidas restritivas, com eventos limitados a 3.000 pessoas pelo menos até a próxima segunda-feira, e o passaporte vacinal passou a ser exigido em bares, restaurantes, cinemas, teatros e museus.

Segundo especialistas, o rigor das limitações é necessário, o médico Bruno Ishigami, do Recife, explica que a quantidade de casos é tão elevada que o número absoluto de pessoas que precisam de internação é muito alto. “Festas privadas, por serem uma aglomeração com 3.000 pessoas, podem ajudar a aumentar a taxa de contaminação com vírus circulantes. O ideal é a proibição das festas agora”, afirma.

No Norte, Rondônia enfrenta quadro crítico também, com 91% das vagas para pacientes graves com o vírus ocupadas, além de um dos três hospitais com leitos públicos para Covid-19 em Porto Velho não ter mais vagas.

O Amazonas, que sofre desde o início da pandemia com colapso no sistema de saúde, estava com 81% dos leitos de UTI para Covid-19 ocupadas, no último domingo (23/1). Desde o início de janeiro, a quantidade de pacientes em estado grave internados triplicou, saltando de 23, no primeiro dia do mês, para 74 no último domingo. Diante dos casos, o governo decidiu alterar o registro de leitos, deixando de informar quantos estão disponíveis.

No Rio de Janeiro, a ocupação de unidades intensivas públicas atingiu 62%, sofrendo aumento de 52% em uma semana, mesmo com abertura de 60 leitos. Segundo médicos, a maioria dos internados são idosos com comorbidades e pessoas que não tomaram o reforço da vacina. O tempo médio de espera já chega a mais de dois dias, sendo que a ocupação 64% para 77% no período.

Em São Paulo, de acordo com a Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade) a taxa chegou a 65% no estado e 72% na capital. Ambas as gestões seguem ampliando as quantidades de leitos.

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