Violência no trânsito sobrecarrega atendimentos

Wilton Morais*

A Semana Nacional do Trânsito tem
seus dias celebrados na mesma semana do dia Nacional de Luta da Pessoa com
Deficiência. Juntando ambas as datas, o alerta maior é para os motociclistas.
Conforme o Departamento Estadual de Trânsito (Detran) cerca de 30 motociclistas
são resgatados e recebem os primeiros socorros dos Bombeiros, diariamente, após
se envolverem em acidentes na capital.

“Quando me bateram, eu fui
socorrido pelo Samu. Mas o outro condutor correu. Eu fui socorrido no hospital
da minha cidade, tive que esperar mais de sete dias para fazer uma cirurgia.
Depois voltei para casa. Fui liberado. Após algumas complicações, porque eu não
aceitava o quadro que eu estava, fiquei com depressão, fraqueza, havia perdido
o sangue quase todo. Mas graças a Deus eu melhorei, e comecei a correr atrás da
minha recuperação. A minha vida foi muito rápida”, disse o comerciante Laerte.

Laerte Almeida Jacinto sofreu acidente de moto, em Jaraguá, no dia
30 de dezembro do ano passado, véspera de ano novo. “Eu mexia com prova de
laço. Ainda tenho os animais. Tenho o tratador, quem cuida deles”, contou. Na
ocasião do acidente, um motorista bêbado foi quem o fechou na moto. O homem
fugiu, mas Laerte hoje “só quer viver”. “Meu sonho é voltar, e montar
novamente. Mas laçar é mais difícil”, relatou.

Ao receber tratamento no Centro
de Reabilitação e Readaptação Dr. Henrique Santillo (Crer), Laerte assegura que
o que mais quer na vida é poder superar os obstáculos. “Hoje tenho muitos
profissionais me acompanhando. Só tenho a agradecer essa oportunidade”, disse.
“Eu não vou deixar de viver por causa disso. Hoje só quero lutar. Não é porque
estou nessa condição que a vida parou”, ressaltou ao contar que receberá alta
na próxima terça-feira (26).

Atendimento

No Crer, o supervisor
multiprofissional da internação, Eduardo Carneiro, explicou que a maioria dos
pacientes é vitimas de trânsito. “Fazemos aqui varias cirurgias eletivas. Após
as cirurgias de emergências e urgências, realizadas em outros hospitais o
paciente é encaminhado para cá, onde fazemos a reabilitação. São todos
pacientes mais graves”.

De acordo com o supervisor, o paciente
fica no Crer em média 30 dias, em uma reabilitação intensiva. “Não é um
paciente que apenas quebrou o fêmur. É uma reabilitação mais intensiva. Fazemos
terapia duas ou três vezes por semana. A internação é para o paciente
reabilitar. Ele pratica exercícios”, contou. Além disso, o Hospital realiza vários
cursos de capacitação, para que o paciente possa ser estimulado por meio de exercícios
e lidar com outras consequências do acidente. “Ele e a família aprenderá a
lidar, por exemplo, com o sono, com a alteração da memória, e um mundo de
informações”.

Segundo Eduardo, os casos maiores
são de motociclistas que se tornaram vítimas do trânsito. “Nesse posto,
atendemos em média 35 á 40% dos casos que são acidentes de trânsito. O restante
é de AVC, lesões pós-cirurgia. Mas dessa porcentagem, outros 60% é de acidentes
com moto, o restante atropelamento e acidentes automobilísticos”, ressaltou.

Para o supervisor, o maior
obstáculo é fora do hospital, fora do local onde o paciente é preparado para
viver, após o acidente. “Muitos não volta à vida como antes. Mas trabalhamos na
função deles para que fique o mais independente possível. Tem pessoas que voltam
para o mercado de trabalho. No Crer é fácil, aqui há tudo, o difícil é fora do
Crer, e é isso que fazemos. Fechamos esse tratamento para reinseri-los no
mercado de trabalho, no esporte”.

Blitz educativa
alerta para cuidados no trânsito

Na última quinta-feira (21), a
Prefeitura de Goiânia realizou uma Blitz educativa para conscientizar os
motoristas sobre a importância de respeitar as vagas que são destinadas
exclusivamente às pessoas com deficiência. O objetivo principal da ação foi
orientar a sociedade sobre os direitos das pessoas com deficiência ou
mobilidade reduzida.

Com o apoio da Secretaria
Municipal de Direitos Humanos e Políticas Afirmativas (SMDHPA) e Secretaria
Municipal de Trânsito, Transporte e Mobilidade (SMT), a ação reafirmou o
direito da pessoa com deficiência e alertou para a falta de ética dos motoristas
que costumam usar desculpas quando são flagrados estacionados em vagas
exclusivas.

Alertando para os riscos e o
respeito no trânsito, os motoristas foram abordados por agentes e por
servidores da Secretaria de Direitos Humanos, que distribuíram panfletos com
orientações sobre vagas exclusivas. Na definição de Fernando Santana, titular
da SMT, o trânsito só será seguro quando os cidadãos respeitarem as normas
estabelecidas.

O Código de Trânsito Brasileiro
(CTB) estabelece que para estacionar em vagas reservadas os veículos precisam
ter a Credencial de Estacionamento Especial em seu interior. O documento deve
sempre estar em local visível. Além disso, os modelos das credenciais foram
uniformizados pelo Conselho Nacional de Trânsito (Contran) e podem ser solicitados
na SMT. 

(Wilton Morais é integrante do programa de estágio do
Jornal O Hoje, sob orientação de Rhudy
Crysthian)