Shoppings da capital sofrem com lojas vazias

Estabelecimentos tentam driblar dificuldades econômicas e buscam estratégias para atrair público

Postado em: 25-09-2017 às 06h00
Por: Lucas de Godoi
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Estabelecimentos tentam driblar dificuldades econômicas e buscam estratégias para atrair público

Guilherme Araujo*

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Um levantamento da unidade de
shopping, varejo e imobiliário do Ibope Inteligência, dá conta de que a média
da taxa de vacância em todo o país, número de lojas vazias em shoppings
centers, seja de 45%. O Estado de Goiás ainda supera essa média e alcança em
casos mais graves o número de 55% – percentual 10% maior do que o tido como
seguro para especialistas.

A evidência disso está nos
dois maiores shoppings de Goiânia e da região metropolitana da capital. Dados
obtidos pelo O Hoje mostram que a taxa de vacância no Shopping Passeio das
Águas, estabelecimento inaugurado há aproximadamente 4 anos, gira em torno de
29,46%. Ao todo, existem no local 253 lojas, das quais 181 estão em operação.

Quanto ao recém-inaugurado
Aparecida Shopping, promessa para o cenário e dono de expectativas de
prosperidade semelhantes às do Passeio das Águas, o parâmetro é o mesmo – até o
momento, das 100 lojas disponíveis, apenas 70 estão abertas ao público.

Números acima de 5% já seriam
arriscados para o investimento. Porém, os investidores estão cada vez mais
atentos e diversificados, não concentrando suas atrações somente no aluguel de
lojas. Entre as principais atrações e aspectos que direcionariam a atenção do
cliente para o local, o superintendente do Flamboyant, João Ricardo Gusmão
Ladeia, afirma que estão a série de apresentações Flamboyant in Concert (que já
recebeu grandes nomes da música brasileira e neste ano) e o pólo gastronômico,
que conta com opções de restaurantes, redes de fastfoods e até bares variados.

Sustentando esta mesma ideia,
em empreendimentos já bem estabelecidos, mais precisamente inaugurados até
2012, segundo o mesmo levantamento, as taxas podem ser menores, variando entre
7,6% em área e 9,1% em número de lojas.

Nesta semana o Shopping
Bougainville anunciou que fará um investimento de aproximadamente R$ 15 milhões
em várias áreas a fim de que seja feita uma reestruturação, buscando se colocar
novamente entre os melhores do mercado e atraindo maior número de clientes e
engordando a renda dos lojistas.

Devem ser feitas estratégias
de marketing, bem como obras na fachada, no sistema de iluminação e na praça de
alimentação. As medidas englobarão ainda a instalação de um novo sistema de
incêndio e a revitalização de grandes lojas como As Lojas Americanas e a Park Brinquedos.

Classe C

Mesmo apresentando baixa em
alguns aspectos, a classe C continua sendo a parcela da população com maior
número de consumidores. Dados do IBGE mostram que o poder aquisitivo de
trabalhadores com renda entre 4 e 10 salários mínimos – aproximadamente 91,8
milhões de pessoas – só tem aumentado.

Em contrapartida, outro ponto
sem alterações foi o investimento em lojas de alto padrão. O Shopping
Flamboyant, por exemplo, considerado um dos mais tradicionais estabelecimentos
da cidade e o segundo maior em espaço, abriga marcas conceituadas, lojas
geralmente destinadas ao chamado público A.

Graças a este contraste, o
economista Marcelo Camorim chegou à conclusão de que os populares shoppings
centers não seriam para a classe C: “Trata-se de uma análise complexa. É
preciso observar a quantidade de habitantes e o tamanho das cidades e fazer um
cálculo em cima da quantidade de shoppings que se tem. A partir disso você
saberá como funcionará questões de investimento e poderá se pensar no retorno,
o que em casos como o deste estabelecimento, pode não acontecer”, explica.

Contudo, Camorim explica a
popularidade dos shoppings. Segundo ele, isso se dá graças à facilidade e à
pluralidade de opções que dispõem ao consumidor, inclusive, pertencentes a
classes menos favorecidas: “Se você vai ao shopping, encontrará praça de
alimentação, cinema, livrarias, agências bancárias e uma série de outros
programas e utilidades. Dá para passar o dia ali e resolver a sua vida num
piscar de olhos, por isso os shoppings atraem tanto público”, explica.

Ao avaliar os gastos para o
investimento, o especialista afirma que investimentos de grande magnitude não
oferecem retorno imediato. “Quando se faz um investimento pesado,
automaticamente esperam-se grandes retornos”. Para ele, de médio a longo prazo,
automaticamente, as expectativas são maiores. “Nesses casos existe um tempo
para que o shopping se estabeleça e assim se crie uma oferta de lojas com um
público, inclusive, definido, como é o caso de shoppings já tradicionais em
capitais como Goiânia, São Paulo e João Pessoa”.

E-commerce

O que se tem visto nos
últimos anos foi um aumento vertiginoso no número de compras feitas pela
internet. Com o número de sites crescendo proporcionalmente ao de clientes,
Camorim ressalta alguns dos vários motivos que fariam o mercado online sofrer o
que chama de “aumento irreversível”. “Principalmente em se tratando de grandes
centros, a praticidade é o primeiro aspecto a ser levado em consideração. É
muito fácil, rápido e seguro e nós temos constatações de que os sites sérios
são grandes investidores em segurança. Além disso, a entrega é muito rápida e o
preço sem dúvida é compensatório”, explica.

O fator econômico, no que diz
respeito ao investimento tanto das empresas, quanto do consumidor, seria outro
ponto de destaque. Todavia, ainda há resistência. Para ele, consumidores de
centros mais afastados ainda têm receio e preferem ir à loja física conferir o
produto antes de levá-lo para casa.

(Guilherme Araujo é
estagiário do jornal O Hoje, sob orientação de Rhudy Chrystian)

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