Serra da Mesa tem menor nível desde sua formação

*Wilton Morais

A baixa no reservatório Serra da
Mesa já atinge a marca de 7,95% do seu nível total. A marca é histórica e considerada
a mais baixa, desde o início do reservatório. Os dados consultados no Sistema
de Acompanhamento de Reservatórios da Agência Nacional de Águas (ANA) mostrou
que no domingo (24), o reservatório de Serra da Mesa registrou 423,93 m de
cota, ou nível.

A previsão da ANA mostra que até
o fim de novembro, o reservatório possa atingir a marca de apenas 5%, em
Uruaçu. Uma das medidas tomadas pela agência, para garantir que o reservatório
volte ao seu nível de segurança hídrica será a vazão mínima de 300 metros
cúbicos por segundo. A medida deve auxiliar para que o reservatório volte a
atingir ao menos cerca de 30% da sua capacidade, garantindo a segurança.

A queda no nível do reservatório
implica na redução da produção de energia elétrica. A hidrelétrica teria
capacidade de produzir energia para até 7 milhões de pessoas, o que não é
possível com a falta da água. A seca tem sido a pior, já enfrentada nos últimos
20 anos pela bacia. Em setembro de 2009, o lago tinha 53% da sua capacidade
cheia.

Restrições

Apesar da ANA não acreditar que
possa haver racionamento de água nos municípios que dependem da bacia, as
restrições atingem a irrigação, a indústria e a navegação, além da geração de
energia.

Na semana passada, o Operador
Nacional do Sistema (ONS) alertou para o acionamento da bandeira vermelha nas
contas de luz, referente aos meses de outubro e novembro. O anúncio considerou
o agravamento da recessão climática em todo o País. O governo brasileiro também
deve importar cerca de 1 mil Megawatts-médios da Argentina, e já nessa semana o
Governo importa 450 MW-médios do Uruguai.

CORRELATA

Uruaçu muda formato
de turismo, por conta da seca

A Prefeitura de Uruaçu, por meio
da Secretaria de Turismo tem buscado meios alternativos para garantir a economia
da cidade, em meio à seca do reservatório Serra da Mesa. O titular da pasta,
Rogério Pacheco reconheceu que a baixa afeta diretamente o turismo da cidade.
Mas esclareceu que o município tem buscado outros meios para segurar a demanda.

“É um problema que enfrentamos,
com impactos sociais e econômicos. O ramo de turismo acabou sendo afetado. O
lago baixou e apareceu a velha ponte, a chamada ‘ponte velha’, que não deixa de
ser uma atração. Não é o tipo de turismo que queremos, mas as pessoas vão até lá
e pescam nessa ponte que ressurgiu”, afirmou.

Para Pacheco, apesar dos
prejuízos, ainda há movimento turístico considerável na cidade. “Temos buscado
alternativas para atender o mercado local e oferecer alguma coisa para esses
turistas, um exemplo é as cachoeiras, na região da Serra Dourada. O memorial
Serra da Mesa, um dos maiores empreendimentos que resgata quando o lago foi
inundado na época do garimpo, também são atrações”, considerou.

Impacto

De acordo com a Secretaria de
Turismo, a empresa Furnas foi notificada pela Procuradoria do Município de
Uruaçu. “Furnas fechou as comportas aqui no município, não há um escritório
aqui. Queremos dialogar para que eles tenham conhecimento da demanda, e que
eles entendam que a água é de múltiplo uso. Deve ser usada de forma
sustentável. Que possamos fazer um campeonato de pesca esportiva, e que não
ficamos dependendo apenas no nível da água”, esclareceu Rogério Pacheco.

Ao todo, o município questionou a
empresa em 15 itens diferentes. Porém, não houve resposta por completa por
parte da empresa à cidade. “Outras cidade também foram atingidas, são mais de
13, até Minaçu. Propusemos um seminário ambiental, com furnas para uma
audiência pública. Não podemos ficar 20 anos para frente com esse impacto
ambiental, dessa forma”, alertou o secretário de turismo. 

(Wilton Morais é integrante do
programa de estágio do Jornal O Hoje, sob orientação de Rhudy Crysthian)