Há vários anos sem reformas, comerciantes reclamam de abandono do Mercado Aberto

Comerciantes se mobilizam para fazer manutenção e cuidados básicos com o local para receber os clientes

Postado em: 05-02-2022 às 06h40
Por: Redação
Imagem Ilustrando a Notícia: Há vários anos sem reformas, comerciantes reclamam de abandono do Mercado Aberto
Gestora do local há sete anos, Vânia deseja que o espaço seja melhorado e que apresenta ideias de inovação para o lugar | Foto: Pedro Pinheiro

Por Ítallo Antkiewicz

O Mercado Aberto de Goiânia é um centro comercial popular localizado na Avenida Paranaíba esquina com a Avenida Goiás. O mercado aberto foi criado para acomodar os feirantes que comercializam roupas, sapatos, comida, artesanato e artigos eletrônicos no canteiro da Avenida Goiás que, após a revitalização da avenida, não podia comportar os feirantes que foram transferidos para a estrutura coberta na Avenida Paranaíba. 

A feirante Elisangela Nascimento, 44 anos, relata alguns dos problemas enfrentados no local de trabalho. Segundo ela, a varrição é feita pelos próprios feirantes e não há bebedouros. “O responsável pelo local veio apenas uma vez aqui, disse que ia organizar algumas mudanças, até hoje nada feito, estamos aqui em uma estrutura precária, e por isso muitos camelôs desistiram de trabalhar aqui ”, conta.

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A grande maioria dos feirantes que estão no mercado aberto revendem roupas e calçados a preços populares e isso é, normalmente, o que a maior parte da população procura. Detalhe, os banheiros são públicos e muitas vezes estão interditados por que estão com defeitos e são usados como trocador, pois não tem local específico para prova das roupas comercializadas no mercado aberto.

“Esse mercado aberto está precisando de melhorias, está super abandonado, à noite, o usuário de drogas vem para cá, fazem a maior bagunça, quebram as coisas e tudo mais, está totalmente abandonado, precisamos de ajuda da prefeitura, pago meus impostos em dia, e nada é feito”, afirma a comerciante Luciana Lima de 42 anos.

A supervisora do Mercado Aberto, Vânia Maria Alves, conta que é uma grande responsabilidade administrar um centro de compras tão importante. “Às vezes precisamos contornar situações conflituosas, além de organizar o espaço para os novos feirantes de acordo com as bancas e com o produtor a ser comercializado para não prejudicar o feirante já fixado”, ressalta.

Gestora do local há sete anos, Vânia deseja que o espaço seja melhorado e que apresenta ideias de inovação para o lugar. “Sempre ouço as demandas dos feirantes. Depois de algum tempo trabalhando com eles, acabei me envolvendo”, conta.

Um dos primeiros comerciantes do Mercado, Valdir Luiz, 44 anos, tem uma banca no local desde 2003. “Uma das necessidades aqui para nós, sem dúvida alguma, é que precisamos de algum responsável para cuidar dos banheiros e da estrutura, um supervisor fiscal, é o que precisamos com urgência, pois aqui nós mesmos que cuidamos do improviso”, afirma Valdir.

Para ele, a localização do centro de compras é muito boa, por ser um ponto de referência importante do centro da cidade. “Apesar da crise econômica que refletiu em nossas vendas, de modo geral é muito bom trabalhar aqui. Trabalhar no mercado é o desafio de transformar uma oportunidade em resultado positivo como feirantes e empreendedores”, diz.

A comerciante Marly Eugênia, 61 anos, começou vendendo em uma caixa de sapato de porta em porta, onde conseguiu um espaço na avenida Goiás, mas acabou sendo transferida para o mercado aberto “No começo era muito bom, tudo muito organizado, mais de uns anos para cá, foi ficando cada dia pior, sem organização alguma da parte da prefeitura, não tem ninguém para cuidar desse lugar, nós comerciantes aqui do local que revezamos na limpeza de tudo por aqui, sem falar quando chove que molha tudo, e todas as nossas mercadorias”, afirma Marly 

Já Marlene Barbosa, 50 anos, comerciante há 20 anos “Aqui o lugar era maravilhoso, mas começou a ficar precário, hoje nós queríamos ter a oportunidade de falar com o prefeito, para pedir ajudar, mas não temos essa chance e fica por isso mesmo, pois quem pode fazer alguma coisa não faz, aqui os banheiros fazem dó, até os clientes reclamam”, conta.

Em nota, a Prefeitura de Goiânia, por meio da Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos (Seinfra) e Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Trabalho, Ciência e Tecnologia (Sedetec), o mercado aberto passou por reformas em 2019 e está no meio dos novos projetos que serão analisados e estudados para trazer melhores condições para os comerciantes e lojistas. Segundo o secretário municipal de Infraestrutura, Dolzonan da Cunha Mattos, a iniciativa visa oferecer conforto e segurança nas instalações para quem utiliza o espaço.

Mercado Aberto carrega tradição do comércio popular na capital

Inaugurado em 2003, o Mercado Aberto é um dos maiores complexos de comércio popular de Goiânia. Localizado na Avenida Paranaíba, o centro comercial já foi um dos espaços mais disputados do comércio informal da capital, com diversos tipos de produto. A ideia do Mercado Aberto surgiu a partir do Programa de Revitalização do Centro de Goiânia. Amparado pelo Plano Diretor, o objetivo deste programa era realizar mudanças para resgatar a história da capital.

Nesse contexto, uma das ações foi a retirada dos vendedores ambulantes que ocupavam a Avenida Goiás. Para alocar esses trabalhadores em outro lugar, foi elaborado o projeto do Mercado Aberto da cidade. As obras começaram em julho de 2003 e o espaço foi entregue à população em outubro do mesmo ano.

A área escolhida para abrigar o projeto é formada pelas ilhas da Avenida Paranaíba, entre as Ruas 68 e 74, espaço localizado à direita e à esquerda da Avenida Goiás, sendo um denominado de Canteiro 1 (entre a Rua 74 e Avenida Goiás) e o outro de Canteiro 2 (entre a Avenida Goiás e a Rua 68). As áreas são de 4.593,69 m² e 4.591,34 m² respectivamente, totalizando 9.185,03 m² de área, divididos em seis áreas (A, B, C, D, E e F).

Para a implantação do Mercado Aberto, foi feito o replantio de 40 mudas de árvores de diversas espécies entre as Ruas 68 e 74. O objetivo era proporcionar uma nova arborização, compatível com as características do ambiente urbano, compondo o projeto paisagístico da Avenida Paranaíba. Hoje, o local tem 170 bancas, mas já chegou a ter mais de 1,4 mil. Nos corredores, os principais produtos encontrados são artigos de confecção e acessórios, principalmente femininos.

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