Comerciantes goianos sentem no bolso alta da inflação e queda nas vendas

Na Capital, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo de janeiro atingiu 0,74%

Postado em: 12-02-2022 às 08h23
Por: Maiara Dal Bosco
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Na Capital, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo de janeiro atingiu 0,74% | Foto: reprodução

Em Goiânia, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de janeiro atingiu 0,74%, a maior alta para o mês desde janeiro de 2016 (1,20%), segundo dados divulgados na última semana pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Pelas ruas da Capital, não é preciso andar muito para encontrar exemplos do impacto que o aumento da inflação teve nas vendas e no bolso do consumidor. A reportagem andou pelo Centro de Goiânia e conversou com diversos lojistas, que apontaram que a recuperação do comércio, que já era lenta, ficou mais difícil nos últimos dias.

É o caso de Gizelia Trindade, que trabalha em uma loja de enxovais, conta que o movimento está fraco nas últimas semanas. “O comércio varejista tem sentido o impacto, os itens estão aumentando muito e as pessoas têm questionado os preços. Mesmo assim, muitas não deixaram de procurar as coisas que precisam para o dia a dia”, destaca. Para ela, o fato de ainda estarmos no começo do mês também pode interferir nas vendas. “Em começo de ano vêm férias, impostos, acaba que isso atinge o nosso segmento, diferentemente do que acontece com papelarias e compra de material escolar nessa épica”, ressalta.

Com o aumento da inflação, ela pontua que também tem adotado estratégias para economizar no orçamento doméstico. “Comprar apenas o necessário, mesclar bastante, aproveitar ao máximo o que você tem em casa, porque às vezes acabamos gastando mais do que precisamos”, afirma. “Hoje, penso duas vezes antes de realizar uma compra. Também prefiro comprar à vista, procuro evitar compras parceladas e esperar para comprar, quando é possível”, afirma Gizelia.

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A vendedora Eva Lemos também relata ter percebido diminuição nas vendas. “As vendas caíram bastante porque os preços estão aumentando cada dia mais, e com tantos gastos, as pessoas falam que têm que economizar porque não sabem o que vai acontecer nos próximos dias”, pontua. Ela destaca que as pessoas estão pensando mais para comprar. “As pessoas que têm mais condições estão segurando, preferindo comprar o que é mais necessário”, avalia.

Para a vendedora, o aumento da inflação também refletiu no orçamento doméstico. Ela conta que sentiu muita diferença nos preços, principalmente nos alimentos. “Tenho uma filha, então itens como leite, arroz, óleo, estão com preços absurdos. Minha prioridade é a nossa alimentação, o restante vamos equilibrando, já que o salário aumentou mas tudo também quase dobrou de preço, então muita coisa não compensa”, destaca.

Para não ficar com as contas no vermelho, ela conta que é preciso estratégia e controle. “O nosso dinheiro está valendo menos. Antigamente íamos ao supermercado com R$ 50,00 e saíamos com muitas sacolas. Hoje, saímos com duas, no máximo três sacolas. A diferença é muito grande”, avalia Eva.

Já para o empresário Allan Tavares, a saída para aquecer as vendas é investir no próprio negócio, especialmente no digital. “O movimento de rua não é tão grande quanto já foi. Hoje mesmo está parado. Investir no online, sem dúvidas tem ajudado bastante”, afirma.

O empresário revela que muitos clientes têm se queixado sobre falta de dinheiro e aumento dos preços e que, para quem é comerciante, o maior desafio tem sido segurar o reajuste dos preços para o consumidor. “O jeito é colocar tudo na ponta da caneta, se programar, e não gastar demais”, afirma Allan.

Entenda

De acordo com dados do IBGE, além de o IPCA ter atingido 0,74% em janeiro, o índice acumulado nos últimos doze meses atingiu 11,32% em Goiânia. Os dados apontam ainda que, no Brasil, a inflação desacelerou para 0,54% em janeiro, após ficar em 0,73% em dezembro. Esse também foi o maior resultado para o mês de janeiro desde 2016 (1,27%). Nos últimos 12 meses, o indicador acumula alta de 10,38%.

Na Capital, a alta do mês se deu principalmente pelo aumento no preço do Veículo Próprio, que subiu 0,94% em janeiro, décima sexta alta consecutiva. Outro item de forte peso na cesta de compras das famílias abrangidas pela pesquisa são os Combustíveis, que variaram 0,44% no primeiro mês de 2022. O item Carnes, que já havia subido 3,53% em dezembro, continua subindo em janeiro (3,15%) e já acumula alta de 12,22% nos últimos 12 meses. Além disso, em Goiânia, houve aumento de 1,46% nos Produtos Farmacêuticos, de 0,93% no Aluguel residencial, de 2,38% no Óleo Diesel, de 0,59% na Gasolina e de 0,42% na Energia Residencial.

O IBGE revelou ainda que, com relação aos grupos pesquisados, todos apresentaram variação positiva em janeiro de 2022. O destaque ficou para o Vestuário (1,59%), que acumula alta de 4,58% nos últimos doze meses; para Alimentação e Bebidas (1,48%), com crescimento de 9,17% nos últimos doze meses; para Saúde e cuidados pessoais (1,14%); e Despesas Pessoais (0,75%).

Neste cenário, Goiânia apresentou a quinta maior variação entre as áreas pesquisadas, após fechar o ano de 2021 como a quinta menor variação (0,58%). As altas foram influenciadas também pelos preços de alimentação e bebidas (1,48%), como a batata-inglesa (22,96%) e o tomate (16,83%). (Especial para O Hoje)

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