Agricultura familiar garante produção

Ecoturismo atraí olhares de visitante e um novo rumo para o mercado de produção de uvas

Postado em: 07-10-2017 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Ecoturismo atraí olhares de visitante e um novo rumo para o mercado de produção de uvas

Wilton Morais* 

A vinícola está em Itaberaí há praticamente 20 anos. A produção de Anir Rázia é realizada ao menos duas vezes no ano e as variedades são incontáveis. A diversidade da produção vai muito além do vinho convencional. “Temos produção de suco integral, vinho colonial, produção da polpa da uva e começamos a trabalhar com o ecoturismo. O nosso mercado é bem regional, mas já foi procurado por mercado de outros estados também”, disse o produtor. 

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A produção de uvas em Goiás ainda é pequena, se comparada ao extenso território. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), referente ao ano passado, apontam que apenas 14 municípios goianos realizaram a colheita do fruto. Itaberaí foi um desses, e um dos seus produtores assegura que o desafio é grande. 

“Há um desafio muito grande, concorremos com produtos importados. Mas para o goiano, ainda temos certo apego aos produtos da nossa região. E conseguimos então equilibrar o nosso produto, para que ele se mantenha bem competitivo”, avaliou Anir Rázia ao considerar a preferência regional. 

Solo

De acordo com o produtor, o solo em Goiás e o clima tem favorecido a produção, ano pós ano. “A competição está sendo de igual para igual. Em nossa vinícola, a área é de 15 hectares. Em todo o ano, conseguimos produzir cerca de 280 toneladas de uva”, disse.

A produção apresenta seus resultados na colheita, entre os meses de julho a novembro. Para o produtor, em final de safra, o resultado tem sido positivo. “O clima tem estabilizado a produção, a cada ano temos mantido a produção ou aumentado um pouco. Não temos chuva de granizo, então as últimas uvas estão amadurecendo agora. Quem consegue telas mais tempo nos pés consegue um número maior na colheita”, avaliou. 

Produção 

Anir relata que atualmente a uva agrega muito valor em uma área produzida. E permite que pequenos produtores invistam em outros tipos de produção. “O fruto requer muita mão de obra, e ajuda o homem do campo a permanecer em sua terra. Pequenos proprietários, por exemplo, se tornam um grande produtor de leite, porque a uva envolve muito a agricultura familiar”, relatou. 

Considerando o contexto, o produtor alega ser mercado viável. “Atualmente temos oito funcionários diretos, e outros cinco temporários apenas na época de safra. O maior desafio é saber que geração continuará o trabalho. É uma questão geral da agricultura familiar. A mais de 100 anos, a cultura chega a produzir na região sul, em Goiás temos apenas 50”, considerou. 

Ecoturismo 

De acordo com o produtor, o ecoturismo tem permitido a maior interação da produção com o consumidor. “Estamos recebendo muitas pessoas, escolas de agronomias e outras. E uma coisa muito promissora que permite o goianiense receber maior contato com as uvas, com o vinho. A produção do suco, e conhecer a novidade”, considerou Anir.

Na vinícola de Anir, cerca de 25 a 30 pessoas, realizam visitas por dia. Nos finais de semana o ecoturismo permite a presença de até 120 pessoas. “Cobramos hoje R$ 40 por pessoa, e depois de conhecer a vinícola, ela conhece a indústria e seus produtos”. 

Pesquisa da UFG deve indicar ciclo produtivo da uva em GO 

O pesquisador, doutorando da Escola de Agronomia da Universidade Federal de Goiás (UFG) e produtor agrícola, Luiz Fernandes, tem desenvolvido uma pesquisa que deve indicar os ciclos produtivos de novas mudas de uva em Goiás. Em específico, as mudas Isis, Núbia e Vitória. Conforme Luiz, a pesquisa poderá apresentar novos passos para a produção no Estado. 

“Fazendo analise poderemos conhecer o ciclo, desde a poda até a maTuração do fruto. Assim será possível planejar a época de poda, e colheita para fugir do período de chuva. Além de avaliar a poda e o enxerto, para indicar de acordo com a variedade, o que o produtor deve plantar. Até o momento, estamos com um resultado satisfatório e já estamos tendo a primeira colheita.”, explicou. Na universidade há uma plantação de cerca de um ano, utilizada na pesquisa. 

Conforme o especialista, a uva se adapta a vários tipos de solo. “Para isso precisamos fazer a adaptação e correção do terreno. Em Goiás, por exemplo, temos um solo muito acido. É preciso aplicar calcário, fertilizantes para que possamos plantar tranquilamente”, considerou. 

Produção

De acordo com Luiz, Goiás possui vários pontos positivos na produção de uva. “Temos um clima quente, o que permite duas safras por ano”, assegurou. A primeira colheita acontece no período de seca, e a outra na poda de renovação da uva, ou poda de formação da planta. “Diferente da região sul, onde há apenas uma safra, por conta do frio. Na região tropical são duas safras”, explicou.

Entre os problemas da produção, o pesquisador aponta a falta de mão de obra qualificada. “Ainda falta informações técnicas, sobretudo. Além da incidência de doenças na planta, como míldio – um fungo que ataca a folha, flores e o fruto, responsável por causar a morte dos florais e impedir a produção de uvas. Com as folhas caindo, a planta faz menos fotossínteses, perdendo o seu vigor,” ressaltou. 

Economia 

Para a economia do Estado, Luiz destaca que falta tradição, o que deixa o crescimento do mercado lento. “Além de que, o investimento deve ser muito grande no custo para plantio. Utiliza-se muitos postes, e arames o que eleva o preço de implantação da cultura”, pontuou. 

Em termos de retorno econômico, Luiz considera ser bastante viável. “Em um hectare é possível atingir 20 toneladas de fruto. E o seu preço por quilo pode variar dependendo da região. Atualmente temos dois polos em Goiás, que são Paraúna e Itaberaí”. (Wilton Morais é integrante do programa de estágio do Jornal O Hoje, sob orientação de Rhudy Crysthian) 

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