Cresce número de adultos em busca de concluir estudos

Em Goiás, cresceu em quase 20% as matrículas no EJA neste ano

Postado em: 09-10-2017 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Em Goiás, cresceu em quase 20% as matrículas no EJA neste ano

Mesmo com a queda do número de escolas que oferecem o Educação de Jovens e Adultos (EJA) no Brasil – o Censo Escolar de 2016 apontou para uma redução de 26,8% -, em Goiás cresceu o volume de matrículas na modalidade. Neste ano, são mais de 71 mil matrículas ante a 60 mil no ano passado de acordo com a Secretaria Estadual de Educação, Cultura e Esporte (Seduce).  O crescimento revela o aumento do interesse pelos estudos por pessoas que não puderam concluir a escolaridade na idade escolar adequada, até os 18 anos.

Os dados ressaltam a importância de iniciativas de empresas que levam a educação para dentro dos muros das companhias. Uma construtora em Goiânia oferece o EJA desde 2011 por meio de programa nacional Escola Nota 10. O projeto é realizado em parceria com o Serviço Social da Indústria (Sesi) e da Federação das Indústrias do Estado de Goiás (FIEG).

Entre os últimos formandos está o servente Jhonathan de Araújo Silva, 22 anos. Por dois anos, ele trabalhou durante o dia e assim que terminava o expediente na obra se arrumava para começar a segunda jornada do dia: os estudos. “É muito cansativo e é preciso ter muita força de vontade. O cansaço no fim da jornada de trabalho é grande, mesmo assim eu nunca pensei em desistir”, revela Jhonathan. E, para o servente, esta foi apenas mais uma etapa de muitas que ele ainda pretende enfrentar. “Quero ainda fazer uma faculdade, me formar e conseguir uma posição melhor na vida, como forma de agradecimento pela oportunidade que me deram”, conclui.

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Ele conta que parou de estudar aos 16 anos de idade e que se arrepende de não ter voltado antes para a escola. “Eu me arrependo muito de ter parado de estudar, mas foi uma necessidade familiar, tinha de trabalhar para ajudar nas despesas de casa. Eu achei que jamais teria outra oportunidade na vida e hoje, além de um emprego, agora vou ter também o meu diploma”, conta emocionado.

Hebert Pereira da Silva, 31 anos, também está entre os concluintes do segundo grau. Ele era servente quando começou a trabalhar na construtora e, depois de ter reiniciado os estudos, conta que já subiu de cargo duas vezes. “Eu parei de estudar no 1º ano do Ensino Fundamental quando eu tinha 18 anos. Parei para trabalhar, mas hoje eu vejo que não fiz uma boa escolha. Se eu pudesse voltar eu não teria parado os estudos”, revela Hebert, que atualmente exerce a função de auxiliar de almoxarife.

O operário já percebeu como uma melhor qualificação escolar pode fazer a diferença para sua carreira profissional, e diz que não pretende parar no ensino médio. “Já vi um curso de graduação para eu fazer quando terminar os estudos aqui. Quero ser engenheiro. Gosto de estar nesse ambiente de obras”, afirma.

O projeto Escola Nota 10 tem como objetivo democratizar o acesso às tecnologias da informação, de forma a permitir a inserção dos trabalhadores na sociedade da informação via cursos de alfabetização/capacitação. O projeto conta com a parceria pedagógica do Serviço Social da Indústria (Sesi) e da Federação das Indústrias do Estado de Goiás (FIEG).

Desde 2011, a MRV Engenharia já implantou mais de 170 escolas de alfabetização, inclusão digital e ensino regular em seus canteiros. O projeto é desenvolvido em todos as 148 cidades de 22 estados onde a empresa atua.

“É uma satisfação enorme formar mais um grupo de trabalhadores que graças ao projeto puderam concluir seus estudos. Esse projeto também é fundamental para a qualificação dos nossos profissionais e, consequentemente, isso agrega ainda mais qualidade a nossas obras”, afirma o diretor executivo da empresa, José Luiz Meireles. 

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