Segunda-feira, 01 de julho de 2024

Goiás se destaca em reconstrução óssea

Wilton Morais*  A técnica de reconstrução óssea tem crescido em no Brasil, desde os anos 80. Quando o procedimento chegou ao país.

Postado em: 09-10-2017 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
Imagem Ilustrando a Notícia: Goiás se destaca em reconstrução óssea

Wilton Morais* 


A técnica de reconstrução óssea tem crescido em no Brasil, desde os anos 80. Quando o procedimento chegou ao país. Daquele ano, até os dias atuais, o Estado de Goiás também tem se tornado referência no tipo de procedimento. Apenas na Capital, é estimado que aconteça mais de 10 procedimentos semanais, com cerca de seis especialistas cadastrados na Sociedade Brasileira de Ortopedia. 

Continua após a publicidade

O médico Alano Ribeiro de Queiroz Filho, formado em 2005 pela Universidade Federal de Goiás (UFG), com especialidade em ortopedista e construção e alongamento ósseo, concedeu entrevista ao Hoje, para esclarecer dúvidas comuns quanto ao procedimento.  


É comum esse tipo de operação em Goiás?

Sim, nessa área trabalhamos com deformidade de crianças congênitas que nascem com o membro menor do que outro. E tem que haver o alongamento do membro para corrigir a discrepância. Lá no CRER desenvolvemos esse tipo de operação toda semana. Trauma, há muitos pacientes que quebram uma perna e ficam menor do que a outra, e temos que alongar esses membros. Então, o Hospital das Clinicas (HC-UFG) e o CRER são referências para Goiás. O alongamento estético também já está começando agora, e estamos fazendo no Estado.

Há algum dado que aponte o número de procedimentos cirúrgicos realizados em Goiás?

Semanalmente, considerando convênios, Hospital das Clinicas, o CRER; deve ser realizada em média 10 cirurgias semanais. Nessa área, temos seis a oito especialistas ativos em Goiás, esses ligados na Sociedade Brasileira de Ortopedia. 


Quem pode ou não realizar essa cirurgia? Quais são as indicações e restrições?

A primeira indicação é: absoluta de alongamento. Quando um membro está maior que outro há a indicação médica. Já no alongamento estético, depende do desejo da pessoa e quanto ela sofre por ter uma estatura baixa. Pessoas que possuem uma idade avançada, que são fumantes, diabéticos ou alcoólatras; aconselhamos a não realizar o procedimento. Isso, devido ao alto índices de complicação, como deformidade. Quando realizamos o alongamento, é necessário criar um osso novo, o regeneramento ósseo. Ou seja, não produzir organismo, ou o osso novo pode ser a principal complicação para o paciente. Além disso, a infecção óssea está sempre associada. 


O quadro do paciente que persiste em fazer a cirurgia, sem a recomendação pode ser piorado?

Há casos, o profissional que fará a cirurgia precisa ter experiência. Porque, se for preciso fazer uma intercorrência, são tratáveis. O profissional que faz esse alongamento precisa saber como tratar as complicações. Que neste caso serão reversíveis. 

O que acontece nos pós e pré operatório?

Para fazer a reconstrução óssea, a gente utiliza de ferramentas que são os fixadores externos. Eles vêm por fora do osso. Realizamos o corte do osso e diariamente realizamos o alongamento progressivo de numa taxa de 275, a um milímetro por dia. O paciente faz isso em casa, orientado pelo médico. O alongamento depende do tamanho necessário para alongar. Para alongar cinco centímetros, por exemplo, com um milímetro por dia. Você irá gastar 50 dias para alongar, mais três vezes esse período para que o osso criado fique maduro. Seria então para os cinco centímetros, algo entorno de 200 dias. Esse seria o prazo de alongar e ter a formação do osso maduro. 

É claro, no pré operatório orientamos uma dieta, o estado nutricional da pessoa para colocá-la com a saúde ok. Orientamos que pode haver alguma dor no procedimento, e que a pessoa deve estar preparada para usar o fixador externo. Porque muitas pessoas não estão preparadas para ter um artefato na perna ou na coxa. 


Como é a vida do paciente após a operação, e o repouso. Esse paciente pode se tornar um atleta, ou realizar outros exercícios físicos?

Após a cirurgia já orientamos uma fisioterapia, em sequência. Logo após a retirada do fixado o paciente já faz a reabilitação fisioterápica e depois de fortalecimento muscular. Estando o osso normal, a pessoa pode fazer a atividade que desejar. Depois da retirada do fixador, a pessoa fica sem realizar atividades físicas de impacto por uns seis meses. Após isso, o paciente está liberado. 


Em Goiás, qual o perfil das pessoas que fazem esse procedimento?

Há poucas cirurgias estritamente estéticas. Muitos paciente que alongam aqui, realmente possuem uma baixa estatura, genética ou de falha de movimento. Os pacientes que fizeram por causa de uma questão estética, que já possuíam altura de 1,70 m ou 1,78 m; consideradas normais, estavam insatisfeitos por não se sentirem bem com essa altura. Não se viam bem, em relação aos irmãos e amigos. Ou seja, o problema é individual. É complicado convencer uma pessoa que possui 1,68 m, de que ela seja normal. É uma cirurgia que nunca indico, o paciente é quem solicita. 

Alguma consideração, a respeito da reconstrução óssea?

É um procedimento que está começando. Tem que ser visto de maneira séria para que não se banalize. Esse procedimento foi iniciado com ajuda de milhares de pessoa pelo mundo, corrigindo principalmente deformidade e dismetria. A possibilidade do alongamento estético é possível para ajudar algumas pessoas, mas que não deve de maneira nenhuma se tornar um procedimento banal. (Wilton Morais é integrante do programa de estágio do Jornal O Hoje, sob orientação de Rhudy Crysthian) 

Veja Também