Comércio antecipa Natal

Varejo aposta no clima antecipado do Natal para engrossar o faturamento

Postado em: 09-10-2017 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
Imagem Ilustrando a Notícia: Comércio antecipa Natal
Varejo aposta no clima antecipado do Natal para engrossar o faturamento

Marcus Vinícius Beck*

Continua após a publicidade

Algumas lojas já estão enfeitadas para o período natalino. No Setor Bueno, pessoas entravam e saíam de um shopping. Todas seguravam sacolas que continham enfeites para as festividades do dia 25 de dezembro. “A procura aqui é grande, principalmente nos últimos dias”, relata a vendedora Jane Carla, 38, que trabalha em uma loja de utensílios natalinos há pouco mais de um mês. Segundo ela, o movimento aumentou consideravelmente entre a última semana de setembro e a primeira de outubro. 

“Eu estou trabalhando há um mês neste ramo, e nunca tinha visto um movimento dessa magnitude”, declara Carla. “Outro dia, uma família levou uma árvore de Natal inteira”, diz a vendedora. Já a gerente Ângela Bacellar, 51, conta que todo ano sua loja tem a tradição de adiantar o varejo natalino, e a iniciativa vem dando certo para seu negócio. De acordo com Bacellar, seus maiores clientes são empresas que buscam ornar o ambiente de trabalhando. 

No âmbito do consumidor, a geógrafa Andréia Cristina Tavares, 44, não perde a chance de decorar sua casa com itens característicos do Natal. Além disso, ela afirma que é importante entrar no espírito natalino, pois a data simboliza algo que está presente na cultura e na formação histórica do Brasil – de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 86,8% da população brasileira é cristã. 

“Na verdade, todo ano eu vou à casa da minha mãe para passar o ano novo com ela”, detalha a geógrafa, dizendo que sempre presenteia a mãe com algum utensílio que encontrou nas lojas da capital. “Ela fica toda empolgada com os presentes, e no Sul do País, onde mora, o preço dessas coisas geralmente é bem alto. Então, para ela não gastar tanto, eu levo algumas coisas daqui”, diz Tavares. 

Essa demanda antecipada por produtos natalinos, de acordo com o economista Marcus Antônio Teodoro, aquece a economia, pois muitas pessoas estão com o 13° salário e as férias em mãos. “O comércio na época do Natal é uma injeção de ânimo na economia”, pontua Teodoro. 

Segmentos

O vestuário é um dos setores que crescem no período natalino. Especialistas dizem que o vestuário é um dos segmentos mais democráticos, uma vez que engloba desde a famosa lembrancinha até o comércio de marcas, geralmente mais caro. Se isso está presente nas vendas, automaticamente acaba replicando no emprego, demandando mão de obra em dezembro. 

Outro setor que deve concentrar maiores volumes é o hiper e supermercados, que corresponde por 30% do varejo e foi afetado positivamente neste ano pelo dólar baixo e pelos preços em queda dos alimentos. Segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviço e Turismo, além dos grandes empregadores do varejo, que concentram aproximadamente 42% da força de trabalho do setor, vestuário, hiper e supermercados costumam responder, em média, por 60% das vendas no período natalino. 

Nos denominados anos bons, como 2010 e 2014, quando o comércio varejista estava indo de vento em popa, mais de 30% dos empregos temporários acabaram sendo contratados. Todavia, nos últimos dois anos, as vendas caíram, resultando em queda no total de 10% no Natal, o que representou que a taxa de efetivação não chagasse a 15% das vagas temporárias. 

Para esse ano, porém, a CNC estima que a taxa de concentração chegue na casa dos 27%. Acredita-se também que o salário de admissão dos temporários estacione na casa dos R$ 1.191, com elevação de 7,1% em termos nominais, na comparação com os valores do mesmo período do ano passado. 

Comércio

Quem está desempregado tem motivo para ficar alegre. Neste época, pelo menos 73 mil pessoas serão contratadas pelo comércio brasileiro para as festas de fim de ano. A alta, comparado com o mesmo período do ano passado, representa aumento de 10% no número de contratações. 

Justifica-se que o quadro de inflação em baixa, juros em queda, retomada gradual do emprego e confiança das famílias contribui para que a CNC estipule aumento de 4,3% para as vendas do comércio varejista brasileiro no Natal, o que equivale à movimentação financeira de R$ 34,3 bilhões até dezembro. 

Somente neste ano, o CNC trabalha com estimativa que gira em torno de 2,2% nas vendas do comércio nacional. Nos últimos cinco meses, as vendas aumentaram na comparação com o mesmo período do ano passado. (Marcus Vinícius Beck é estagiário do jornal O Hoje, sob orientação de Rhudy CrystHian) 

Região da 44 deve receber 3 milhões de turistas 

Maior movimentação é comemorada por lojistas e também por donos e administradores de hotéis na região que já registram aumento de 20% na taxa média de ocupação. Estabelecimentos fazem contratações temporárias para receber maior número de hóspedes

O Natal já começou para muitos lojistas do Polo comercial da Rua 44. É que desde a segunda quinzena de setembro o fluxo de compradores na região se intensificou. A expectativa da Associação Empresarial da Região da 44 (AER44) é de que cerca de três milhões de turistas passem pela localidade.

“É nessa época que os atacadistas vindos de várias partes do Brasil visitam com mais frequência a nossa região, visando montar estoque para as compras de fim ano em suas cidades”, explica o presidente da AER44, Jairo Gomes. Segundo ele, só no último fim de semana foram mais de 120 ônibus com turistas, mas para as próximas semanas esse número deve subir para 200.

Hotéis

Essa maior movimentação de pessoas é comemorada, não só pelos lojistas, mas também por os donos e administradores de hotéis da região, que começam a registrar um aumento de 25% a 30% na sua taxa de ocupação. Ao todo, são mais de cinco mil leitos oferecidos só na região da 44.

De acordo com o gerente geral do Mega Moda Hotel, Galileu Pereira, já no mês de setembro foi registrado um aumento de 15% na taxa média de ocupação em relação aos meses de agosto, julho e junho. “A tendência é de que tenhamos neste mês de outubro um crescimento de 30% nos grupos de compras. E em novembro, quando é a reta final das compras dos atacadistas, tenhamos um aumento de 40% nesses grupos”, explica Galileu. O Mega Moda é um dos maiores da região, com 410 leitos, e atualmente está com uma taxa de ocupação de quase 60%.

Para os três últimos meses do ano, Lauro Naves, gerente do hotel anexo ao Shopping 44, com 300 leitos, a expectativa é de um aumento entre 20% e 25% na taxa média de ocupação. “Percebemos também que está havendo um aumento no tempo de permanência no hotel. Antes, a movimentação se intensificava a partir das quartas-feiras, mas desde setembro os grupos de compra chegam na quinta-feira e ficam até sábado.  Antes os turistas chegavam na quinta e no sábado pela manhã faziam seu check out, hoje eles já chegam na quarta-feira, ou seja, são mais turistas que estão ficando mais tempo ”, conta Lauro Naves


Empregos temporários

Para dar conta dessa maior movimentação de turistas algumas galerias e hotéis estão fazendo contratações temporárias para serviços de manutenção, segurança e hotelaria.

Segundo Lauro Naves, recentemente foram contratados cinco funcionários para as áreas de limpeza e segurança. “Contratamos duas pessoas para reforçar os serviços de limpeza no hotel e no shopping e outras três para o trabalho de segurança. Num levantamento interno com nossos lojistas apuramos cerca de 50 vendedores temporários devem ser contratados”, revela.

Galileu Pereira, gerente geral do Mega Moda Hotel, revela que para os meses de outubro e novembro haverá reforço de pessoal na segurança e no serviço de hospedagem. “No mês de novembro sempre trabalhamos com camareira extras, que trabalham como temporárias”, explica o gerente geral. 

Veja Também