Envelhecimento da população gera alta no custo de planos de saúde, diz ANS

Até 2060, a faixa etária com 80 anos ou mais somará 19 milhões de pessoas, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)

Postado em: 09-10-2017 às 11h10
Por: Márcio Souza
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Até 2060, a faixa etária com 80 anos ou mais somará 19 milhões de pessoas, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)

A expectativa de envelhecimento
da população brasileira e o aumento dos custos médicos devem elevar os valores
dos planos de saúde até 2030, de acordo com Leandro Fonseca, diretor-presidente
da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). O assunto foi debatido hoje (9)
no Fórum da Saúde promovido pela Câmara Americana de Comércio para o Brasil
(Amcham), na capital paulista.

Até 2060, a faixa etária com 80
anos ou mais somará 19 milhões de pessoas, segundo o Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE). A ANS calcula que um em cada quatro brasileiros
tem plano de saúde, o que movimentou R$ 160 bilhões em 2016. O setor realizou
mais de 1 bilhão de procedimentos médicos no ano passado.

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Para Leonardo Paiva, chefe de
gabinete da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o Brasil passará
pela transição demográfica antes de se tornar um país desenvolvido, o que
aumentará o desafio. “Teremos a mudança de doenças infecto-contagiosas para
doenças crônicas [comum à terceira idade]. As indústrias [farmacêuticas] estão
se movendo para isso. Hoje, 40% dos novos registros de medicamentos são para
oncologia”, declarou Paiva.

Judicialização

Para o chefe de gabinete da
Anvisa, o Sistema Único de Saúde (SUS) precisa se preparar para o aumento de
gastos com medicamentos voltados à população mais madura, que sofre com doenças
crônicas. Ele prevê elevação do número de decisões judiciais obrigando o Estado
a custear medicamentos o que, atualmente, é predominante entre doenças raras.
Em 2015 e 2016, foram gastos R$ 1 bilhão ao ano com os dez medicamentos mais
solicitados por meio da Justiça.

Outra questão apontada pelo
diretor da ANS é a falta de gestão de saúde adequada entre as operadoras dos
planos. O país tem 900 operadoras, sendo que 125 delas respondem por 80% dos
beneficiários. Segundo ele, os consumidores realizam muitos exames sem
necessidade por falta de orientação.

No país, a saúde suplementar faz
132 exames de ressonância magnética por mil habitantes, média muito elevada.
“Há um desperdício enorme de recursos porque os usuários do sistema não são
orientados a transitar pela rede. As soluções são uso consciente do consumidor
e a reorganização da rede”, disse.

Risco sucessório

As operadoras de saúde que entram
em processo de desequilíbrio econômico raramente são adquiridas por outras
organizações, devido aos riscos sucessórios tributário e trabalhista. Fonseca
explica que, diante das dificuldades, as operadoras passam a deteriorar seus
serviços e a perder as melhores prestadoras.

“Não tem uma alternativa
saudável, no âmbito jurídico, para que [a operadora] seja adquirida. Ela vai
deteriorando o serviço dela num processo que pode levar seis anos. Apenas em
20% dos casos, elas se recuperam e conseguem retornar ao mercado”, esclarece Fonseca.

Fonte: Agência Brasil. Foto:
Reprodução  

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