Adolescentes infratores cresce 38% no Brasil

Marcus Vinícius Beck*

Uma adolescente de 17 anos atirou contra a proprietária de um veículo no último sábado (7), em Goiânia. Câmeras de segurança registraram a ação da menina e de seu comparsa, de 18 anos. Ela, que é líder de uma quadrilha especializada em roubo de veículos na Capital, aparece atirando contra a mulher, que chegou a sobreviver após ser alvejada. Três dias antes, na quinta-feira (5), ambos também chegaram a roubar um carro de um delegado, em Goiânia. 

Segundo a Polícia Militar (PM), a menina e seu namorado cometeram o crime de tentativa de latrocínio – que consiste em roubo seguido de morte – e são responsáveis por pelo menos quatro roubos a carros na última semana. Para a PM, os criminosos, sobretudo a adolescente, são pessoas perigosas, pois os crimes que cometeram tratam-se de uma tentativa de latrocínio, uma vez a menor chegou a disparar contra a vítima. 

Dias antes, na última quinta-feira (7), a adolescente e o namorado preso roubaram o carro de um delegado. O crime também foi registrado por câmeras de segurança. Eles chegaram em um carro branco, desceram e renderam a vítima logo em seguida. Um dos criminosos chega a agredir o investigador, mas a menina assume a direção do veículo, já o comparsa entrou pelo lado do passageiro e os dois conseguiram fugir. 

Deste modo, dizem especialistas, uma das principais causas de latrocínio – e tentativa de latrocínio – são roubo de arma e ligações com o tráfico de drogas. O Presidente da Comissão de Segurança Pública da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-GO), Edmundo Dias Filho, afirma que a sociedade está violenta, e o reflexo é sentido quando o Estado diminuiu efetivos de polícia na rua. “Especialistas em segurança pública dizem que presença da PM nas ruas faz com que haja diminuição de crimes”, esclarece. 

Adolescentes e crime 

Num intervalo de cinco anos, a quantidade de adolescentes encarcerados em unidades para infratores cresceu 38%. Desses, o homicídio representa 8,8% dos motivos de internação dos jovens, com 2.204 casos, dos 23,2 mil adolescentes presos no país. Estupro e latrocínio somam 3%.

É comum de se ver adolescentes chefiando – ou participando – de quadrilhas que agem violentamente pela região metropolitana de Goiânia. Em agosto, por exemplo, um adolescente de 13 anos matou a vizinha Tamires Paula de Almeida, 14. O menino matou a colega com uma faca que tinha ganhado de presentes dos pais. Após o crime, o garoto foi à escola e contou para todos que tinha acabado de assassinar alguém.

Em maio, a Polícia Civil cumpriu mandados de busca e apreensão em quadrilha que realizava arrastões em vários estabelecimentos comerciais. O grupo, que era composto por adolescentes que faziam assaltos a mão armada eram violentos, operava em postos de gasolina na Avenida São Paulo, em Aparecida de Goiânia, na Região Metropolitana de Goiânia. A Polícia disse que o grupo era responsável por vários arrastões aos estabelecimentos comerciais da região. 

Outra quadrilha composta por adolescentes também foi desmantelada em março deste ano. A Polícia Civil deteve sete pessoas acusadas de homicídios na Operação PA2. De acordo com a corporação, o menor participou da morte de Carlos Roberto de Oliveira Junior, 32. (Marcus Vinícius Beck é estagiário do jornal O Hoje, sob orientação de Rhudy Chrystian)