Horário de Verão tem impacto no corpo e nos hábitos das pessoas

Pesquisa revela que número de mortes por infarto aumenta quase 9% no período de vigência do fuso horário. Novo horário ocorre neste domingo (15) nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste do país

Postado em: 14-10-2017 às 13h00
Por: Márcio Souza
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Pesquisa revela que número de mortes por infarto aumenta quase 9% no período de vigência do fuso horário. Novo horário ocorre neste domingo (15) nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste do país

Alguns amam, outros odeiam. Horário
de verão é assim: é oito ou oitenta. E para os que amam e também para os que
odeiam, o horário vai mudar de novo. Neste domingo (15) tem início o
horário de verão, medida que faz os relógios serem adiantados em uma hora nas
regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste com o objetivo de reduzir o consumo de
energia. A mudança no relógio pode exigir cuidados para a adaptação do
organismo, mas principalmente, provocar alterações na rotina, inclusive
modificações imediatas para o desempenho físico e do humor da população.

A pesquisa “Horário de verão
e a incidência no infarto agudo do miocárdio”, da Universidade Federal de
Pernambuco (UFPE), aponta que alteração no relógio biológico provocada pelo
fuso horário pode causar um aumento de 8,5% no número de mortes pela doença, em pessoas acima de 60 anos, segundo o estudo. O levantamento faz parte de uma
tese de doutorado e utilizou dados do Sistema de Informação de Mortalidade
(SIM), do Ministério da Saúde.

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Para a médica do trabalho, Patrícia
Montalvo Moraes, o relógio biológico, se adapta, aproximadamente, entre
uma e duas semanas ao horário de verão. Não existem estudos concretos que avaliem o
custo-benefício da implantação do novo horário, no entanto, os efeitos da
mudança são comprovados pela Medicina. “A adaptação varia muito de cada pessoa,
afinal é uma predisposição genética. Dormir menos faz com que indivíduos levem
mais tempo para se concentrar”. 

No geral, ter que refazer a
rotina pode levar a uma situação de estresse, que pode ser ampliada por uma
condição social de risco. “Sair de madrugada, no escuro aumenta a sensação de
insegurança, o que pode gerar impacto na qualidade de vida da pessoa e estresse
suficiente para impactar as outras atividades do indivíduo”, conclui.

O adiantamento do relógio em uma
hora causa estranheza para o trabalhador Weliton Silva, de 25 anos, atuante no
ramo da construção civil em Goiânia. Weliton diz sentir muita dificuldade para
se adaptar ao novo horário, principalmente pela manhã porque normalmente se
levanta às 5h30 e, agora, o despertador vai tocar às 4h30. Ele bate o ponto no
trabalho às 7h. “O dia se torna mais cansativo porque levantamos mais cedo.
Parece pouco uma hora, mas no final das contas faz uma grande diferença”,
conta.

Weliton explica ainda que além de
ter dificuldade de adaptação, se sente inseguro ao sair de casa. “É muito cedo,
saio de casa ainda no escuro e como a cidade anda tão violenta, a gente fica
mais vulnerável a assaltos”.

A auxiliar de limpeza, Maria
Onilde Araújo Silva, de 58 anos, levanta às 4h da manhã todos os dias para
pegar o ônibus no Setor Colina Azul, em Aparecida de Goiânia. Para ela, a
rotina fica ainda mais pesada com o horário de verão. “Eu não gosto desse
horário de jeito nenhum. Sinto indisposição, cansaço e até fadiga e, quando o
organismo começa a adaptar, já está voltando ao horário normal”, afirma.

Já para o almoxarife Antoniel dos
Santos Oliveira, de 26 anos, o horário
de verão não traz dificuldade de adaptação. Ele mora a 10 quilômetros do
trabalho e, mesmo usando bicicleta como meio de transporte, diz não sentir
diferença com o adiantamento do relógio. “Eu até gosto do horário, acho mais
fresco, o clima fica melhor e, com o dia mais longo, tenho a sensação de ter
mais tempo para fazer as coisas. Até uma horinha extra a gente consegue fazer”,
diz.

Foto: Reprodução

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