Prefeitura de Goiânia diz não a professores e deixa 110 mil alunos sem aula

Cmei 8 de março fará reunião com os servidores para decidir se vai aderir ou não à paralisação

Postado em: 16-03-2022 às 08h05
Por: Daniell Alves
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Cmei 8 de março fará reunião com os servidores para decidir se vai aderir ou não à paralisação | Foto: Pedro Pinheiro

Sem acordo, servidores da Educação da rede municipal de Goiânia entram em greve por tempo indeterminado. A decisão foi tomada ontem (15) por unanimidade em assembleia realizada pelo Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Goiás (Sintego). A presidenta da entidade, Bia de Lima, afirma que a categoria buscou negociações, mas não restou outra alternativa a não ser a greve. 

O Sindicato não divulgou a relação das unidades que irão aderir ao movimento e nem um percentual prévio da adesão. Parte delas ainda não decidiu, a exemplo do Centro Municipal de Educação Infantil (Cmei) 8 de Março, na Praça Cívica. A unidade ainda fará reunião com os servidores para tomar a decisão. Atualmente, a rede municipal de ensino da Capital conta com cerca de 110 mil alunos matriculados. 

“Esperamos que a sociedade possa estar ao lado dos professores de seus filhos e dos administrativos. Nossa luta é pela data-base, lei do piso. Agora, está nas mãos do prefeito. É preciso que ele apresente para a categoria como está o orçamento”, argumenta Bia de Lima. 

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Na tarde de hoje (16), será realizada uma mobilização estadual pelas pautas dos trabalhadores em Educação de Goiás. É o Dia Nacional de Mobilização. No interior, ocorrerão atos em todos os municípios construídos pelas Regionais Sindicais. Em Goiânia, a concentração será no Paço Municipal, às 14h, com caminhada até a nova sede da Assembleia Legislativa de Goiás, no Parque Lozandes. 

Reivindicações 

Entre as pautas reivindicadas estão o reajuste do  piso, data-base, plano de carreira dos administrativos, auxílio transporte, quinquênio, gratificação dos diretores, modulações, pandemia e concurso público. Além disso, foi incluída na pauta da greve a cobrança para que a Prefeitura de Goiânia cumpra as obrigações com os fornecedores do Instituto de Assistência à Saúde e Social dos Servidores Municipais de Goiânia (Imas).

Já o presidente do Sindicato Municipal dos Servidores da Educação de Goiânia (Simsed), Antônio Gonçalves, negou durante a assembleia que o Sindicato comandado por estaria dividindo a categoria. “O Simsed não dividiu, nós que puxamos a luta”, defende. Ele propõe a criação de uma comissão de greve com representantes do Simsed, dos administrativos e auxiliares. 

Alternativas 

Em meio a paralisações, os pais precisam procurar alternativas, já que grande parte deles não têm com quem deixar os filhos, como é o caso da artesã Maria Creonice, 56 anos, que tem uma filha matriculada na rede municipal. Ela diz não concordar com a greve, pois irá prejudicar os alunos. 

“Eles já ficaram muito tempo sem aula e muitos pais não têm condições de pagar alguém para olhar o filho”, explica. Nas redes sociais do Sintego, uma mulher diz que a greve seria um desrespeito com a educação. “Não é justo com as crianças. Os pais e a população não apoiam a greve”, escreveu. 

A lojista Déborah Lia, mãe do aluno Benjamin, de 2 anos, do Centro Municipal de Educação Infantil (Cmei) Lygia Rassi, afirma que apoia a paralisação da categoria. “Eu entendo e apoio que eles devem exigir os seus direitos até porque a profissão exige muitos deles. Cuidar de criança não é fácil”, diz. 

SME afirma que irá cumprir piso 

Em nota, a Secretaria Municipal de Educação (SME) de Goiânia informou que irá cumprir o piso nacional atualizado em 2022 pelo Governo Federal, com o reajuste de 33,2% para professores em início de carreira. Já para os demais professores, que já recebem acima do piso, o aumento salarial proposto será 7,5%.

“Portanto, nenhum professor, em Goiânia, irá receber abaixo do piso, que será de R$ 3.846,63 para 40 horas semanais. Além disso, é importante ressaltar que a média salarial de um professor do município, com todos os benefícios da categoria, é de R$ 6.083,11”, afirma a pasta em nota. Para os servidores administrativos, o aumento proposto pela Prefeitura de Goiânia é de 9,32%.

A SME também esclareceu que para os profissionais que já recebem valor igual ou superior ao piso, os municípios e estados não são obrigados a conceder aumento proporcional ao índice que reajustou o piso nacional. “Até porque o repasse do Fundeb, que em 2021 foi no valor de 601.099.758,17, foi suficiente para custear apenas 55% da folha da SME Goiânia”, afirmou. 

Atualmente, a folha de pagamento da SME Goiânia é de R$ 1,073 bilhão. Com o aumento de 33,2% reivindicado pela categoria, a folha iria ultrapassar todo o orçamento da Educação, que é de cerca de R$ 1,5 bilhão, destaca a nota.

Rede estadual 

Os servidores da rede estadual também se preparam para reivindicações por não concordarem com os valores repassados pelo Estado. No último mês, o governador Ronaldo Caiado havia afirmado que o momento oferece condições para o governo e os sindicatos de servidores públicos estaduais debaterem o pagamento da data-base. 

O governador argumentou que não se tem data-base em Goiás desde 2016 e que a assinatura do teto de gastos foi feita por governos passados. “O que se via era exatamente reajustes para algumas categorias. Não se tem data-base desde 2016. Temos que sentar e discutir, para dizer quais os parâmetros, o que nós conseguimos atender e as necessidades das categorias”, pontua.

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