Soldados denunciam tortura no exército

Militares dizem que as práticas foram motivadas por razões ideológicas e políticas, já que eles eram novos no Exército

Postado em: 20-10-2017 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Militares dizem que as práticas foram motivadas por razões ideológicas e políticas, já que eles eram novos no Exército

Marcus Vinícius Beck*

Pelo menos quatro soldados denunciaram superiores ontem (19) por maus-tratos, assédio moral e prática de tortura, em Jataí, na região sudoeste de Goiás. Um homem, que é lotado no 41° Batalhão de Infantaria Motorizada, disse que durante treinamento teve de deitar no chão enquanto um militar lhe dava vários chutes, pisava em sua cabeça e jogava terra em cima em cima dele. A denúncia será apurada por meio de um Inquérito Civil que foi instaurado pelo Ministério Público Federal (MPF-GO).

De acordo com os soldados que fizeram as denúncias, as agressões foram motivadas por razões ideológicas e políticas, que iam a desencontro com as do superior. Novos no Exército, os militares chegaram a apresentar laudo médico em que constavam ferimentos no joelho, que teriam sidos causados pelas agressões. O MPF, que está apurando o caso, afirmou que a denúncia é acompanhada por vários arquivos de áudio e vídeo que evidenciam a prática dos crimes por parte dos superiores. Para o órgão, o mais grave foi o momento em que um soldado aparece sendo pisoteado no vídeo.

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O material não chegou a ser divulgado para preservar a identidade dos soldados que denunciaram o superior. Segundo o MPF, as vítimas teriam ingressado no início deste ano na Corporação e, com isso, os crimes teriam ocorridos neste período. A instituição atua na esfera civil, e os maus-tratos terão de ser analisados pela Justiça Militar. Os soldados seguem na corporação, mas foram transferidos para outra unidade, enquanto os agressores estão detidos e encontram-se sob custódio por 72 horas. 

Num outro caso, o superior emitiu opiniões racistas e disse a um soldado que ele “é preto, feio e não pode mudar isso”.  De acordo com o MPF, os soldados seguem na corporação, mas o Exército dispõe de 15 dias para se manifestar. Eles devem ser ouvidos na próxima semana para dar curso aos trâmites da investigação. A sindicância que foi instaurada deve ser encaminhada ao MPF dentro dos próximos dias. 

Com o propósito de amenizar a situação, o Exército de Jataí disse que já foi notificado sobre o início das investigações e determinou a abertura de Inquérito Policial Militar (IPM) para apurar o fato relatado pelo MPF-GO. Em comunicado, a Corporação afirmou que possui valores de respeito à dignidade da pessoa humana, independentemente da situação. Disse ainda que esforça-se para que eventuais desvios de conduta sejam corrigidos dentro dos limites previstos em lei. (Marcus Vinícius Beck é estagiário do jornal O Hoje, sob orientação do editor de Cidades Rhudy Crysthian) 

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