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sábado, 23 de novembro de 2024
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Pânico

Tiroteio em escola de Goiânia deixa dois estudantes mortos

O suspeito dos disparos é um estudante do próprio colégio, filho de militares. O adolescente está apreendido. De acordo com colegas do menino, ele sofria bullying

Postado em 20 de outubro de 2017 por Márcio Souza
Tiroteio em escola de Goiânia deixa dois estudantes mortos
O suspeito dos disparos é um estudante do próprio colégio

*Atualizado em 15h52

*Atualizado em 17h11

O clima foi de completo
caos na manhã desta sexta-feira (20) em Goiânia. Um tiroteio no Colégio
Goyases, escola particular de ensino primário e fundamental localizada no Setor
Riviera, deixou mortos João Vitor Gomes e João Pedro Calembo, ambos de 14 anos.
Os baleados foram socorridos pelo Corpo de Bombeiros.

O Corpo de Bombeiros
relatou que pouco depois das 11h50 da manhã uma mulher ligou para o 193,
identificando-se como professora e dizendo que uma pessoa invadiu a escola e
fez diversos disparos. Alguns alunos disseram ter confundido o barulho dos
tiros com balões estourando. A notícia teve repercussão internacional.

Com os disparos, que teriam sido feitos sem ter um alvo, o jovem,
que está apreendido na Delegacia de Apuração de Atos Infracionais (Depai)
baleou além dos colegas mortos, segundo a Polícia Militar, quatro outros
adolescentes e só parou ao ser contido por um professor e outros alunos
enquanto tentava recarregar a arma. Ao todo, três meninas e um menino, identificados
como Yago, Marcela, Lara e Isadora foram encaminhados para hospitais da região.
Todas as crianças são estudantes do 8º ano do ensino fundamental.

Os corpos, até o início da tarde, não haviam sido retirados do colégio pelo Instituto Médico Legal (IML). Após o crime, curiosos, pais e alunos se concentraram na porta da escola em clima de comoção. A família de João Pedro Calembo estaria em choque.

Segundo o Hospital de
Urgências de Goiânia, o estado de saúde de 3 dos feridos é grave. Yago estaria
orientado, consciente e respirando espontaneamente, passando por uma avaliação
multidisciplinar na Emergência do Hugo; Marcela também estaria consciente e
passando por avaliação, embora respirando com a ajuda de aparelhos. A situação
mais complicada seria a de uma das outras duas meninas, que está sedada e
entubada.

De acordo com
colegas do menino, o garoto autor dos disparos, que seria filho de militares, sofria bullying por parte dos colegas: “O pessoal
chamava ele de fedorento, pois não usa desodorante. No intervalo da aula, ele
sacou a arma da mochila e começou a atirar. Ele não escolheu alvo. Aí todo
mundo saiu correndo”, contou um colega da classe. 

Uma
outra criança que estuda no colégio relatou que o aluno dava indícios de uma
postura agressiva: “Ele lia livros satânicos, falava que ia matar alguns
dos colegas. Um dos garotos que foi morto falava que ele fedia e chegou a levar
um desodorante para sala”. O tenente Marcelo Granja, assessor da PM,
afirmou que a arma usada no crime, uma pistola .40 que é de uso restrito da Polícia Militar, passará por perícia. 

Autoridades

O Governo do Estado de Goiás lamentou por meio de nota a
tragédia, decretando luto oficial de três dias em solidariedade aos envolvidos
no lamentável acontecimento. O governador em exercício, José Eliton, cancelou
toda sua agenda pública desta sexta-feira a fim de acompanhar as investigações
e prestar apoio às famílias e à comunidade escolar envolvida. 

A Ordem dos Advogados do Brasil – Seção Goiás (OAB-GO), por
meio de sua Comissão dos Direitos da Criança e do Adolescente, também veio a
público comentar o caso, manifestando pesar: 

“Nos unimos a todos os brasileiros  em condolência às vítimas, pais, familiares, professores e funcionários da referida unidade de ensino.

Como um dos integrantes da rede de proteção e garantias dos Direitos de Crianças e Adolescentes do Estado de Goiás, a OAB-GO se coloca à disposição de todos os envolvidos para viabilizar o melhor atendimento institucional em orientação e apoio jurídicos necessários aos envolvidos neste triste ocorrido.

Reforçamos desde já que a OAB-GO atua de modo a garantir a todas as crianças e adolescentes envolvidos nessa tragédia o tratamento adequado, célere e exitoso de forma a assegurar na elucidação dos fatos, bem como todos os desdobramentos jurídicos deles decorrentes, o respeito aos princípios constitucionais da prioridade absoluta e proteção integral dos direitos das crianças e adolescentes.

É imperioso ressaltar que a divulgação de imagens de crianças e adolescentes por meios eletrônicos, sem autorização dos pais ou responsáveis, especialmente em um contexto tão vulnerável como esse, configura-se ato ilícito, que vai de encontro ao Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e à Constituição Federal.   

A Prefeitura do município também emitiu em nota sua tristeza com o acontecimento:

Nesse momento de dor, em que se busca respostas para tamanho absurdo, a Prefeitura se solidariza com as vítimas e seus familiares e expressa os mais sinceros sentimentos pelas irreparáveis perdas de vidas tão jovens e que tinham todo um futuro pela frente. Pela relevância do ocorrido e das vidas ceifadas, o excelentíssimo senhor prefeito Iris Rezende decreta luto oficial de três dias no âmbito do município de Goiânia. 

Durante coletiva de imprensa realizada no Hugo, o delegado
titular da Delegacia de Polícia de Apuração de Atos Infracionais, Luiz Gonzaga
Júnior, afirmou que o adolescente prestou depoimento nesta tarde. No momento do
crime, segundo apurado, suspeito estava sentado, assistindo aquela que seria a
6ª aula do dia normalmente e teria dado um primeiro tiro, acidental.

Após os colegas terem se assustado, o garoto atirou em um
dos garotos que morreram, que seria seu principal desafeto e responsável por praticar
bullying contra ele. Diferente do que havia sido informado, no total, 5 alunos
ficaram feridos.

O menor ainda disse que tentava recarregar a arma para
posteriormente se matar, mas foi impedido por um professor, que travou a
pistola e a guardou até a chegada da Polícia. Ainda em depoimento, o garoto
afirmou que se inspirou em massacres como Columbine, nos Estados Unidos, e
Realengo, no Rio de Janeiro.

O boato de que o motivo do crime teriam sido chacotas sobre
o uso de desodorante não foi comentado. Está programada uma outra ouvidoria
para aprofundamento das investigações, ainda sem data definida. Os pais do
garoto também foram ouvidos e disseram nunca ter suspeitado das intenções do
filho.

O adolescente foi apreendido em flagrante e segue neste
momento detido na Depai. A Polícia Civil concluirá o auto de investigação e
encaminhará em breve ao MP o inquérito, que junto ao Juizado da Infância, deve
requerer sua internação. 

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