Dia Mundial da Água: Situação dos mananciais de Goiânia preocupa autoridades

Capital possui 85 cursos d’água, sendo quatro ribeirões – Anicuns, João Leite, Capivara e Dourados –, um rio, o Meia Ponte; e 80 córregos

Postado em: 22-03-2022 às 08h59
Por: Maiara Dal Bosco
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Capital possui 85 cursos d’água, sendo quatro ribeirões – Anicuns, João Leite, Capivara e Dourados –, um rio, o Meia Ponte; e 80 córregos | Foto: Pedro Pinheiro

Em 22 de março é celebrado o Dia Mundial da Água, data que tem como objetivo promover conscientização sobre a relevância da água e lembrar a importância do seu uso sustentável, além da urgente necessidade de conservação dos ambientes aquáticos, evitando poluição e contaminação. É neste cenário que o jornal O Hoje ouviu uma especialista, para avaliar a condição dos mananciais da Capital, que revelou que a situação é preocupante. Goiânia possui 85 cursos d’água, sendo quatro ribeirões – Anicuns, João Leite, Capivara e Dourados –, um rio, o Meia Ponte; e 80 córregos. 

A geógrafa e professora do Programa de Pós Graduação em Geografia da Universidade Federal de Goiás (UFG), Celene Monteiro Barreira, explica que a situação da Capital, neste sentido, é calamitosa. “Pelo andar da carruagem, da forma como está sendo gerida aqui em Goiânia a questão das nascentes, principalmente a ocupação dessas nascentes e dos cursos dos rios, é sim um motivo de preocupação. Os principais mananciais de Goiânia e da Região Metropolitana estão comprometidos”, destaca.

Diante disso, a especialista aponta a importância que o Plano Diretor tem neste contexto. “Essa mudança no Plano Diretor foi o que permitiu essa ocupação indiscriminada dos cursos d’água, reduzindo a margem de segurança que mantínhamos até então, que era de construção a 100 metros da margem, para 30 metros e, em alguns casos, até menos do que isso”, pontua Barreira.  

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Segundo a geógrafa, embora não se possa prever o futuro, é possível imaginar que o cenário dos próximos anos não será positivo. “O que foi feito é um grande ‘tiro no pé’. Os recursos são finitos e se uma cadeia ou um sistema hidrográfico são quebrados, há impacto em todas as áreas”, frisa, destacando, ainda, a relação do poder público nesse cenário.

“O poder público em Goiânia está lidando com os recursos naturais como se [os recursos] fossem infinitos, quando na verdade não o são. Os recursos são finitos e precisam ser cuidados, principalmente pelos gestores. Quem assume a função pública é responsável por essa gestão para fazer um planejamento adequado nesse sentido”, avalia Barreira.

Plano Diretor

Em janeiro, a vereadora Aava Santiago já havia chamado a atenção para a questão das nascentes e mananciais da Capital com relação ao Plano Diretor. Foi com o objetivo de preservar a sobrevivência destes, que ela propôs ao plenário da Câmara a correção do que considera um erro grave no Plano Diretor de Goiânia, aprovado na Comissão mista: a exclusão de nascentes e olhos d’água, que costumam secar no período da estiagem, das Áreas de Preservação Permanentes (APPs). 

Para serem acolhidas, as emendas dependiam do voto favorável de 18 vereadores em plenário, o que não ocorreu. Em outras palavras, isso significa que foram rejeitadas no segundo e último turno de votação em plenário. Assim, o projeto votado foi aquele sem as emendas, conforme aprovado na Comissão Mista, antes de ir para o respectivo segundo turno.

“Buscamos reformular os pontos sensíveis, de forma a alinhá-los a critérios de sustentabilidade e a garantir que o desenvolvimento da cidade seja acompanhado pela preservação de nascentes, de áreas verdes e de regiões de valor histórico, além de garantir o uso racional da infraestrutura urbana, com um modelo de adensamento responsável, em contraposição à verticalização desregrada”, argumentou a vereadora à ocasião.

Amma afirma que promove preservação e recuperação de nascentes

Para falar sobre a situação dos mananciais de Goiânia e da Região Metropolitana, a reportagem de O Hoje ouviu a Prefeitura de Goiânia, que por meio da Agência Municipal do Meio Ambiente (Amma), informou que tem atuado em várias frentes de trabalho para promover a preservação e recuperação de nascentes na capital.

Segundo a pasta, a fiscalização atua na desocupação de áreas invadidas, coíbe o descarte irregular de resíduos e lançamento de efluentes – produtos químicos industriais – nos cursos hídricos, sendo que muitas das ações fiscalizatórias do órgão neste sentido, são decorrentes de denúncias realizadas pelo telefone 161. O monitoramento, de acordo com a Amma, realiza, no período de chuva e seca, análises físico-químicas da água dos parques visando a preservação da biodiversidade aquática.

A Amma informou ainda que, com relação a arborização, promove ações de plantio de espécies apropriadas nas áreas de nascentes e áreas de preservação permanente, para recuperação da vegetação e infiltração da água, que resulta em erosões. Sobre a recuperação de erosões, especificamente, são realizados, de acordo com a pasta, planos de recuperação de erosões e análise de impactos ambientais e interferências urbanas.

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