Jovem negro é espancado dentro do supermercado que trabalhava, em Inhumas

A DPE instaurou inquérito para averiguar se houve violação aos direitos individuais e coletivos de população hipervulnerável

Postado em: 22-03-2022 às 16h48
Por: Jennifer Neves
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A DPE instaurou inquérito para averiguar se houve violação aos direitos individuais e coletivos de população hipervulnerável | Foto: Reprodução

Um jovem negro foi agredido dentro de um supermercado da rede Smart Super Big, na última sexta-feira (18/03), em Inhumas. Lucas Gabriel Nascimento Batista, de 21 anos, trabalhava no estabelecimento quando foi agredido por dois homens, na presença de clientes, sem que nada fosse feito pela direção do local. O crime ocorreu no último dia 18 de março

A Defensoria Pública do Estado de Goiás (DPE-GO) instaurou uma investigação para apurar se houve violação aos direitos individuais e coletivos de população hipervulnerável (negra e consumidores). Caso fique confirmado que o supermercado foi omisso e permissivo com relação às agressões, deverá arcar com indenização por danos morais coletivos, sociais e individuais.

No entanto, de acordo com o defensor público responsável pelo caso, Jordão Mansur, o valor pedido pela indenização ainda será calculado no decorrer das investigações. “Além da indenização, outras obrigações poderão ser impostas, como desagravo ao ofendido e  implantação de programas de conscientização sobre o racismo”. Ainda, o defensor diz que Lucas está severamente afetado física e psicologicamente.

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O jovem afirmou estar muito abalado. “Minha estrutura física está abalada, não estou conseguindo comer, nem estou saindo de casa. “Qualquer barulhinho eu já assusto, fico preocupado”, relatou em entrevista ao G1. 

Lucas lembra que os homens alegaram que ele havia xingado a namorada de um deles. “Eu nunca vi os caras na minha vida. Um deles falou ‘é você mesmo’, e já me segurou pelo pescoço, começou a me bater e eu fiquei agachado tomando soco e todo mundo ficou parado olhando”. 

O rapaz relata que as agressões apenas pararam quando uma funcionária falou que ia chamar a polícia e que, além disso, o supermercado não prestou assistência médica. Ele conta que foi ao hospital sozinho buscar socorro. Lucas teve hematomas no rosto, mas não foi preciso ficar internado. 

Em ofício, a DPE lembra do caso semelhante de racismo estrutural praticado dentro de uma loja da rede Carrefour, em que João Alberto Silveira Freitas também foi espancado, mas acabou assassinado, em Porto Alegre, RS, em 2020. A Defensoria Pública diz que os crimes são demonstrações de descaso com a dignidade humana e menosprezo com a população negra como um todo.

O Jornal O Hoje tentou contato com o supermercado Smart Super Big, mas não obteve resposta até o fechamento desta matéria

Com informações do G1

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