Pai diz que não sabia sobre ‘bullying’

Ele e defensora chegaram a ficar numa sala reservada por alguns minutos, mas foram embora por volta das 11h. Ambos evitaram falar com a imprensa

Postado em: 24-10-2017 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Ele e defensora chegaram a ficar numa sala reservada por alguns minutos, mas foram embora por volta das 11h. Ambos evitaram falar com a imprensa

Marcus Vinícius Beck*

O pai do adolescente de 14 anos que atirou em colegas na sala de aula do Colégio Goyazes na última sexta-feira (20) prestou depoimento na manhã de segunda-feira (23) na sede da Delegacia de Polícia de Apuração de Ato Infracional (Depai), em Goiânia. Durante a oitiva, que durou uma hora e trinta minutos, ele disse que não sabia que o filho sofria bullying na escola, e afirmou que jamais recebeu qualquer reclamação sobre o comportamento do menino por parte da escola.

Após o depoimento, ele e a defensora chegaram a ficar numa sala reservada por alguns minutos, mas por volta das 11h deixaram o local. O pai, que é policial militar, explicou que a arma estava descarregada em cima do guarda roupas de casa, onde imaginava que o menino não teria acesso ao artefato. Ele disse que a munição ficava trancada numa gaveta em outro quarto. Questionado sobre como o filho teve acesso as balas, ele não soube responder.

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O adolescente já foi encaminhado ao centro de internação, mas até a conclusão desta reportagem não foi divulgado o local “por questões de segurança”. Porém, os pais dele pedem para que o jovem não seja transferido para o centro, pois afirmam que ele poderia ser assassinado no local. A juíza responsável pelo caso disse que o jovem ficaria detido por 45 dias num centro de internação.

Espera-se que o garoto seja ouvido pelo promotor Cássio Cunho Lima, que já ouviu o acusado no final de semana. De acordo com Lima, há indícios mais do que concretos de que o adolescente agiu com frieza e violência. Na representação apresentada à Justiça, Souza Lima disse que constataram-se indícios concretos de que o jovem precisa passar por internação. Para o promotor, a reclusão é necessária para que o jovem se conscientize da gravidade do ato infracional que cometeu.

Diante disso, para tentar evitar que o adolescente seja condenado à punição máxima prevista no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que são três anos, a defesa dele pretende alegar que o jovem nunca teve nenhum caso de violação à lei e que tem uma família estruturada. A mãe do adolescente está internada desde o dia do atentado no Colégio Goyazes. Ela ainda não chegou a ver o filho após a tragédia.

Dias após a tragédia que matou dois e feriu quatro alunos da classe em que estudava, pais e alunos retornaram à escola para buscar o material que ficou para trás na fuga. As mochilas dos alunos, que saiam desesperados após ouvir o ruído dos tiros, estavam distribuídas no pátio da escola. Ainda não há previsão de quando as aulas vão ser retornadas. Uma reunião entre pais e coordenadores para reformular o calendário escolar deve acontecer nos próximos dias.

Tiroteio

Na manhã da última sexta-feira (20), tiros foram ouvidos na escola Goyazes, na região leste de Goiânia. Um adolescente de 14 anos usou a arma .40 da mãe, que também é militar, para se vingar dos colegas que o chamavam de “fedorento”. Minutos antes, o sino para o término de uma aula havia sido tocado. As vítimas fatais – que foram duas, no total – morreram logo depois dos disparos. Também ficaram feridos duas garotas de 14 anos, uma de 13 anos e um garoto de 13 anos. Depois do crime, o adolescente pediu para que chamassem seu pai.

Um adolescente que foi ferido pelos tiros disparados na escola recebeu alta no último domingo (22). Outras duas garotas, Isadora de Morais, 13, Marcela Rocha Macedo, 14, seguem internadas no Hospital de Urgências de Goiânia (HUGO). Lara Fleury Borges, 14, se recupera em um apartamento do Hospital dos Acidentados. 

(Marcus Vinícius Beck é estagiário do jornal O Hoje, sob orientação do editor de Cidades Rhudy Crysthian) 

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