Quinta-feira, 28 de março de 2024

Transporte coletivo respira e registra 200 mil passageiros a mais em comparação a março de 2020

Número representa um aumento de 97,1%

Postado em: 24-03-2022 às 09h10
Por: Daniell Alves
Imagem Ilustrando a Notícia: Transporte coletivo respira e registra 200 mil passageiros a mais em comparação a março de 2020
Número representa um aumento de 97,1% | Foto: Pedro Pinheiro

Após enfrentar uma redução de quase 80% no número de usuários, durante a pandemia da Covid-19, o transporte coletivo ganha fôlego novamente e já registra 200 mil passageiros a mais. A comparação é feita com março do ano passado pela Companhia Metropolitana de Transporte Coletivo (CMTC). Expectativa é que os ônibus voltem a operar com cerca de 500 mil passageiros por dia, avalia o titular da CMTC, Tarcísio Abreu. 

Na última segunda-feira (21), foram 386.745 validações nas catracas, contra 182.375 na segunda-feira do dia 22 de março de 2021. Já no dia 9 de março de 2020, antes da pandemia, o sistema metropolitano operou com 521.963 validações. Mesmo que a demanda tenha crescido, ainda não conseguiu voltar ao normal. 

Desde o início da pandemia, diversas medidas foram tomadas para evitar aglomerações dentro do ônibus e terminais. A Companhia até definiu quais trabalhadores poderiam utilizar o transporte em horários de pico e limitou o número de passageiros dentro dos ônibus. Contudo, as medidas não foram suficientes, conforme mostrado pelo O Hoje. Isto porque a frota disponível não é suficiente para transportar os usuários sentados, apontaram estudos. 

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A média de validações registradas neste mês é de 369.454 usos do sistema por dia útil. O número representa um aumento de 97,1% na comparação com os dados de 12 meses atrás, quando a CMTC verificou 187.486 validações.“Em março de 2021, nós conseguimos fazer 66% do que foi feito em 2020, e neste ano já estamos fazendo 78%. É uma recuperação sustentada sim, estamos com números melhores a cada dia”, avalia Tarcísio. 

Para ele, o aumento no número de passageiros deve seguir pelos próximos meses. “Agora temos esses 380 mil diários que é o piso, não vamos mais abaixar disso”, afirma. O presidente da CMTC prevê que vai ser possível chegar novamente nos 500 mil usuários diários. A Companhia acredita que os novos modelos de bilhetagem serão suficientes para ampliar o uso do sistema metropolitano. 

Bilhete único 

Em abril, começa a valer o Bilhete Único. Os usuários poderão utilizar o serviço por mais de uma vez em até 150 minutos com o custo de apenas uma tarifa. “Essas mudanças que anunciamos, com todas as cidades a favor, muda o cenário do sistema e temos que estar preparados para isso”, diz o presidente. 

Segundo a Câmara Deliberativa de Transportes Coletivos (CDTC), as mudanças serão gradativas e começarão com a implementação do bilhete único. Haverá serviços complementares, como integração do CityBus 3.0 ao serviço convencional; bicicletas compartilhadas conectadas aos terminais de integração; implantação, reforma e manutenção de abrigos em pontos de parada de ônibus. Há, também, projeto de renovação e modernização de toda a frota em serviço na RMTC e Eixo Anhanguera.

O secretário do Escritório de Prioridades Estratégicas da Prefeitura de Goiânia e vice-presidente da CDTC, Arthur Bernardes, explica que é um desafio fazer melhorias no transporte coletivo sem mexer no bolso do usuário. “É para isso que nos esforçamos, melhorar a qualidade do transporte e assegurar cada vez mais transparência ao cidadão”, ressalta.

Queda ainda é de 27%

O transporte público da Região Metropolitana de Goiânia apresentou queda de 27% no número de usuários em comparação ao início da pandemia, em março de 2020, quando havia uma demanda de 521 mil validações. A redução é devido à crise de mobilidade enfrentada pelas cidades brasileiras, conforme explica a arquiteta e urbanista em Mobilidade Urbana, Erika Kneib, do Mova-Se Fórum de Mobilidade. 

Com o aumento do preço do combustível, a especialista em mobilidade aponta para uma oportunidade de desincentivo do uso do automóvel, absorvendo novos usuários ao transporte coletivo, favorecendo assim a mobilidade.

“Todos sabem que o transporte público coletivo de qualidade é o único modo motorizado de deslocamento capaz de contribuir efetivamente com uma mobilidade urbana sustentável. Porém, as cidades brasileiras ainda optam por modelos que acabam incentivando o uso do carro e da moto. Para ter qualidade, o transporte público coletivo precisa ter prioridade”, diz.

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