Famílias cairam em esquema de moradias

Operação responsável pela prisão de envolvidos cumpriu oito mandados de busca e apreensão

Postado em: 27-10-2017 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Operação responsável pela prisão de envolvidos cumpriu oito mandados de busca e apreensão

Marcus Vinícius Beck*

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Programa de moradia popular para famílias de baixa renda tornou-se alvo de operação da Justiça na manhã de ontem (26) para investigar suposta fraude, em Goiânia. Batizada de Alicerce, a ação do Ministério Público (MP-GO) atingiu o ex-vereador da Capital, Maurício Beraldo (PSDB), que chegou a ser preso no decorrer das investigações. Ele, que presidiu até 2002 a Sociedade Habitacional Comunitária (SHC), entidade que era usada para facilitar a atividade criminosa, seguia envolvido no esquema, mesmo depois de ter sido desligado da organização. 

Segundo com o MP-GO, foram cumpridos oito mandatos de prisão temporária e nove de busca e apreensão. Os detidos acabaram sendo encaminhados para a Casa de Prisão Provisória (CPP). Outros quatro mandados de condução coercitiva – quando a pessoa é obrigada a depor – foram efetivados, mas após os depoimentos, os suspeitos acabaram sendo liberados. A operação foi realizada em parceira com a Polícia Civil.

Após chegar à sede do Ministério Público, Beraldo afirmou que era inocente, e disse que tudo foi constituído como muita luta. O ex-vereador frisou que, caso alguém tivesse duvidando de sua integridade, era para ir ao Vale Sonhos, bairro que “ninguém construiu igual”. Já a esposa dele, que foi questionada pela imprensa, preferiu não se pronunciar sobre a prisão do marido. Ambos possuem ruas com os nomes deles no bairro.

Além da prisão, os envolvidos tiveram R$ 2 milhões em bens que foram confiscados para ressarcimento do prejuízo pela atividade fraudulenta. Levantamento feito pelo MP-GO entre 2012 e 2016 informou que houve movimentação de R$ 1,2 milhões nas contas da Sociedade Habitacional Comunitária, que foi classificada como sem fins lucrativos. Ainda ocorreram saques no valor de R$ 50 mil, cujo destino era o chefe do órgão. 

Segundo o MP, a SHC cobrava R$ 15 mil de famílias de baixa renda para construir o alicerce das casas populares – por isso o nome da operação. Desta forma, alegam os envolvidos, seria mais fácil conseguir cheques-moradia junto à Agência Goiana de Habitação (Agehab), instituição que mantinha convênio com a SHC. Diante disso, o órgão afirmou que não havia motivo para qualquer tipo de cobrança. 

A estimativa é que pelo menos duas famílias tenham caído na armadilha promovida pela SHC, que funciona desde 1996. Do total de imóveis prometidos pelo grupo, apenas 500 foram entregues dentro do prazo – outros nem chegaram a sair do papel.  (Marcus Vinícius Beck é estagiário do jornal O Hoje, sob orientação do editor de Cidades Rhudy Crysthian) 

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