Obras, ambulantes e falta de policiamento fazem mais de 100 lojas no Centro fecharem as portas

Demora nas obras do BRT, excesso de ambulantes nas avenidas principais e falta de policiamento efetivo são apenas alguns motivos apontados por comerciantes

Postado em: 29-03-2022 às 06h40
Por: Redação
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Demora nas obras do BRT, excesso de ambulantes nas avenidas principais e falta de policiamento efetivo são apenas alguns motivos apontados por comerciantes | Foto: Pedro Pinheiro

Por Sabrina Vilela

Comerciantes formais do Centro de Goiânia reclamam que enfrentam uma série de dificuldades desde o início da pandemia – entre elas concorrência com ambulantes irregulares e problemas de infraestrutura urbana –, o que acarretou no fechamento de 112 lojas, informa a Associação Comercial e Industrial do Centro de Goiânia (Acic). Lojas em galerias e prédios comerciais não entram nesse número. A entidade destaca que muitos estabelecimentos comerciais estão com a placa de aluguel há mais de seis meses por falta de interessados.

Presidente da Acic, Uilson Manzan aponta as razões para o fechamento das lojas. “Excesso de ambulantes na avenida Anhanguera, presença de moradores de rua, desvio da linha de ônibus da avenida Goiás por causa das obras do BRT, que tiveram a conclusão adiadas várias vezes; policiamento que existe, mas que não é efetivo porque indicamos o modelo Cosme e Damião – policiamento feito em dupla a pé”.

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De acordo com Manzan, as obras do BRT também “deixaram rastros de destruição, como tubulações expostas, calçadas desniveladas e depredadas”. Outro fator que contribui para afastar as pessoas do Centro, de acordo com o presidente da Acic, é difícil estacionar no bairro.

Segundo ele, essas reclamações já foram encaminhadas para os órgãos competentes do Estado e do Município. “O Centro tem se transformado em um vazio urbano: cada vez mais lojas fechando, menos pessoas circulando, essas obras inacabadas, equipamentos públicos depredados, calçadas desniveladas, iluminação inexistente, ruas sujas e esburacadas”, denuncia. 

Comerciantes reclamam

O comerciante Imad Esper faz parte da lista de pessoas que tiveram que sair do Centro em busca de uma situação mais favorável em outras regiões de Goiânia. Ele fechou três lojas de calçados na avenida Anhanguera em 2020. Ele relata que tinha ponto no Centro há mais de 20 anos, mas teve que deixar o bairro.

“O Centro está abandonado, não tem segurança, limpeza, as obras do BRT não terminam e prejudicam o fluxo de pessoas na região. Além do valor do IPTU [Imposto Predial e Territorial Urbano] ter dobrado esse ano”, reclama o empresário sobre os motivos que o levaram a sair da região. De acordo com o comerciante será necessário esforço da prefeitura para resolver a situação, como por exemplo rever os valores dos impostos e concluir obras.

O comerciante Saulo Soares Rodrigues também teve que fechar duas das quatro lojas aviamentos e enxovais há pouco mais de um ano. “O movimento de clientes vinha caindo depois das reformas na avenida Goiás. Existe já uma restrição por partes dos clientes em vir ao Centro devido ao trânsito ruim, falta de estacionamento e os altos preços dos aluguéis”, reclama. Ele ainda reclama da presença de camelôs, moradores de rua, falta de limpeza urbana e abandono quanto a infraestrutura da região.

Prefeitura responde sobre obras e revitalização do Centro, mas não esclarece sobre situação de ambulantes

A reportagem entrou em contato com a prefeitura de Goiânia para tratar dos problemas apontados pelos comerciantes do Centro. Sobre a presença de vendedores ambulantes nas avenidas Anhanguera e Goiás, a reportagem do jornal O Hoje procurou a Secretaria Municipal de Desenvolvimento e Economia Criativa (Sedec) por telefone, whatsapp e e-mail. A assessoria de imprensa foi categórica ao afirmar e reafirmar por meio de nota que “a avenida Anhanguera é uma GO [rodovia estadual] e por isso as permissões, renovações e fiscalização ficam a cargo do Executivo Estadual”.

A reportagem também entrou em contato com a Agência Goiana de Infraestrutura e Transportes (Goinfra) para saber sobre a situação da avenida Anhanguera. A pasta afirmou “que a avenida Anhanguera não é rodovia, mas sim uma via municipal”.

Sobre a ocupação dos canteiros centrais e calçadas da avenida Goiás, a Sedec não respondeu se os ambulantes que trabalham no local estão regularizados, ou seja, têm permissão para atuarem como comerciantes informais em vias públicas.

Sobre a conclusão das obras do BRT no Centro de Goiânia, a Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana (Seinfra) esclarece que a obra do BRT no Centro de Goiânia está concentrada exclusivamente na Praça Cívica, onde 85% da pavimentação estão concluídas. Restam as obras complementares – sarjetas e meios-fios – com previsão de conclusão em abril de 2022. 

A Seinfra ainda informa que as obras nas calçadas da Avenida Goiás já estão programadas para terminar em julho desse ano. Já as estações de embarque e desembarque do BRT na Praça Cívica e na Avenida Goiás devem ser concluídas em setembro de 2022. A pasta ressalta ainda que os problemas apontados referem-se exclusivamente à região da Praça Cívica, uma vez que na Avenida Goiás e demais vias do centro o tráfego está normal.

Revitalização do Centro

Sobre a revitalização do Centro de Goiânia, a Secretaria Municipal de Planejamento Urbano e Habitação (Seplahn) informa que o Plano Diretor prevê ações para o bairro. “ A Prefeitura de Goiânia iniciou, ainda em 2017, durante a fase de estudos do Plano Diretor de Goiânia, o planejamento e desenvolvimento de projetos, visando promover a revitalização das regiões Central e de Campinas, intitulado Projeto ReViva Goiânia”, informou por meio de nota.

O projeto engloba uma série de ações e tem por objetivo revitalizar a região conhecida como Núcleo Pioneiro da Capital, que é tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), compreendendo o trecho entre a Praça do Botafogo, no Setor Leste Vila Nova, até a da Praça Coronel Joaquim Lúcio, em Campinas. 

A pasta destaca que o projeto ReViva Goiânia prevê ainda “o ordenamento dos engenhos publicitários (fachadas), a concessão de benefícios e isenções fiscais e tributárias para a construção de novos edifícios residenciais, de edifícios garagens (verticais) e a revitalização e/ou adequação de prédios abandonados ou subutilizados destinados à moradia”.

Além destas iniciativas o Centro da cidade tem passado, nos últimos anos, por um processo de intervenções urbanísticas significativas, como a restauração da Antiga Estação Ferroviária de Goiânia, da Praça do Trabalhador, da Rua do Lazer e do Coreto e Torre do Relógio da Praça Cívica, além da construção do BRT Norte-Sul.

Segunda a Seplanh, o objetivo dessas intervenções e das ações contidas no projeto ReViva Goiânia é de fazer com que a região central volte a ser um grande polo de comércio, turismo, lazer e moradia na capital.

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