Moradores do Jardim Novo Mundo reclamam da falta de manutenção e infraestrutura

Mato alto tem gerado preocupação e principalmente insegurança, além de se tornar criadouro para insetos como baratas e escorpiões

Postado em: 30-03-2022 às 09h01
Por: Alexandre Paes
Imagem Ilustrando a Notícia: Moradores do Jardim Novo Mundo reclamam da falta de manutenção e infraestrutura
Mato alto tem gerado preocupação e principalmente insegurança, além de se tornar criadouro para insetos como baratas e escorpiões | Foto: Alexandre Paes

Há anos os moradores da avenida Manchester, umas das principais avenidas da região leste de Goiânia, convivem com mato alto e abandono do setor. Além das ruas esburacadas no Jardim Novo Mundo, que a equipe do Jornal O Hoje mostrou a cerca de 15 dias, o local tem se tornado ponto de descarte irregular, acumulando lixo doméstico e entulho; além do mato alto. O resultado é que o local tem se tornado criadouro do mosquito aedes Aegypti e esconderijo para animais peçonhentos, como escorpiões, lacraias e baratas. 

O mato alto tem gerado preocupação e principalmente insegurança. “Há muito tempo que ninguém vem dar manutenção. A gente pede, mas está cada vez pior, ficando muito perigoso e gerando até esconderijo para os bandidos”, reclama Olinda Maria Pereira, moradora do bairro. 

As famílias que moram no cruzamento da avenida Manchester com o trecho da avenida Leste-Oeste são as mais afetadas, pois após o período chuvoso, o mato está alto e quase alcança a altura do muro das casas. “Eles têm que dar um jeito de concluir esse trecho da Leste-Oeste. Nós estamos sofrendo muito, e além de jogar lixo e entulho, até cachorro morto as pessoas descartam aqui”, desabafou Maria do Carmo, que já mora a mais de 13 anos na região.

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Medo do aedes Aegypti

Apesar da preocupação com a falta de segurança, existe outra ameaça que vem tirando o sono dos moradores: a proliferação do mosquito aedes Aegypti, transmissor de doenças como a dengue, chicungunha e zika.  “Eu, minha mãe, minha irmã e minha sobrinha, todas tivemos dengue recentemente por conta desse descaso”, reclama Olinda Maria Pereira. 

A moradora alerta ainda que o acúmulo de lixo e o mato alto, aliados ao período chuvoso, se tornaram propícios para proliferação de insetos, como baratas e escorpiões. “O pior de tudo é o risco de ser picado pelas lacraias e escorpiões. Quase diariamente encontramos algum desses bichos dentro do quintal de casa”, concluiu a cozinheira Olinda.

Os moradores do Novo Mundo destacam que o único pedido feito à prefeitura de Goiânia é que os impostos pagos custeiem a manutenção e infraestrutura do bairro. “Até as crianças tem sofrido. Quando vão para escola tropeçam e caem nos buracos. Nós temos direito de uma qualidade de vida mínima”, relata a moradora. 

Em nota, a Companhia de Urbanização do Município de Goiânia (Comurg) informou que encaminhará uma equipe ao local indicado, para verificar se trata-se de área pública ou particular. A pasta explica que se for área pública, a companhia vai providenciar, nos próximos dias, a roçagem. Caso seja áreas particulares, os proprietários serão notificados para providenciarem os serviços, sob pena de serem autuados e multados. A Comurg informou ainda que estão com uma frente de serviço em todo bairro do Jardim Novo Mundo.

Casos de dengue, zika e chikungunya aumentam em Goiás

A preocupação dos moradores do Jardim Novo Mundo é válida, pois em Goiás registra-se o aumento dos casos de dengue, zika e chikungunya, conforme apontam os dados da Secretaria de Estado de Saúde de Goiás. Nas 11 primeiras semanas de 2022, foram confirmados 26.386 casos de dengue; 858 de chikungunya e oito casos de zika.

No caso da dengue, se comparadas as 11 primeiras semanas de 2021 e 2022, registra-se um acréscimo de 279%. Até o momento foram confirmados nove óbitos e 38 óbitos estão em investigação. No caso da zika, ocorreu um acréscimo de 31%, na comparação das 11 primeiras semanas de 2021 e 2022. Com relação à chikungunya, levando-se em consideração o mesmo comparativo, houve um acréscimo de 230,43%.

Até o momento, 145 municípios goianos contam com infestação de dengue e destes 49 de alta infecção, ou seja, onde tem grande quantidade de foco. A maioria na região metropolitana de Goiânia. O índice levou em consideração imóvel, residências, prédios públicos, logradouros, praças e entre outros. Foi constatado que 80% dos mosquitos são encontrados em residências pela falta de cuidado dos próprios moradores. 

“Preparamos-nos desde outubro de 2021 para intensificar as ações contra a dengue em Goiás. O aumento se deve porque durante a pandemia não foram feitas as visitas de agentes às casas”, informa Edna Maria Covem, gerente de Vigilância e Saúde do Trabalhador da Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO). 

Em Goiânia a situação também é crítica. De acordo com a diretora de Vigilância Epidemiológica da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), Grécia Péssoni, a Capital registrou até o momento 65.302 casos prováveis de dengue, 1.495 casos de chikungunya, 76 casos de zika. Nove mortes já foram confirmadas e 38 casos em investigação.

A gerente de Vigilância Epidemiológica alerta que até mesmo quem mora em apartamento deve tomar cuidado com objetos dentro do próprio imóvel. “A gaveta da geladeira, na bandeja do ar-condicionado podem ter focos também do mosquito por serem ambientes úmidos”, informa. 

A dengue pode evoluir para casos graves e até levar a morte. Por isso, o médico infectologista Marcelo Daher alerta que aos primeiros sinais de sintomas, a pessoa deve procurar o médico imediatamente, porque em alguns casos pode evoluir de forma grave. Embora os sintomas sejam parecidos com outras doenças como gripe e Covid-19 tem como diferenciar por meio da dor no corpo que é fora do comum e manchas na pele, que começam a aparecer a partir do sexto dia. 

A partir do momento que a pessoa contrai a doença, é necessário um monitoramento constante. “Isso é feito por meio da realização de hemogramas constantes, para avaliar queda de plaquetas e a hemoconcentração, para saber se a pessoa está hidratação suficiente ou não”, explica o infectologista.

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