Com aumento de 10,89%, consumidor deverá fazer mais cotação de preços dos medicamentos 

A orientação é para que os usuários optem por remédios genéricos, utilizem programas de fidelidade e pesquisem antes de comprar

Postado em: 04-04-2022 às 06h20
Por: Redação
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A orientação é para que os usuários optem por remédios genéricos, utilizem programas de fidelidade e pesquisem antes de comprar | Foto: Pedro Pinheiro

Por Daniell Alves e Sabrina Vilela

Novo reajuste em medicações vai deixar os preços 10,89% mais caros. O governo federal autorizou o aumento que começou a valer na última sexta-feira, dia 1° de abril, e pessoas com doenças crônicas e idosos são os que mais vão sofrer com a alta dos preços, visto que grande parte desse público gasta grande parte da renda com medicamentos mensalmente.  Esse aumento é maior que a inflação, que atualmente é de 10,54%, e superior ao aumento dos preços de 2021, de 10,08%. 

A dona de casa Lizete Barbosa de Souza,56, além de ter fibromialgia – síndrome clínica que se manifesta com dor no corpo todo –, cuida dos pais doentes que também precisam de remédios diariamente. A mãe de Lizete tem fibromialgia, artrose e osteoporose. “A situação está difícil, esse mês gastamos mais de R$600 em remédios”, relata. Já o pai da dona de casa tem câncer e precisa de alguns medicamentos também, mas grande parte é fornecido pelo governo, como algumas injeções e remédios específicos.  

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A analista de controle de qualidade Ângela Silva,42, também gasta muito com medicamentos, pois sofre de diabetes, tendinite, insônia e fibromialgia. “Por conta desses males, tenho uma mini farmácia em casa”, brinca. Ela gasta em média 15% do seu salário apenas com remédios. Ângela encontra dificuldades para comprar as medicações. “Estou com problemas no fígado e os remédios são caros, então não comprei”, lamenta. 

Agora, com o novo reajuste no preço dos medicamentos, Ângela Silva teme não conseguir fazer o tratamento da forma adequada. “Hoje em dia está tudo muito caro. Por causa do problema que estou no fígado, deveria me alimentar de forma mais saudável. Porém, com o aumento de tudo acaba que o que usaria para comer melhor precisaria gastar com os medicamentos. E isso acaba virando uma bola de neve. Fica tudo mais difícil dinheiro não está dando para nada”, declara. 

A aposentada Iris Aparecida da Silva, 61, tem uma doença autoimune rara chamada crioglobulinemia e hipertensão. Ela consegue alguns medicamentos pelo Sistema Único de Saúde (SUS), mas nem todos os meses são assim e agora com o aumento dos remédios a situação irá ficar mais complicada. “Vai impactar muito visto que uso o salário para pagar o aluguel, alimentação e transporte, devido às várias consultas mensais que preciso fazer”, conta. 

A dona de casa Maria Creonice Pereira, 56 anos, vê com preocupação mais um aumento. O filho dela é uma pessoa com deficiência e depende do uso de remédios controlados para o bem-estar. “Acaba que é mais um aumento, não tem como correr. Tudo está aumentando e isso preocupa bastante. Não só por causa do meu filho, mas todos nós dependemos de remédios praticamente todos os dias”, pontua. 

Pesquisa de preço

Com o aumento de 10,89% no preço dos medicamentos, a orientação é para que os consumidores façam a cotação em farmácias para economizar. Isto porque nem todas as unidades irão repassar o reajuste de forma imediata aos clientes. Assim explica o presidente executivo do Sindicato das Indústrias Farmacêuticas no Estado de Goiás (Sindifargo), Marçal Henrique Soares, em entrevista ao O Hoje. 

“Nós temos uma Lei Federal que regula os preços dos medicamentos. Sobre o repasse de valores, há de se considerar que existem farmácias e distribuidoras com estoques antigos. No caso da indústria, somos obrigados a cumprir os contratos de venda que vão até até abril ou maio. Eu acredito que tenham farmácias que vão reajustar os preços imediatamente”, informa. 

Por isso, os consumidores precisam encontrar formas de reduzir os gastos. Segundo o presidente do Sindifargo, a melhor maneira de economizar é fazendo cotação nas farmácias. “Deixar de comprar naquela unidade que sempre comprou, se ela reajustou. Mesmo após os reajustes ainda teremos descontos. O consumidor precisa pesquisar, entrar nos sites, ligar e ir às farmácias”, explica. 

O reajuste no valor dos medicamentos ocorre anualmente, segundo esclarece o presidente executivo do Sindifargo. “O coeficiente é calculado de acordo com uma fórmula que considera diversos fatores, estabelecendo níveis de preço. Para os medicamentos que possuem muitos concorrentes no mercado, a exemplo da dipirona e paracetamol, o reajuste é aplicado integralmente”. 

Já para os remédios com poucos fabricantes será dado um desconto de 50% da produtividade. “No último ano, devido à pandemia da Covid-19 e outros problemas, nós não tivemos produtividade positiva. Então, o preço será linear para todos os tipos de medicamentos. Note também que para alimentos, combustíveis e materiais os reajustes são diários”, avalia Marçal. 

Já de acordo com o Sindicato dos Produtos da Indústria Farmacêutica (Sindusfarma), o aumento dos preços deve atingir cerca de 13 mil apresentações de remédios disponíveis no varejo brasileiro.

Repasse

Em algumas drogarias de Goiânia, o reajuste já está sendo repassado para os clientes, conforme explica o farmacêutico Matheus Xavier. “Estamos fazendo publicação no whatsapp da loja e telemarketing informando aos clientes sobre esse reajuste”, explica. 

O farmacêutico revela que a procura também cresceu nos últimos dias. “Estamos tendo aumento na procura, principalmente em alguns medicamentos de uso contínuo. Os clientes estão comprando mais caixas e o fluxo de pessoas também aumentou”, avalia Matheus Xavier. 

Confira cinco dicas para economizar na compra de medicamentos: 

Pesquisar preços: Procure em diferentes redes de farmácias e drogarias, que podem acabar cobrindo os preços da concorrência. Depois de escolher um estabelecimento da sua preferência, faça o cadastro de fidelidade, pois costumam oferecer descontos. Outra opção é usar comparadores online de preços de remédios.

Dê preferência aos genéricos: Peça para seu médico fazer a prescrição pelo nome do princípio ativo, e não pelo nome comercial, para que você opte pelo genérico, sempre mais barato. Vale a pena ainda comparar os valores do mesmo genérico em diferentes laboratórios.

Cadastre-se no programa Farmácia Popular: Se você tem hipertensão, diabetes ou asma, pode adquirir medicamentos gratuitos pela Farmácia Popular, acessível a todos os brasileiros. O programa ainda oferece outros remédios com preços até 90% mais baixos. Basta ir a uma farmácia credenciada, apresentar a receita, que não necessita ser de um médico do Sistema Único de Saúde (SUS), e a identidade.

Utilize programas de fidelidade: Cadastre-se nos programas dos laboratórios aceitos em muitas farmácias, os descontos podem chegar a 70%. Se você é vinculado a um sindicato ou associação de classe profissional, veja se ele não tem parceria com alguma rede, o que também pode reduzir os preços dos medicamentos. Muitos estabelecimentos ainda dão descontos a usuários de alguns planos de saúde.

Remédios gratuitos pelo SUS: O Ministério da Saúde disponibiliza remédios gratuitos para diversas doenças nas Unidades Básicas de Saúde. Só é preciso levar a receita, que não precisa ser de um médico do SUS, e a identidade para retirá-los. Caso necessite de fármacos específicos para doenças crônicas e raras, é possível se cadastrar no Programa de Medicamentos Excepcionais e obtê-los gratuitamente. 

Fonte: Associação Brasileira de Defesa do Consumidor (Proteste)

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