Proposta de 10,16% não agrada professores da rede municipal da Educação e greve continua
A assembleia foi marcada pela presença de centenas de funcionários da rede municipal, que gritavam palavras de ordem e proferiam duras críticas ao prefeito de Goiânia
Por Sabrina Vilela
Após 22 dias de greve, representantes do Sindicato dos Trabalhadores da Educação de Goiás (Sintego) tiveram uma assembleia, ontem (4), no Centro Popular de Abastecimento e Lazer (Cepal) do Setor Sul, para chegar a um acordo sobre o fim da greve, entretanto os funcionários municipais da Educação optaram pela continuidade da greve. Isso porque, de acordo com o Sintego, a proposta apresentada pela Prefeitura não foi satisfatória.
A proposta apresentada pela prefeitura foi de 10,16%, sendo que o valor pedido pela categoria é de 33,24%. De acordo com Bia de Lima, presidente do Sintego, para os administrativos a proposta da data-base de 2020 e 2021 foi de 9,32% mais auxílio locomoção de R$250 e rejuste de 50% do auxílio locomoção para professores. Hoje, na Câmara Municipal de Goiânia, a partir das 9h, será realizada uma discussão para definir os próximos passos dos participantes do ato grevista.
A assembleia foi marcada pela presença de centenas de funcionários da rede municipal, que gritavam palavras de ordem e proferiam duras críticas ao prefeito de Goiânia. Bia de Lima chamou vários representantes da educação para se posicionarem a respeito do percentual, enquanto os profissionais na parte inferior do palanque seguravam várias faixas e gritavam: “A greve continua! Prefeito a culpa é sua!”. Houve no próprio local a votação entre todos os presentes que optaram pela continuação da greve.
De acordo com Bia de Lima, durante a assembleia, a categoria ainda não conseguiu o que foi pedido, mas que a nova proposta de certa forma já foi um “avanço”, mas que não vão desistir de lutar pelos direitos. Sobre a proposta a professora de artes Angélica Oliveira considera inapropriada. “Proposta descabida e ridícula do Prefeito Rogério Cruz. E os retroativos? Um absurdo”, afirma indignada.
A pedagoga Raquel Salomão Morais, que trabalha em um Centro Municipal de Educação Infantil (Cmei), também não concorda com a percentagem proposta. “É uma proposta que não contempla a demanda nem dos professores nem dos administrativos. A categoria exige os 33% do piso salarial nacional e de preferência com os reajustes, retroativos”, reclama.
Professora de história Ana Maria Souza, que trabalha está há 30 anos na rede municipal de Goiânia, considera uma falta de respeito a proposta. “Esse valor não aumentou nem 1% do que havia sido proposto antes da greve. Os professores da rede municipal de Goiânia têm uma história de luta, conquistamos muitos avanços sob muita luta. E de um tempo para cá estamos lutando para não perder as conquistas até agora”, relata.
Resposta da prefeitura
A Secretaria Municipal de Educação (SME), por meio de nota, informa que a pasta ainda não foi notificada oficialmente pelo Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Goiás (Sintego) sobre a rejeição da proposta apresentada pela gestão municipal na última sexta-feira (01/04).
Entre os pontos apresentados para a categoria durante as negociações, a SME Goiânia destaca que propôs um reajuste de 10,16% sobre os vencimentos dos professores que já recebem acima do valor do piso nacional.
A pasta afirma ainda que o percentual proposto levou em consideração a capacidade orçamentária e o limite prudencial da folha de pagamento de município e é exatamente igual ao reajuste apresentado pelo Governo de Goiás à categoria, que foi aceito pelo próprio Sintego.
Ainda sobre as negociações, a SME Goiânia informou que propôs um reajuste de 50% do auxílio locomoção dos professores e um aumento de 10,16% na gratificação de regência de todos os professores que estão em sala de aula ou em função de regência. A proposta inclui também um reajuste de 9,32% nos vencimentos dos servidores administrativos e a criação de vale locomoção no valor de R$ 250 para essa categoria.
A SME Goiânia afirma que “a gestão municipal cumprirá integralmente o piso atualizado em 2022 pelo Governo Federal. Portanto, nenhum professor do município receberá abaixo do piso nacional estipulado, que será de R$3.846,66 para 40 h semanais de trabalho”.