Armas irregulares já causaram 27 acidentes

A Auditoria Fiscal do Trabalho entregou na manhã desta segunda-feira (31) o Termo de Interdição de 2,5 mil pistolas PT 24/7 PRO D da marca Taurus para o Comando Geral da Polícia Militar (PM)

Postado em: 01-11-2017 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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A Auditoria Fiscal do Trabalho entregou na manhã desta segunda-feira (31) o Termo de Interdição de 2,5 mil pistolas PT 24/7 PRO D da marca Taurus para o Comando Geral da Polícia Militar (PM)

O auditor de trabalho Ricardo de Oliveira ressalta que 27 acidentes com vítimas já foram registrados na Polícia Militar devido aos defeitos em pistolas da PM, em Goiás. Os principais defeitos da pistola verificados pela auditoria, em conjunto com peritos da PM, foram: disparos involuntários; disparo ao acionar o desarmador do percussor; falha de ejeção da cápsula ou estojo e travamentos do gatilho e travamento do ferrolho. Além disso, em armas novas foram detectadas rachaduras no carregador; retém do ferrolho quebrado e folgas no desarmador do percussor.

A Auditoria Fiscal do Trabalho entregou na manhã desta segunda-feira (31) o Termo de Interdição de 2,5 mil pistolas PT 24/7 PRO D da marca Taurus para o Comando Geral da Polícia Militar (PM). A auditoria durou cerca de três meses e ocorreu em conjunto com o Ministério Público Federal (MPF) para investigar casos de acidentes, incidentes e a documentação da PM relativa a arma de fogo.

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“As armas apresentam problemas nos seus mecanismos e isso pode acarretar o disparo sozinho, sem necessitar o aperto do gatilho. O disparo acidental também pode acontecer caso a arma caia no chão. Isso causa um risco inerente aos agentes da corporação e a sociedade”, pontua o auditor de trabalho Ricardo de Oliveira.

Durante o processo, a Auditoria concluiu que as pistolas PT 24/7 PRO D seriam inseguras para a atividade policial e exigiu o recolhimento imediato de todo o lote que o governo de Goiás adquiriu da empresa em 2012. Outros modelos também serão investigados como a PT 840.

A motivação da auditoria do trabalho foi para preservar a vida e integridade dos agentes da PM e da sociedade para que mais acidentes, até mesmo fatais, não aconteçam. Durante a auditoria, foram colhidos depoimentos de policiais militares e de outras forças de segurança que utilizam a mesma marca. 

Também foi adquirido informações, dados, denúncias de acidentes e incidentes de policiais de outros Estados para levantar os principais problemas da arma.  Em agosto de 2016, a Divisão de Material Bélico da PMGO divulgou relatório técnico com o receio de acidente com tiros e disparos involuntários envolvendo os agentes.

Atraso de laudos

Um outro problema destacado pela auditoria foi a falta de fiscalização eficaz do controle de qualidade das armas de fogo fabricadas no Brasil e a proteção do mercado nacional. Além disso, a investigação constatou grande atraso de laudos técnicos do Instituto de Criminalística de Goiás, onde há 800 armas da Polícia Militar aguardando finalização da perícia.

A Secretaria de Segurança Pública de Goiás (SSP-GO) foi notificada do Termo de Interdição no final da manhã de ontem (31), em reunião na sede do MTb em Goiânia. Na ocasião, estiveram presentes, além do MPF e do MTb, representantes da PM-GO, do Exército Brasileiro e da SSP/GO. O representante da empresa Taurus não compareceu e nem se manifestou sobre o fato. (Rhudy Crysthian) 

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