Em Goiás, a estimativa é de 20.940 novos casos de câncer surjam até 2023

Dia Mundial de Combate ao Câncer, celebrado em 8 de abril, busca conscientizar população para adotar hábitos saudáveis de vida

Postado em: 08-04-2022 às 07h13
Por: Redação
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Dia Mundial de Combate ao Câncer, celebrado em 8 de abril, busca conscientizar população para adotar hábitos saudáveis de vida | Foto: Divulgação/Governo de São Paulo

Por Ítallo Antkiewicz

Hoje, 8 de abril, é celebrado o Dia Mundial de Combate ao Câncer. A data foi criada pela União Internacional de Controle do Câncer (UICC), com objetivo de conscientizar a população sobre a doença que acomete milhões de pessoas em todo o mundo. Em Goiás, a estimativa é de 20.940 novos casos de câncer até 2023. O tipo de câncer que deve se destacar é o de próstata. A previsão é de que surjam 2.240 casos no estado. 

De acordo com um levantamento da Associação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Combate ao Câncer, em 2020 a Associação de Combate ao Câncer em Goiás (ACCG) foi responsável por 82% dos atendimentos oncológicos no Estado.

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Entre 2010 e 2019, os casos de câncer cresceram 26%, passando de 18,7 milhões para 23,6 milhões de novos diagnósticos, de acordo com a análise do Peso Global do Câncer. O documento analisou dados de 204 países, incluindo o Brasil, e foi divulgado no final de 2021.

A enfermeira Evandra Costa, 56 anos, faz parte dessas estatísticas. Ela relata que em maio de 2015 sentiu muita dor no punho direito ao lavar louça, o que a deixou impossibilitada de executar pequenas atividades como pentear o cabelo. 

“Nós dias seguintes, durante o banho, achei a pele da minha mama direita semelhante à casca de laranja, na região em que já existia um cisto mamário que eu acompanhava anualmente. Tinha sete meses que eu tinha realizado os exames de ultrassonografia e mamografia”, afirma.

Por conta desse fato, a enfermeira procurou o mastologista e realizou outra ultrassonografia, que evidenciou um nódulo Birads 4. Após uma biópsia com realização de histopatológico, veio o diagnóstico de carcinoma in situ infiltrante. Na sequência, Evandra passou por cirurgia com mastectomia total e após 30 dias foram realizados quatro ciclos de quimioterapia (vermelha) com intervalo de 21 dias. 

“Depois foram realizadas 25 sessões de radioterapia e logo após iniciado 14 ciclos de trastuzimabe, concomitante iniciado com hormônio oral bloqueador por cinco anos. Em 2017 realizei a reconstrução mamária com prótese e simetria”, afirma.

Em 2020, Evandra foi informada que o uso do hormônio tamoxifeno seria por 10 anos. Até hoje ela faz visitas ao oncologista a cada três meses. “Tive muitos danos por conta do tratamento, como perda de memória, descalcificação óssea acima do normal pela minha idade. Fui diagnosticada com 49 anos”, ressalta.

A enfermeira revela ainda que retornou ao trabalho com limitação física permanente. Movimentos do braço limitado, perda da força, pois na cirurgia foi retirado linfonodos sentinelas e consequentemente causou sequelas. 

“Reduzi minhas atividades tanto na profissão como atividades do dia a dia, como dirigir, pentear os cabelos, pegar peso, segurar algum material com a mão direita”, afirma. Segundo ela, durante todo tratamento, fui muito feliz. “A família me apoiou muito, meu organismo respondeu bem, melhorei muito minha alimentação. Os ciclos foram realizados sem interrupção”.

A nutricionista Nadhya Christine Louredo de Carvalho, 33 anos, também foi vítima do câncer. Ela descobriu o câncer em junho de 2020, quando tinha 32 anos de idade, bem no início da pandemia. “Estava no banho e senti o nódulo na mama, depois disso comecei a sentir dores locais e o bico do peito começou a ficar bem vermelho e coçando muito. Desde quando senti o nódulo até o diagnóstico foram dois meses de muitos exames e biópsias”, afirma. 

Nadhya Christine ressaltou que o tratamento durou quase um ano, com 16 sessões de quimioterapias, cirurgia de mastectomia, além de 15 sessões de radioterapia. “O tratamento foi bem sofrido, foi um susto muito grande o diagnóstico. Os efeitos das quimioterapias eram bem fortes, tive muito refluxo, obstipação intestinal, muita fraqueza, mucosite e perdi os cabelos, mas sempre tive muita fé em Deus e que seria curada”, afirma.

A nutricionista afirma que tem vivido um dia de cada vez e sempre fortalecendo sua fé. “Tive uma rede de apoio muito boa, minha família e amigos me apoiaram bastante. Tinha dias ruins, mas eu sempre pensava positivo e que tudo ia passar”. Segundo ela, hoje se sente outra pessoa. “O câncer, a doença muda as pessoas. Hoje dou valor nas coisas simples da vida, dou valor nas pessoas, tenho outra vida, outro ritmo”, ressalta. 

Especialistas recomendam hábitos saudáveis e diagnóstico precoce

O mastologista e oncologista Rubens Pereira afirma que o câncer surge a partir de uma mutação genética, onde ocorre alteração no DNA das células. “Esse DNA é responsável pelo controle do crescimento celular, pela regulação normal da célula, então se ocorre mutação, essas células são alteradas, e vão promover um crescimento desordenado, vão se multiplicar, invadindo os tecidos”, ressalta. 

O especialista explica que cada tipo de câncer tem um tempo de tratamento muito variado, como a leucemia, por exemplo, que leva anos de tratamento. “O paciente não para o tratamento, continua sempre em manutenção. Mas existem tumores também que necessitam de cirurgia, radioterapia, quimioterapia. E e o fator principal para determinar o tempo, é quando descobre o tumor, se foi na fase inicial, ou na fase mais avançada”, explica.

Rubens Pereira ressalta que as escolhas do dia a dia e a rotina estressante das pessoas, associadas aos aspectos ambientais, não têm contribuído para uma longevidade saudável. “A industrialização e a urbanização aumentam a exposição do ser humano a fatores de risco, como poluentes, radiação, tabagismo, etilismo, sedentarismo. Ou seja, a expectativa de vida aumentou, porém, o indivíduo também está mais suscetível ao desenvolvimento de doenças, especialmente o câncer”, ressalta.

O especialista destaca, ainda, que o câncer está relacionado fortemente ao envelhecimento celular, o que explicaria a maior incidência a partir dos 60 anos de idade. “Se nós vivêssemos tempo suficiente, cerca de 100 anos, todos teríamos em algum momento um tipo de câncer. Prova disso são os estudos feitos com idosos que morreram, de outras causas, após essa faixa etária. Após fazer a autópsia, a maioria deles tinha células cancerosas”, observa. 

O presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia Regional de Goiás, Frank Braga, esclarece o quanto é importante falar sobre prevenção. De acordo com o profissional, a maioria dos casos de câncer podem ser evitados. “De cada 100 diagnósticos, aproximadamente 70 têm relação direta com o ambiente, como exposição à radiação ionizante, estilo de vida, ingestão de gorduras saturadas e uso inadequado de hormônios”. Dessa forma, o indivíduo tem a possibilidade de fazer a diferença em sua própria saúde.

“Aproveitando o Dia Mundial de Combate ao Câncer, destacamos também sobre a prevenção. Estilo de vida, peso adequado, alimentação balanceada e prática de atividade física são formas eficazes de combater diversos tipos de neoplasias, em especial ao câncer de mama. Portanto, o conselho para a população é para as pessoas se cuidarem e manterem em dia as consultas de rotina. Sabemos que é assim que se começa o combate ao câncer”, orienta Frank Braga.

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