Hospital vai dobrar cirurgias

Habilitação do HGG planeja atender mais pacientes com quadro clínico prejudicado por conta da obesidade

Postado em: 08-11-2017 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
Imagem Ilustrando a Notícia: Hospital vai dobrar cirurgias
Habilitação do HGG planeja atender mais pacientes com quadro clínico prejudicado por conta da obesidade

Wilton Morais* 

Continua após a publicidade

O Ministério da Saúde habilitará oficialmente o Serviço de Cirurgia Bariátrica do Hospital Estadual Alberto Rassi (HGG). A partir da mudança, os procedimentos cirúrgicos para os pacientes com obesidade mórbida saltam de 6 para 12 por mês. Aumentando em 50% o número de procedimentos realizados no hospital. Além disso, após três anos de processo de habilitação, o HGG se tornou a única unidade habilitada com Serviço de Atenção à Obesidade, em Goiás. 

Durante o período foram adquiridos equipamentos específicos para atender pacientes com Índice de Massa Corpórea (IMC) acima de 40. Também foram realizadas diversas adequações para atender as normas da Vigilância Sanitária. Ao todo, o Hospital recebeu quatro enfermarias especiais, com camas que suportam pessoas com cerca de 300 quilos e banheiros com medidas e estruturas adequadas. O Centro de Terapia Intensiva (CTI) também está apto para receber os pacientes super obesos.

Para o professor de historia, Elio Nunes Dias, 37 anos, que realisará a cirurgia bariátrica hoje, a expectativa do tratamento é positiva. “Estou esperando desde 2014, quando iniciei o tratamento, no final daquele ano. Já fiz todo o acompanhamento do programa. Nesse período cheguei a colocar o balão intragastro e consegui reduzir 27 quilos”, disse Elio.

De acordo com o docente, que entrará para a cirurgia com 245 quilos, o tratamento continuo no Programa de Controle e Cirurgia da Obesidade (PCCO), criado em 1998, foi fundamental para coloca-lo apto a cirurgia. “Eu tenho um veículo. Mas estou fora do mercado de trabalho. Preciso contar com o auxilio de amigos e família. A acessibilidade é que mais pressiona o obeso. Às vezes, não somos classificados nem para uma vaga de atendente de call center, para trabalhar sentado. Deixei de lecionar em 2014, não consigo me inserir em processos seletivos. Mesmo sendo aprovado em todas as áreas no final vinha negativo”, argumentou Elio. 

Com registro de obesidade, também em seus irmãos, o professor possui super peso desde a infância e perdeu o pai, por conta dos problemas de sobrepeso. “Ele nasceu já obeso. Eu cheguei a ficar cega, no dia do parto”, disse a mãe de Elio, Elizeth Nunes. Para o operatório, Elio se diz ansioso, “Muitas pessoas voltam saudáveis. Eu tenho uma boa perspectiva da operação. E com a ampliação do número de atendimento no Hospital, esse operatório será ainda melhor. Aqui eles atendem muitas pessoas”, disse. 

Obstáculos

O estudante de farmácia Marcos Vinicius Sousa, 23 anos, é de Porangatu e com o peso de 175 quilos, aguarda pela cirurgia que está agendada para amanha (9). “Essa cirurgia é o que planejei. Estou muito feliz por isso. É um sonho de ter uma reabilitação melhor”, contou.

Há oito anos, Marcos sofreu um acidente de moto, e com sequelas, perdeu parte de uma das pernas. “Eu sempre fui obeso. Mas após o acidente minha situação piorou. Tive um ganho de peso considerável e isso dificultou o uso da prótese. Mas hoje, aos trancos e barrancos, me adaptei bem com ela. Mas ela não tem suportado o meu peso”, relatou. O estudante de farmácia espera ficar bem e com qualidade de vida depois do operatório. “Quero ter uma habilitação melhor com a prótese”, espera. “Eu fiquei muito tempo parado e com vergonha. Evitava alguns ambientes ao sair com os amigos. Após a cirurgia, só falta arrumar uma namorada”, brincou o estudante ao sorrir. 

Aquisição 

Para se tornar referencia Estadual, o HGG recebeu entre, os investimentos, a aquisição de um guindaste, com capacidade até 250 quilos, balança, mesas cirúrgicas, cadeiras de rodas e aparelhos especiais de aferição de pressão.

Ainda nas enfermarias especiais, o Hospital agora conta com vasos sanitários de alvenaria e acabamentos em inox, com maior resistência. De acordo com o diretor técnico do HGG, Rafael Nakamura, com a habilitação dos leitos, será possível faturar junto ao Ministério da Saúde, o valor específico da cirurgia bariátrica. Dessa maneira, o Estado será ressarcido pelas operações, que antes, eram categorizadas como uma cirurgia comum.  

HGG possui mil pacientes em tratamento 

De acordo com dados do Instituto de Desenvolvimento Tecnológico e Humano (IDTECH), o Hospital Estadual Alberto Rassi (HGG) possui cerca de 487 pacientes em tratamento pré operatório, de um total de 1.100 pacientes em pré e pós operatório bariátrico. Apenas neste ano, foram realizadas 58 cirurgias, uma média de seis por mês. 

Também são disponibilizadas no Programa de Controle e Cirurgia da Obesidade (PCCO), 832 consultas por mês, com uma equipe multiprofissional, compostas por médicos cardiologistas, endocrinologistas, pneumologistas e psiquiatras.

O cirurgião bariátrico Luiznei Franscisco da Rocha, explicou o que mudou no Hospital “foi o fato de o HGG adquirir mais recursos junto ao Ministério da Saúde”. O HGG ficou credenciado dessa forma a realizar novos procedimentos, por meio de um código. “Mesmo que façamos a cirurgia bariátrica sem a habilitação, é necessário usarmos códigos que se assemelhem. O que faz o hospital receber uma verba menor. Corremos atrás dessa habilitação já tem três anos. Mas, faltavam muitos detalhes, que foram aperfeiçoados, desde 2014”, explicou. 

A ideia é incrementar o número de cirurgias já neste fim de ano. “Mesmo com o detalhe de muitos pedirem para operar no ano que vem, por conta das festas de fim de ano. Eles querem passar as festas um pouco mais liberadas. Mas a meta é operar já neste mês de novembro e dezembro, esse dobro de atendimento”, considerou.

Para operar o paciente precisa buscar a unidade básica de atendimento, como um Centro de Atenção Integrada à Saúde (Cais), quando o clínico geral em uma consulta, poderá passar os critérios para o operatório.  Após o laudo médico, e a partir do Índice de Massa Corporal (IMC) o paciente pode passar pela cirurgia, dependendo da avaliação médica. Após o encaminhamento no HGG, o paciente entra no programa PCCO. “Não temos paciente em filas, eles estão em tratamento com uma equipe profissional composta por fonoaudiólogos, nutricionistas, fisioterapeutas, assistentes sociais psicólogos, enfermeiros e médicos”, explicou o médico. (Wilton Morais é integrante do programa de estágio do Jornal O Hoje, sob orientação do editor de Cidades Rhudy Crysthian) 

Veja Também