População colabora para mapeamento digital de espaços invisíveis em Goiânia

o projeto estimula o registro da localização de patrimônio arquitetônico art déco, árvores frutíferas, edificações abandonadas e arte urbana, em Goiânia

Postado em: 08-11-2017 às 13h15
Por: Márcio Souza
Imagem Ilustrando a Notícia: População colabora para mapeamento digital de espaços invisíveis em Goiânia
o projeto estimula o registro da localização de patrimônio arquitetônico art déco, árvores frutíferas, edificações abandonadas e arte urbana, em Goiânia

Quando a cidade cresce e a rotina
fica mais corrida e individualista para quem vive nela, é comum deixarmos de
apreciar espaços e elementos que compõem o território urbano coletivo. Diante
desta percepção, o projeto Cidade (In)visível estimula o registro da
localização de patrimônio arquitetônico art déco, árvores frutíferas,
edificações abandonadas e arte urbana, em Goiânia, por meio de mapeamento
digital. Com apoio do Fundo de Arte e Cultura de Goiás, a Sobreurbana realizou
a etapa inicial do trabalho, que está disponível em website aberto à
colaboração da população: 
www.goianiacidadeinvisivel.com.br

Com o intuito de subsidiar o projeto
comemorativo dos 84 anos de Goiânia, durante setembro e outubro deste ano, a
Sobreurbana promoveu diversas oficinas gratuitas, uma delas destinada à criação
de um Guia Colaborativo de Ruralidades Urbanas, com interesse na origem e no
desenvolvimento de práticas de cultivo, criação de animais e apropriações
vinculadas à população que sai do campo para residir na cidade. Além de outras
quatro ações de formação em mapeamento digital com os temas Vazios Urbanos,
Arte Urbana, Cidade Comestível e Art Déco.

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A concepção do projeto Cidade
(In)visível parte do princípio de que só se tem afeto e cuidado por aquilo que
se conhece. “Goiânia possui um importante patrimônio art déco, que boa parte da
população desconhece, e o mapeamento é uma estratégia de sensibilização para a
sua preservação”, comenta a arquiteta urbanista Carol Farias, cofundadora da
Sobreurbana.

Também vão sendo invisibilizados na
cidade os chamados “vazios urbanos”, áreas ou edificações inutilizadas ou
subutilizadas que representam desperdício de espaço e infraestrutura. Para
Carol Farias, são pontos deflagradores de violência urbana que precisam ser
conhecidos para serem discutidos, apropriados e reconvertidos para alguma
função social. “Em novembro de 2016, a Câmara Municipal de Goiânia aprovou, em
primeira votação, lei que propõe que os vazios urbanos sejam destinados a
projetos de Economia Criativa”, lembra.

Já a arte urbana cumpre o papel de
dar vazão à voz e sentimentos da juventude, muitas vezes reprimida na
sociedade. Goiânia possui um acervo respeitável de arte urbana, que elevou
alguns de seus artistas ao reconhecimento internacional, como Kboco e Bicicleta
sem Freio. No entanto, boa parte dessa arte, especialmente aquela ainda
marginal, está disponível em becos e áreas de pequeno acesso.

Cidade comestível

O Museu Zoroastro Artiaga, localizado
na Praça Cívica, está cercado de mangueiras. No Setor Universitário, tem
cajueiro na Rua 227 e mamoeiro na 1ª Avenida. Jambo do Pará podem ser
encontrados no Setor Bueno e Parque Amazonas. “Precisamos respeitar e valorizar
a vegetação contida entre os espaços construídos. As árvores frutíferas são
importantes elos de ligação entre as pessoas e essa natureza”, opina a
arquiteta urbanista.

Para quem acessar o site, o mapa
digital Cidade (In)visivel poderá se revelar como uma maneira interessante de
reconhecimento de Goiânia. A ferramenta foi criada em código aberto para que
possa ser livremente utilizada por qualquer pessoa. “O mapeamento vai se tornar
cada vez mais atrativo à medida que os dados forem sendo publicados, a partir
da colaboração de seus usuários. Este é o nosso desafio”, ressalta o jornalista
André Gonçalves, cofundador da Sobreurbana.

Foto: Divulgação

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