Cooperativas de transportes em Goiás cresceram 45% em dez anos

O cooperativismo goiano foi um dos mais impactados nos últimos dois anos pela pandemia da Covid-19.

Postado em: 05-05-2022 às 08h08
Por: Redação
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O cooperativismo goiano foi um dos mais impactados nos últimos dois anos pela pandemia da Covid-19 | Foto: Pedro Pinheiro

Por Ítallo Antkiewicz

O número de cooperativas de transporte cresceu 45% entre 2010 e 2020 em Goiás, segundo dados do Sistema da Organização das Cooperativas Brasileiras em Goiás (OCB-GO). Passou de 35 para 51 unidades neste período. Para se ter uma ideia, entre 2019 e 2020 houve ainda o acréscimo de uma nova cooperativa de transporte em Goiás e o total de ativos do segmento mais do que dobrou, de R$25,6 milhões para R$57,1 milhões.

Entretanto, este ramo do cooperativismo goiano foi um dos mais impactados nos últimos dois anos pela pandemia da Covid-19. A receita bruta das cooperativas de transporte em Goiás sofreu redução de 30% em 2020, primeiro ano da pandemia, para R$116 milhões.

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Também houve queda significativa no número de cooperados: eram 4,5 mil em 2010 e 3,8 mil em 2020, principalmente por conta dos efeitos da crise sanitária em várias atividades neste ramo em 2020, que afetou fortemente as cooperativas de transporte escolar.

Com o avanço da vacinação contra a Covid-19 e a retomada no segundo semestre do ano passado de praticamente todas as atividades econômicas, como as aulas presenciais na rede ensino pública e privada de Goiás, a expectativa é de forte recuperação no ramo das cooperativas de transportes.

O presidente do Sistema OCB-GO, Luís Alberto Pereira, ressalta que as cooperativas que se dedicam ao transporte escolar e de passageiros (táxis) sofreram o maior impacto com a pandemia. “Tivemos que fazer ações emergenciais, de caráter assistencial, para ajudá-los, pois o ensino e o trabalho presenciais foram interrompidos e as pessoas passaram a realizar suas atividades em casa”, afirma.

Já as cooperativas de transporte de cargas, segundo o dirigente, viveram uma situação diferente em razão da produção agropecuária, evitando impactos diretos nos serviços dessa natureza. “Esse segmento teve uma recuperação rápida e foi fundamental para garantir o abastecimento durante a pandemia”, frisa.

Delivery

Um segmento no ramo de transportes que se beneficiou da pandemia foi o de delivery.  O diretor administrativo da Cooperativa dos Condutores de Motocicletas do Estado de Goiás (Coopmego), Rubens Dias dos Santos, avalia que diante da necessidade de distanciamento social, as pessoas puderam constatar que o custo e benefício do serviço de entregas de produtos, principalmente de gêneros de primeira necessidade, como comida, remédios e bebidas, é positivo.

“Durante a pandemia, não paramos, assumimos o risco, mantivemos as entregas e as pessoas perceberam as vantagens desse serviço”, afirma.  A cooperativa viu o seu número de cooperados saltar de 260 para quase 390 nos últimos dois anos e os clientes fixos subiram cerca de 28%”, comemora.

Transporte escolar

O transporte escolar é o segmento do ramo que mais foi afetado pela pandemia e teve as suas atividades paralisadas totalmente por mais de dois anos.  O presidente da Cooperativa do Transporte Escolar e Turismo do Estado de Goiás (Cooperteg), Adilson Humberto Lellis, explica que estão recomeçando do zero, praticamente.

“Já temos cerca de 80% do serviço retomado, mas acredito que até o fim do ano ainda estaremos em recuperação. Muitos proprietários de vans perderam seus veículos por dificuldade de pagar as prestações e os devolvem para os bancos”, pontua Lellis.

Ganhos e perdas

Se a crise sanitária não afetou diretamente o transporte de grãos, o mesmo não se pode dizer da paralisação das fábricas de peças para veículos automotores, fortemente impactada com o aumento dos custos das peças de reposição, como pneus e tambores de freio, além dos próprios caminhões.

O presidente da Cooperativa dos Transportadores de Brasília e Entorno (GTBEN), Francisco Miranda Vieira, explica que, como o setor agrícola não parou em nenhum momento, o escoamento das safras para portos e armazéns manteve sua normalidade na pandemia. E a lucratividade do segmento, no entanto, vem se deteriorando nos últimos dois anos, impactada, além do custo das peças, pelo aumento do preço do diesel.

“Nós pagamos R$330 por um tambor de freio antes da pandemia e hoje ele custa R$900. Os pneus, em pouco mais de um ano, subiram mais de 50%. Para comprar um caminhão novo, o prazo de entrega passou a ser de 120 dias, pois faltam componentes e o preço de um cavalo mecânico subiu de R$500 mil para mais de R$800 mil”, afirma Vieira.

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