82% dos brasileiros aceitariam ganhar menos que o último cargo exercido

Levantamento identificou também que mais de 30% dos brasileiros já omitiram ou omitiriam qualificações do currículo para concorrerem a vagas inferiores à sua experiência

Postado em: 18-11-2017 às 09h05
Por: Victor Pimenta
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Levantamento identificou também que mais de 30% dos brasileiros já omitiram ou omitiriam qualificações do currículo para concorrerem a vagas inferiores à sua experiência

Kamilla Lemes*

Uma pesquisa elaborada pela Catho, em outubro, mostrou que 82% dos profissionais brasileiros estão abrindo mão de cargos e salários em busca de uma recolocação profissional. Mais de 30% deles omitiram ou omitiriam qualificações do currículo para concorrerem a vagas inferiores. O fato é que a recessão no mercado afetou os brasileiros de maneira geral, até mesmo aqueles que são considerados qualificados demais.

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Para a psicóloga, Larissa Meiglin, é de extrema importância que seja feita uma análise criteriosa do candidato com relação aos objetivos da oferta. “A alternativa para esse dilema é avaliar criticamente se a vaga em questão oferece os requisitos mínimos que o profissional poderia aceitar, mesmo que abaixo de sua última experiência profissional e verificar seu grau de interesse pelos desafios que a oportunidade proporciona”, explica.

O estudante de Publicidade e Propaganda, Victor Morais, afirma que estar desempregado é situação de desespero e afirma que aceitaria trabalhar mesmo que não ganhe muito além do que o habitual. “Sim, com certeza eu ingressaria no mercado de trabalho ganhando menos do que a média salarial, tanto para me recolocar no mercado quanto para ter oportunidade de conquistar novos caminhos dentro da empresa. Apesar de ser por um salário menor, estar ingressado já é um passo a mais, na fila de espera por novas vagas”, refletiu.

Atualmente, a grande maioria das empresas optam por demissões em meio à crise financeira do País. Wesley Montelo de Faria trabalhava em Brasília, com Organizações não Governamentais (ONG). Com a mudança para Goiânia, precisou voltar para o setor de iniciativa privada, com uma baixa remuneração. “Eu vivo a real situação de readequação no mercado de trabalho. Em setembro, a empresa que eu trabalhei por cinco anos, precisou me desligar em decorrência do meu salário ser alto. Meu cargo era de chefia e, conforme a lei, eles não poderiam reduzir o valor. Aqui na Capital, consegui um emprego na Iniciativa Privada, por ser o mesmo segmento, porém,  o salário é bem inferior às minhas qualificações”, alegou.

E se por um lado os profissionais aceitariam essas vagas inferiores, por outro, mais de 54% dos empregadores não estão dispostos a dar uma vaga a um profissional mais qualificado do que o exigido.

Essa preocupação por parte do candidato se faz necessária, pois ninguém quer entrar em uma nova empresa contando os dias para sair, seja por conta de remuneração e benefícios inferiores, seja pela frustração decorrente da impossibilidade de aplicar todas competências profissionais no novo trabalho. O mesmo acontece com o recrutador: ele não quer correr o risco de ter um funcionário que pode ficar no trabalho até achar algo melhor.

A pesquisa identificou também que 29% dos profissionais acreditam que perderam oportunidades por ter um currículo superior à vaga que estavam concorrendo. “Atualmente busco um trabalho melhor no cenário goiano. Estou almejando, pois tenho uma vasta experiência na área que trabalho. Estou há 20 anos no ramo, com ONGs e também busco uma melhor situação financeira, com base na minha formação”, destacou Wesley.

Da parte dos recrutadores, 51% afirmaram que já precisaram baixar as exigências de uma vaga para encontrar um profissional.

Além disso, os profissionais de RH indicam que os candidatos devem procurar orientação especializada, a começar pelo currículo bem feito que fará toda a diferença. Atualmente, os recrutadores levam de 30 a 40 segundos para analisar um currículo recebido. Logo, para ser a chave de um convite para uma entrevista, ele tem de ser objetivo e atraente. “É fundamental que ele seja atrativo para quem lê, portanto, objetivo e qualificações devem ser as primeiras informações, a fim de que o recrutador saiba de imediato se o profissional atende às demandas da vaga”, explica Larissa.

Uma vez na entrevista, segurança é a palavra-chave. “É fundamental que durante uma entrevista de emprego, o profissional saiba valorizar o que tem de melhor, a fim de impressionar o recrutador. Para isso, o candidato deve se conhecer e saber quais são as suas competências”, finaliza a psicóloga.

A pesquisa Catho sobre crise e mercado de trabalho foi realizada com 742 pessoas da sua base nacional. 

*Kamilla Lemes faz parte do programa de estágio do Jornal O Hoje, sob orientação de Naiara Gonçalves. (Foto: Reprodução)

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