Trânsito trava a 11 km/h nas principais vias de Goiânia

Um exemplo é o descolamento na Rua 82, que circula a Praça Cívica, no centro de Goiânia. Enquanto a frota de carros e motos cresce vertiginosamente, os motoristas se amontoam e brigam por espaços com pedestres

Postado em: 07-06-2022 às 09h00
Por: Ítallo Antkiewicz
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Um exemplo é o descolamento na Rua 82, que circula a Praça Cívica, no centro de Goiânia. Enquanto a frota de carros e motos cresce vertiginosamente, os motoristas se amontoam e brigam por espaços com pedestres | Foto: Pedro Pinheiro

Com a baixa qualidade do transporte público em Goiânia, os motoristas que trafegam pelas principais vias da Capital enfrentam, especialmente em horário de pico, quilômetros de lentidão no trânsito. As avenidas Goiás, 85, Tocantins, Independência, Anhanguera, Castelo Branco, além da Marginal Botafogo tem uma velocidade média de 11 quilômetros por hora. Enquanto a frota de carros e motos cresce vertiginosamente, os motoristas se amontoam e brigam por espaços com pedestres e ônibus do transporte coletivo. 

Seja nos horários de pico ou ao longo do dia, o tráfego em Goiânia não tem conseguido absorver a enorme frota de veículos. Um exemplo é o descolamento na Rua 82, que circula a Praça Cívica, no centro de Goiânia. A velocidade média no local é de 18 quilômetros por hora. Já na Avenida Anhanguera, no trecho entre a Avenida República do Líbano e a Marginal Botafogo, a velocidade média era de 10 quilômetros por hora.

A arquiteta, urbanista e doutora em transportes Erika Cristine Kneib, avalia que a baixa fluidez no trânsito está associada ao excesso de uso de automóveis e por sua vez, está relacionada à quantidade de vias na cidade. “A melhoria do transporte coletivo diminuiria veículos nas ruas, melhorando a mobilidade da Capital”, afirma.

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Kneib elogia o Plano Diretor de Goiânia de 2007 que prevê uma série de obras para o transporte público. “A proposta do Plano Diretor de 2007 é muito positiva no fortalecimento do Transporte Público e a revisão que está sendo feita continua com esse planejamento. No entanto, alega que nos mais de 15 anos que estão entre a aprovação e a atual revisão do Plano Diretor, pouco do que foi pensado teve implementação”, ressalta.

Para a especialista, o grande problema é que o planejamento existe, mas implementou-se pouco do que foi planejado. “Todos os corredores de ônibus e ciclovias presentes no mapa do Plano Diretor de 2007, apenas 15% podem ter saído do papel. Muito do que foi planejado ainda precisa ser implementado e tem que estar articulado com o todo. Não dá para brotar uma obra nova que não está no contexto da cidade”, pontua.

Baixa fluidez

O Engenheiro de Transportes e Professor do IFG, Marcos Rothen pontua que a velocidade de uma via é definida considerando as condições físicas da via. “Se uma via é estreita a velocidade deve ser menor, se tiver curvas da mesma forma, considera a visibilidade para os motoristas, a via tem cruzamentos, e consideradas as condições do ambiente em que está implantada a via. Por exemplo, é uma zona residencial, tem muitos outros usuários da via, tem cruzamentos, pontos de ônibus e escolas.  Enfim, são consideradas as condições de segurança para quem trafega e para todos os usuários do local”, afirma.

Rothen ressalta que ao não respeitar os limites de velocidade o motorista coloca em risco e afeta o conforto dos demais usuários e coloca em risco a sua própria segurança. “Se um motorista fizer uma curva acima da velocidade projetada, que pode ser próxima da permitida, ele pode perder o controle do carro”, explica.

O engenheiro explica que cada vez temos cidades maiores, e as pessoas vão se espalhando e morando em locais cada vez mais longe. “Muitas pessoas precisam utilizar algum meio de transporte para ir trabalhar, estudar, fazer compras, ir ao médico e outras necessidades. Assim como as pessoas mais precisam dos carros e outros tipos, mais veículos tem nas ruas e a rua tem capacidades limitadas. Ou seja, se querem passar 1500 e só cabem 1000 vai demorar para todos”, pontua.

O especialista salienta também que na cidade nem todas as pessoas vão para o mesmo lugar, assim temos os cruzamentos de veículos, temos os locais para os pedestres atravessarem as ruas, os locais onde as pessoas precisam ir e assim por diante. 

Segundo o engenheiro, o trânsito pode melhorar muito, temos muitos problemas de sinalização de controle, muitos semáforos com coordenação falha obrigando os motoristas a ficarem parados muitas vezes sem necessidade. “Temos também um desrespeito muito grande, por exemplo, um veículo que para num lugar proibido afeta a velocidade de muitos carros, pois reduz o espaço para os outros trafegarem. E também é importante o planejamento da cidade, aqui estamos fazendo prédios cada vez mais altos, com mais garagens e as vias são as mesmas”, afirma. 

Obras contribuem para travar o trânsito 

Outro fator que tem deixado o trânsito mais lento em Goiânia é a quantidade de obras sendo executadas ao mesmo tempo na cidade. De acordo com a SMT, os trechos afetados pelas obras e de pavimentação asfáltica também apresentam lentidão no trânsito. As regiões mais afetadas pelas obras estão justamente na parte mais movimentada da cidade: A região Centro-Sul. No Centro, por exemplo, motoristas sofrem com as interdições na Avenida Goiás para a construção e finalização das obras do BRT Norte-Sul.

Frota

Dados do Departamento Estadual de Trânsito de Goiás (Detran-GO) revelam que há mais de 4,23 milhões de veículos registrados na Capital. Com uma média de quase um carro por habitante, Goiânia tem hoje a sexta maior frota de veículos do País. De acordo com estimativas do Detran-GO cerca de um milhão de veículos entre carros, caminhões, motos, carretas, entre outros, circulam pela cidade diariamente. A alta circulação de carros afeta diretamente no aumento dos congestionamentos.

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