Goiás registra 2.853 casos de infecções sexualmente transmissíveis

Segundo a especialista, houve nos últimos anos um aumento das DSTs, principalmente, na faixa etária de 15 a 24 anos

Postado em: 09-06-2022 às 08h17
Por: Sabrina Vilela
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Segundo a especialista, houve nos últimos anos um aumento das DSTs, principalmente, na faixa etária de 15 a 24 anos | Foto: Pedro Pinheiro

A Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), divulgada em 2021, aponta que cerca de 1 milhão de pessoas afirmou ter tido diagnóstico médico de Infecção Sexualmente Transmissível (IST), ou seja, 0,6% da população acima de 18 anos estavam infectadas. Os dados são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em conjunto com o Ministério da Saúde (MS).

Em 2020, o número total de casos notificados no Brasil foi de 115.371. Na estratificação por regiões, observaram-se 54.586 (47,3%) casos notificados na região Sudeste, 27.201 (23,6%) na região Sul, 15.601 (13,5%) na região Nordeste, 9.744 (8,4%) na região Centro Oeste e 8.239 (7,1%) na região Norte  conforme destaca a Infectologista Ana Carolina Andrade.

A doutora explica que as doenças sexualmente transmissíveis , conhecidas como  DST , são transmitidas por meio do contato sexual desprotegido sem o uso adequado de preservativos podem ser transmitidas por diversos agentes como bactérias e vírus Exemplos comuns são a sífilis, HIV,HPV, gonorreia, clamídia e cancro mole. 

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Segundo a especialista, houve nos últimos anos um aumento das DSTs, principalmente, na faixa etária de 15 a 24 anos. Ela aponta esse aumento a baixa adesão ao uso de preservativo, por desconhecerem a gravidade das doenças sexualmente transmissíveis e acreditarem que o HIV não apresenta mais risco uma vez que atualmente apresenta tratamento. 

Evolução das doenças

No entanto , segundo ela, é importante entender a importância de prevenir essas doenças que podem evoluir com complicações com importante impacto na qualidade de vida, como infertilidade,câncer de colo de útero e colorretal como no caso do HPV .

“Além disso , no contato sexual desprotegido podem ser transmitidas outras doenças também, como hepatites B e C, que podem levar a cirrose hepática e óbito. A divulgação de campanhas que estimulem e divulguem a importância do uso de preservativos se faz cada vez mais necessária na população jovem”. 

Andrade afirma que os casos no Brasil e em Goiás apresentam o mesmo panorama mundial de aumento de DSTs . No período de 2010 a junho de 2021, foram notificados no Sinan um total de 917.473 casos de sífilis adquirida, dos quais 51,7% ocorreram na região Sudeste, 22,4% no Sul, 13,4% no Nordeste, 6,9% no Centro-Oeste e 5,6% no Norte .

A melhor maneira de disseminar essa doença é “o uso de preservativo e a disseminação da importância dessa doença e seus agravos é a melhor forma de reduzir esse números. Em caso da presença de úlcera , secreção ou verrugas em região genital , deve-se procurar atendimento médico para diagnóstico e tratamento adequados. As mulheres devem realizar exames ginecológicos anuais para coleta de material para realização de exame preventivo de câncer de colo uterino e avaliação de presença de outras doenças .

A infectologista afirma que os exames de rotina deve ser feito não apenas pelas mulheres, mas também pelos homens. “Exames rotineiros em busca de doenças sexualmente transmissíveis devem ser realizados, por homens e mulheres , a fim de detectar de forma precoce , iniciando tratamento e diminuindo a transmissão e o risco de complicações”. 

Medidas no Estado e Capital 

A Secretaria de Estado da Saúde (Ses-GO) informou ao O Hoje que o Governo de Goiás/SES-GO possui 19 Centros de Testagem e Aconselhamento (CTA) que realizam testagem rápida de HIV, Sífilis, Hepatites B e C e aconselhamento sobre Prevenção Combinada. Além destes 19 Centros, são realizados testes rápidos nas Unidades Básicas de Saúde, CAIS, UPA.

A pasta informa que também existem 14 Serviços de Assistência Especializada (SAE) voltados para pacientes vivendo com HIV e com Hepatites Virais, que segundo eles estão com previsão de expansão ainda em 2022 para 24 unidades, incluindo neste número a implantação de SAE nas Policlínicas Estaduais.

 São realizadas capacitações, palestras e ações de testagem em áreas públicas e empresas e distribuição de testes rápidos, fórmula infantil para crianças nascidas de mães com HIV e preservativos masculinos e femininos a todos os municípios de Goiás, bem como monitoramento do número de casos e vigilância epidemiológica dos agravos, como forma de ampliar o diagnóstico, aumentar a prevenção e reduzir a cadeia de transmissão das infecções.

De acordo com a secretaria é de responsabilidade dos municípios prover o acesso aos medicamentos para o tratamento das Infecções Sexualmente Transmissíveis. O Estado distribui os medicamentos fornecidos pelo Ministério da Saúde como antirretrovirais e antibióticos. Devido ao desabastecimento ocorrido dos medicamentos para atender os casos de Sífilis, o Ministério da Saúde centralizou a aquisição realizando a distribuição aos estados/municípios para atender a demanda.

A Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia (SMS) informa que foram diagnosticados 512 indivíduos para HIV/AIDS no ano de 2021 e que as medidas tomadas pela SMS para diminuir o número de casos são a capacitação dos profissionais de saúde para ampliação da oferta de testagem; capacitação aos profissionais de saúde acerca da Profilaxia Pré-Exposição (PreP) no público e privado; distribuição de preservativos e gel lubrificante; realização de campanhas de testagem para população em geral.

A Profilaxia Pré-Exposição ao HIV é uma das formas de prevenção disponíveis em casos de infecções pelo HIV. Neste caso, um comprimido deve ser tomado diariamente – ele permite ao organismo estar preparado para enfrentar um possível contato com o HIV. A PrEP é a combinação de dos medicamentos tenofovir com entricitabina que bloqueiam alguns “caminhos” que o HIV usa para infectar o organismo. Para começar a fazer o uso do medicamento a pessoa deve procurar um auxílio médico, pois não é indicado para todas as pessoas. 

De acordo com a SMS, a sífilis é a DST mais predominante na Capital, por isso o município fornece acompanhamento médico para o tratamento e fornecimento da medicação necessária, como  antibióticos injetáveis e de uso oral.

Em Goiânia existem sete unidades de saúde voltadas para atendimentos de DST, são elas: Unidade de Pronto Atendimento (Upa) Chácara do Governador , Cais de Campinas, Upa Novo Mundo, Cais Bairro Goiá, Upa Noroeste, Upa Itaipu e Cais Vila Nova. 

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