Fraude no vale refeição para lavagem de dinheiro

Suspeita de ‘esconder’ R$ 8 milhões do sistema tributário, quadrilha atuava no segmento de secos e molhados na região de Campinas

Postado em: 30-11-2017 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Suspeita de ‘esconder’ R$ 8 milhões do sistema tributário, quadrilha atuava no segmento de secos e molhados na região de Campinas

Marcus Vinícius Beck*

Trambique em vale-refeição/alimentação era uma das atividades ilegais de quadrilha que foi desmantelada ontem (29) pela Polícia Civil, em Goiânia. O esquema contava com a ajuda de funcionários ligados às empresas que foram alvos da Operação ‘Terra Prometida’, cujo nome é uma alusão ao nome da empresa, e que tinha como principal negócio a venda créditos em cartões alimentação e refeição aos patrões em empresas fantasmas. Os tickets eram vendidos a empresa e, com isso, chegava a embolsar de 10% a 15% do valor total dos vales. “Para utilizar as máquinas de ticket alimentação, eles criaram empresas fantasmas”, diz Fernando Bittencourt, delegado Regional da Fiscalização em Goiás.

Os suspeitos podem ter de responder por lavagem de dinheiro e crime contra a economia popular, o que pode lhes reder pena de três a 18 anos de prisão, caso sejam condenados. Segundo o delegado adjunto da Delegacia de Repressão a Crimes contra a Ordem Tributária (DOT), Charles Ricardo Lobo Júnior, a quantia movimentada pelo grupo era enorme, mas ainda não chegou a ser investigada pela Justiça. 

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Acusado de ‘esconder’ R$ 8 milhões do fisco, a quadrilha atuava no segmento de bebidas no Setor Campinas, em Goiânia, na região noroeste. Foram cumpridos até o momento mandados em 142 estabelecimentos que estavam sob responsabilidade do grupo. Segundo Bittencourt, os suspeitos foram presos com uma espingarda caseira e um revolver calibre 38. “Mas os criminosos não falaram por que eles tinham armas em casa”, afirma Bittencourt, acrescentando que o grupo já foi alvo da Justiça outras 40 vezes. 

“Essa operação, que lhes colocou na prisão, demorou pelo menos um ano”, relata. As investigações começaram em 2016, e os relatórios de inteligência apontaram que a quadrilha poderia ter sido responsável por inúmeras outras irregularidades no âmbito do sistema tributário. 

A operação, que foi encabeçada pela Secretaria da Fazenda do Estado de Goiás, contou com a colaboração da Policia Militar e da Polícia Civil. Pelo menos 80 agentes públicos.  As prisões ocorreram em estabelecimentos comerciais. Inclusive, uma delas foi em flagrante por porte de arma de fogo.

Outro caso

Crimes contra o sistema tributário são comuns no estado de Goiás. Na última terça-feira (28), uma operação do Ministério Público (MP-GO) realizou fiscalização em 11 estabelecimentos de Goiânia. O grupo suspeito, que teve R$ 274 milhões em bens bloqueados pela Justiça, é acusado de ter cometidos crimes contra a ordem tributária. 

Denominada Reverso, a ação também contou com o envolvimento da Secretaria da Fazenda, Polícia Civil e Procuradoria Geral do Estado. Até o momento, foram cumpridos pelo menos 11 mandados de busca e apreensão nos comércios da Capital. A intenção era constatar se estabelecimentos não estavam pagando os impostos que são previstos em lei. (Marcus Vinícius Beck é estagiário do jornal O Hoje, sob orientação do editor de Cidades Rhudy Crysthian) 

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