Acidentes envolvendo ciclistas crescem mais de 100% em Goiás

Andar de bicicleta em Goiânia está cada vez mais difícil, devido ao desrespeito dos motoristas e a falta de infraestrutura

Postado em: 14-06-2022 às 08h16
Por: Ítallo Antkiewicz
Imagem Ilustrando a Notícia: Acidentes envolvendo ciclistas crescem mais de 100% em Goiás
Andar de bicicleta em Goiânia está cada vez mais difícil, devido ao desrespeito dos motoristas e a falta de infraestrutura | Foto: Pedro Pinheiro

Goiás tem crescimento de 101% no número de ciclistas internados por acidentes de trânsito. Com o resultado, o Estado passou a liderar a lista com o maior crescimento percentual de acidentes graves com usuários de bicicletas em todo o Brasil. Os dados são da Associação Brasileira de Medicina do Trânsito (Abramet), coletados por meio do Sistema Único de Saúde (SUS). O número total de acidentes graves entre ciclistas brasileiros em 2021 aumentou 11% em relação a 2020. Em números absolutos, são 14.416 casos em 2020 e 16.070 em 2021.

O Brasil registrou cerca de quatro mortes de ciclistas por dia entre 2018 e 2020, mostra o levantamento da Abramet. Em Goiás, o número de ciclistas gravemente feridos em acidentes de trânsito dobrou entre 2021 e 2020. De acordo com o  Hospital Estadual de Urgências de Goiânia Dr.Valdemiro Cruz (HUGO), apenas no mês passado foram atendidas 22 ocorrências de acidentes com ciclistas na Capital.

Mesmo em meio a estes riscos, João Paulo Borges ressalta que o grande problema hoje dentro do ciclismo na Capital é o desrespeito. “A gente presencia e passa por situações de xingamento todos os dias, por que muitos motoristas não vêem os ciclistas como parte do trânsito”, afirmou o engenheiro mecânico que pratica ciclismo como atividade de lazer há dois anos. 

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Entretanto, Camilo Novaes, que faz parte do grupo Pedal Juriti, ressalta em evidência a falta de fiscalização, uma vez que os motoristas desrespeitam os ciclistas. “Já presenciei um acidente, que o motociclista avançou o cruzamento e pegou o rapaz que estava de bike. Ele não se machucou muito, mas acabou ficando com ferimentos e deixou de rodar na cidade devido à falta de respeito e medo de se acidentar novamente”, contou.

“Mesmo com uma boa sinalização não é o suficiente, a gente nunca vê nenhuma atitude do município. É complicado saber que estou me arriscando, mas infelizmente é a única forma da gente conseguir notoriedade para que os órgãos municipais percebam que necessitamos de mais espaço e segurança para nos locomover e rodar pela cidade de bike”, reclama o ciclista. 

Trânsito da Capital

Foto: Pedro Pinheiro

O Engenheiro de Transportes, Marcos Rothen ressalta que Goiânia apresenta uma insegurança para todos os usuários das vias. “Temos problemas de sinalização, vias mal construídas, motoristas e demais usuários com muito pouco respeito pelo outro. O número de ciclistas circulando aumentou muito, isso aconteceu sem que os novos ciclistas tivessem qualquer orientação de como se comportar no trânsito. Nem uma roupa que os tornem visíveis para os motoristas eles usam. Deveriam usar até algo refletivo”, afirma.

O especialista pontua que Goiânia precisa passar por um choque de ordem no trânsito, a situação fica cada dia mais crítica. “À medida que motoristas e motociclistas não seguem as regras temos um caos que é ruim para todos. Goiânia é insegura até para os veículos pesados, então nunca esteve preparada para receber os ciclistas. Devemos investir muito na educação dos usuários da via e onde for possível construir ciclovias ou faixas. Mas sempre será necessário que o convívio seja amistoso entre todos os usuários”, explica Rothen.

Trechos de ciclovias e fiscalização

O gerente de educação para o Trânsito da Secretaria Municipal de Mobilidade (SMM), Horácio Ferreira, ressalta que em Goiânia, existem aproximadamente 90 km de malha cicloviária implantadas. “Nós fiscalizamos as ciclovias e ciclofaixas em Goiânia diariamente, de acordo com a legislação de cada uma. Então, nos finais de semana, onde nós temos as ciclofaixas de uso exclusivo de bicicletas para os finais de semana e feriados, os agentes de trânsito já estão fazendo a fiscalização no horário que é determinado pela legislação”, afirma.

Devido à fiscalização, o gerente de educação da SMM afirma que quando há reclamações de ciclistas é após o período. “Há reclamações quando nós saímos do local onde acaba alguém voltando ou estacionando de forma irregular, mas como nós estamos presentes todos os finais de semana e feriados fiscalizando as ciclovias, ciclofaixas, eles já sabem que nós fazemos a fiscalização”, completa.

De acordo com o gerente, a fiscalização é feita pelo agente de trânsito que, ao chegar à ciclovia, verifica o carro e constata a infração, fazendo com que o motorista seja autuado e o veículo retirado do local. Com objetivo de garantir a segurança do ciclista, Ferreira reforça que a fiscalização é feita sempre que necessário, sem horário fixo. “Para os agentes de trânsito da SMM, a fiscalização de ciclofaixas e ciclovias são de rotina”, pontua. (Especial para O Hoje)

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