Bolsonaro defende CPI da Petrobras e propõe renúncia do presidente da estatal: Brasil pode “mergulhar num caos”

Segundo Bolsonaro, o conselho da Petrobras está “boicotando” o novo ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida, ao não se reunir para votar as novas indicações feitas pelo governo para o comando da empresa

Postado em: 17-06-2022 às 15h48
Por: Rodrigo Melo
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Segundo Bolsonaro, o conselho da Petrobras está “boicotando” o novo ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida | Foto: Marcelo Camargo

O presidente Jair Bolsonaro (PL) propôs nesta sexta-feira (17/6), uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) no Congresso Nacional para investigar o presidente, os diretores, o conselho administrativo e fiscal da Petrobras. A declaração foi dada após a estatal anunciar novos aumentos nos preços dos combustíveis. O preço do litro da gasolina vendido às distribuidoras passou de R$ 3,86 para R$ 4,06. No caso do diesel, de R$ 4,91 para R$ 5,61. O aumento passa a valer a partir deste sábado (18/6).

“É traição para com o povo brasileiro. O presidente, seus diretores e seu conselho traíram o povo. O lucro da Petrobras é algo estúpido. Ela lucra seis vezes mais que a média das petroleiras de todo o mundo. Petroleiras fora do Brasil reduziram margem de lucro para atender aos anseios da sua população num momento de crise”, disse Bolsonaro em entrevista à rádio Meio Dia Rio Grande do Norte.

Bolsonaro alegou já ter conversado sobre a possível CPI da Petrobras com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e chegou a pedir a renúncia do atual presidente da Petrobras, José Mauro Ferreira Coelho, empossado a cerca de dois meses.

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“Arthur Lira está neste momento reunido com líderes partidários. A ideia nossa é propor uma CPI para investigar o presidente da Petrobras, os seus diretores e também o conselho administrativo e fiscal. Nós queremos saber se tem algo errado nessa conduta deles, porque é inconcebível se conceder um reajuste com o valor dos combustíveis lá em cima e com os lucros exorbitantes que a Petrobras está tendo”, continuou o presidente.

O titular do Palácio do Planalto afirmou que o novo reajuste destrói a economia brasileira, leva à inflação e à perda do poder aquisitivo e é “irracional”. Segundo Bolsonaro, o conselho da Petrobras está “boicotando” o novo ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida, ao não se reunir para votar as novas indicações feitas pelo governo para o comando da empresa.

“A coisa mais importante é trocar o presidente e os diretores da Petrobras. Esperamos poder conseguir fazer isso nos próximos dias, porque não depende de uma canetada do ministro, tem que negociar com o conselho”, afirmou.

O chefe do Executivo nacional escreveu em sua conta no Twitter que a Petrobras pode “mergulhar o Brasil num caos” caso promova um reajuste dos combustíveis.

Reajuste da Petrobras

O último ajuste no preço gasolina ocorreu em 11 de março, há 99 dias. Para o diesel, o reajuste ocorre 39 dias depois do aumento anterior. Segundo a Associação Brasileira dos Importadores e Combustíveis (Abicom), a defasagem em relação ao combustível no mercado externo é de até 18% no diesel e de 14% na gasolina.

O Conselho de Administração da Petrobras aprovou, em reunião extraordinária realizada na quinta-feira (16/6), aumento do preço da gasolina e do diesel. Entre as demandas do governo e do Congresso que querem os preços mais baixos, e do mercado que insiste na política de preço de paridade de importação (PPI), o conselho apostou no aumento.

Geralmente, valores de combustíveis passam por um comitê que tem como integrantes o presidente da estatal José Mauro Coelho, e os diretores de Finanças e Comercialização e Logística, Rodrigo Araújo e Cláudio Mastella. A maioria dos participantes afirmou que é da competência do conselho tomar esse tipo de decisão e que isso estaria no estatuto.

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