Aumenta casos de violência no campo

Dados da SSPAP estimam que houve aumento de mais de 30% em ocorrências de crimes no campo

Postado em: 16-12-2017 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Dados da SSPAP estimam que houve aumento de mais de 30% em ocorrências de crimes no campo

Marcus Vinícius Beck*

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O número de roubos e furtos em propriedades rurais no interior de Goiás aumentou mais de 30% comparado com o ano passado. Até o início do mês de dezembro foram registrados 5.320 casos de violência na zona rural, ante 4.077 casos de violência no mesmo período do ano passado. O número é consideravelmente maior do que o contabilizado pela Secretaria Estadual de Segurança Pública e Administração Penitenciária (SSPAP) no ano anterior. No entanto, entidades que representam produtores rurais apontam que o aumento da violência pode estar relacionada ao movimento pró-reforma agrária. 

Essa tese é a defendida pelo assessor jurídico da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), Augusto César Andrade. Segundo ele, foi criada uma patrulha comunitária rural para melhorar a segurança, mas ele reconhece que nos últimos meses os casos de furto e roubo se tornaram corriqueiros. “O programa, que é em parceira com a Polícia Militar, tem intenção de melhorar a segurança no campo”, afirma o assessor jurídico, acrescentando que a insegurança está em todos os setores da sociedade. “ A violência não é exclusividade da zona rural”, diz. 

Os ladrões têm como alvo os insumos que são encontrados nas fazendas. Nesta época do ano, cuja safra já está despontando, os proprietários rurais ficam atentos às possíveis práticas de violência que podem ocorrer em suas fazendas. De acordo com a Faeg, as patrulhas rurais – que deveriam coibir a presença de criminosos – são ineficientes, pois elas têm de fiscalizar algo em torno de quatro a cinco municípios. 

No mês de julho deste ano, o senador Wilder Morais (PP-GO) apresentou projeto de lei que passaria a tornar legal o porte para produtores rurais. Mas a medida gerou polêmica entre ativistas da reforma agrária. “Após a aprovação do projeto, a questão da violência no campo pode ser algo muito mais complicado do que é hoje em dia”, comenta. 

Reforma agrária

Nacionalmente, o número de assassinatos que ocorrem no campo entre janeiro e novembro do ano passado superou a quantidade de casos que acontecem durante todo o ano de 2015. Vinculado à Igreja Católica, a Comissão Pastoral da Terra (CPT) disse que pelo menos 54 homicídios foram registrados nos 11 primeiros meses de 2016, o que representa que foram contabilizados quatro a mais do que no mesmo período de 2016. 

Contudo, movimentos sociais ligados à causa da reforma agrária rechaçam o posicionamento da Faeg. Para a Pastoral da Terra, por exemplo, além dos furtos e roubos em propriedades rurais, os dados sobre violência crescem também motivados pela luta que se dá no campo porque há problemas sociais e, por isso, os seguranças dos latifundiários podem ser os responsáveis pela violência. “É claro que há manifestações agressivas no âmbito da zona rural, mas os movimentos que defendem a reforma agrária são legítimos e legais”, esclarece o coordenador da entidade, Fábio José da Silva. “Atualmente, as ocupações são praticamente inexistentes no campo”, complementa. (Marcus Vinícius Beck é estagiário do jornal O Hoje, sob orientação do editor de Cidades Rhudy Crysthian) 

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