Uso de camisinha entre jovens caiu na última década

Os dados abrangem estudantes do 9º ano, antiga 8ª série, levando em consideração tanto a rede pública quanto a rede privada

Postado em: 20-07-2022 às 07h56
Por: Maria Paula Borges
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Os dados abrangem estudantes do 9º ano, do ensino fundamental, levando em consideração tanto a rede pública quanto a rede privada | Foto: Reprodução

Uma análise divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) aponta que, no período de uma década, a quantidade percentual de jovens que utilizaram de métodos contraceptivos nas relações sexuais diminuiu significativamente no Brasil. O estudo foi postado no último dia 13 e avalia indicadores da série histórica Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE), contemplando dados de 2009 até 2019. 

Os dados abrangem estudantes do 9º ano, antiga 8ª série, do ensino fundamental, levando em consideração tanto a rede pública quanto a rede privada das capitais brasileiras. Conforme informações da análise, esses jovens representam 90% dos estudantes com idades de 13 a 15 anos, em que já tem se dado a iniciação sexual para eles. 

No período analisado, entre os jovens que já haviam iniciado a vida sexual, apenas 59% relataram terem usado camisinha durante o ato, em 2019. Já em 2009, o percentual era de 71,5%.

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Segundo o levantamento, o resultado expressa preocupação, uma vez que a tendência é que os jovens estejam mais expostos a riscos, alertando para doenças sexualmente transmissíveis e para gravidez precoce. Diante disso, é recomendado que as orientações aos adolescentes sobre práticas sexuais sejam ampliadas. 

De acordo com a ginecologista e educadora sexual, Amanda Figueiredo, apesar de a informação estar disponível na internet de forma mais fácil, ainda não é acessível a todos que precisam dela. “A internet está aí e grande parte da população tem acesso a ela, principalmente os jovens, mas será que é informação de qualidade? Sabem onde procurar? Na minha percepção, a utilização de métodos contraceptivos diminuiu nos últimos anos, devido à falta de divulgação desses métodos, poucas propagandas de combate ao HIV e outras ISTs, nenhum incentivo ao uso de camisinha em veículos como a televisão e rádio, como víamos há alguns anos. Falta de orientação em sexualidade nas escolas, na verdade muita coisa foi retirada da grade escolar. E em casa nem se fala, muitos pais não tiveram essa orientação também, como irão educar os filhos? É uma soma de fatores”.

Além disso, a educadora diz que o caminho para evitar as doenças será sempre uma abordagem séria com base em estudos e pesquisas. “É a educação, a informação, nas escolas principalmente, criando uma nova geração que tenha acesso às essas informações, levaremos para dentro das casas dessas crianças, que crescerão se tornarão pais que saberão o que conversar com seus filhos, quando eles trouxerem esses assuntos pra dentro de casa, porque foi discutido na escola, pra mim, esse seria o caminho. Precisamos criar essa geração”, afirma Amanda.

O estudo ainda foi dividido em outra categoria: garotas e garotos. Entre as garotas, o percentual que afirmou ter utilizado preservativo nas relações sexuais passou de 69,1% para 53,5% no período analisado. Já entre garotos, também houve queda, passando de 74,1% para 62,8%. 

Caso seja levado em conta as quatro edições da PeNSE (2009, 2012, 2015 e 2019), o percentual de uso de algum método de prevenção de gravidez – camisinha, anticoncepcional, dispositivo intrauterino (DIU), entre outros – também diminuiu. Em 2012, o percentual era de 79,6% de adolescentes que faziam o uso, mas em 2019 passou para 69,6%. 

Segundo Amanda, a educação é o caminho para evitar a gravidez indesejada. “A informação na escola, dentro de casa, na internet, na TV, no rádio, falada de forma consciente, séria. Existe uma resistência diante desse tema, como se Educação Sexual fosse ensinar crianças e adolescentes a praticarem sexo, que iria afetar a orientação sexual e identidade de gênero e dentre outras coisas absurdas, que não tem absolutamente nada a ver com a realidade e do envolve o estudo da sexualidade humana”.

A redução observada foi principalmente na rede pública, em que foi apontada a diminuição de 79,5% para 69,1%. Entretanto, nas instituições privadas a redução também foi expressiva, passando de 80,3% para 72,3%.

De acordo com a análise, em 2009, 27,9% dos estudantes do 9º ano do ensino fundamental das capitais já haviam tido relações sexuais. Já em 2019 o percentual aumentou, atingindo 28,5%. Levando em consideração a divisão entre garotas e garotos, no caso das meninas o número aumentou de 16,9% para 22,6%, e no caso de meninos, caiu de 40,2% para 34,6%. 

Consumo de drogas

O levantamento traz também indicadores que dizem respeito à saúde dos adolescentes, como por exemplo o consumo de tabaco, bebidas alcoólicas e outros tipos de drogas. Nesse quesito, a quantidade de estudantes do período analisado que fumaram cigarro alguma vez na vida diminuiu, saindo de 22,9% para 21%, entre 2009 e 2019. 

Entretanto, sobre bebidas alcoólicas, a quantidade de jovens que experimentou aumentou de 52,9% em 2012 para 63,2% em 2019, crescimento observado mais em meninas, que saíram de 55% em 2012 para 67,4% em 2019. Já entre os meninos, o indicador também aumentou, passando de 50,4% para 58,8% no mesmo período. Em relação a outras drogas, a quantidade de estudantes subiu de 8,2% para 12,1% em 2019.

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