Homenageado denuncia diminuição de terras

Na solenidade, cacique Raoni afirma que é necessário unir e brigar por direito assegurado constitucionalmente aos índios

Postado em: 20-12-2017 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Na solenidade, cacique Raoni afirma que é necessário unir e brigar por direito assegurado constitucionalmente aos índios

Marcus Vinícius Beck*

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O cacique Raoni Metuktire Caiapó recebeu na tarde de ontem Medalha de Honra ao Mérito por conta da luta que travou nos últimos anos em defesa dos povos indígenas. Na ocasião, ele lembrou que é fundamental brigar pela demarcação das terras destinadas aos índios, que ficou estagnada durante o governo do presidente Michel Temer (PMDB). “Precisamos nos unir, pois querem diminuir nossas terras”, declara o líder. Conhecido internacionalmente, Raoni recebeu o prêmio junto com outras 13 pessoas.

No último dia 6 dezembro, indígenas de várias etnias ocuparam a sede da Advocacia-Geral da União (AGU), em Brasília, para protestar contra o Parecer 001/2017, que trata da demarcação de territórios. O protesto, que começou no início da manhã, foi recebido pela ministra da AGU Grace Mendonça à tarde. No encontro, a pauta discutida foi sobre a legitimidade da instalação de redes de comunicação que passavam por estradas na terra Serra Raposa do Sol, em Roraima.

Ao debater sobre demarcação da área, em 2009, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que não haveria nenhum empecilho para a atuação do Poder Público na área. Em setembro, a Organização das Nações Unidas (ONU) denunciaram os frequentes casos de violência registrados contra indígenas. A entidade, em comunicado público, lembrou que o país carece de proteção por parte do governo federal às questões indígenas.

Goiás

O Estado de Goiás tem aproximadamente 8,5 mil indígenas, mas cerca de 300 deles não vivem mais em suas terras. No entanto, dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informa que Goiás é a sexta unidade da federação com o menor número de índios. O Estado ganha apenas de Amapá, Rio Grande do Norte, Sergipe e Piauí, além do Distrito Federal. No quesito terras demarcadas, Goiás é o segundo Estado do país onde a situação está praticamente resolvida. 

Segundo a antropóloga Dulce Madalena Pedroso Rios, durante o período da colonização, várias etnias foram dizimadas. “Mas também houve a divisão de Goiás, na Carta Magna de 1989, que contribuiu para que o estado ficasse com apenas três etnias”, afirma a estudiosa, que é professora da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO). Ela ainda garante que, de acordo com pesquisas documentais, vários deles ‘sumiram’, e ninguém sabe para onde foram. 

É comum de se encontrar índios que utilizem eletrodomésticos e aparelhos eletrônicos. Outros já falam a língua portuguesa e possuem crenças cristãs. Das três etnias que sobraram no Estado, apenas os Avá-Canoeiros mais velhos são conservadores em seus costumes. No entanto, os Tapuias do Carretão e Carajá que estão totalmente adaptados aos hábitos modernos. “Apenas os mais velhos ainda são um pouco conservadores com seus costumes”, explica a professora. (Marcus Vinícius Beck é estagiário do jornal O Hoje, sob orientação da editora interina de Cidades Waldineia Ladislau) 

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