Tempo seco avançou focos de incêndio no cerrado no primeiro semestre de 2022
Em Goiás, foram registradas 4.852 ocorrências de incêndio no cerrado, que foram atendidas pelo Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás (CBMGO)
Entre janeiro e julho, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) registrou 17.582 queimadas nos primeiros sete meses do ano somente no Cerrado Brasileiro. Esse é um aumento de 6% em comparação ao recorte do ano passado, e 24% acima da média dos últimos 10 anos. Em Goiás, nos primeiros sete meses de 2022 foram registradas 4.852 ocorrências de incêndio no cerrado, que foram atendidas pelo Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás (CBMGO).
Em relação à área devastada, o Inpe ainda não consolidou os números do mês passado. Mas, em junho, as queimadas atingiram 11.701km² de cerrado, um aumento de 16% na comparação com junho do ano passado. No semestre, o bioma perdeu 21.346km² de cobertura vegetal. Na Amazônia, a destruição atingiu quase 4 mil km² no primeiro semestre, o maior acumulado desde 2016.
Este período do ano marca o início do verão amazônico e da estação mais seca no Cerrado, com menos chuvas e umidade mais baixa, combinação propícia para a propagação de incêndios. Essas condições climáticas tendem a se estender até fim de outubro, o que pode piorar a propagação de incêndio principalmente no cerrado.
Para entidades que atuam na proteção do meio ambiente, as ações públicas estão aquém do que seria necessário para combater o desmatamento. Segundo Edegar de Oliveira, diretor de conservação e restauração da WWF Brasil, o alto número de queimadas é consequência da “falta de ações concretas de controle” tanto na Amazônia quanto nos outros biomas.
Já o Greenpeace Brasil, em sobrevoos pela região, constatou, além de muitos focos de incêndio, o início de queimadas em grandes áreas contínuas. Rômulo Batista, porta-voz da entidade, destacou que 90% das áreas desmatadas são para expansão da agricultura e da pecuária.
Em junho, o governo publicou um decreto que suspende, até o fim do ano, as permissões para uso de fogo em todo o território nacional. Mas o porta-voz do Greenpeace Brasil disse que a medida burocrática não surtiu efeito. “Desde junho é ilegal e nada acontece”, lamentou Batista.