Crateras ameaçam residências em dois bairros de Aparecida de Goiânia

Em contrapartida, Prefeitura de Aparecida informa que vem intensificando ações para conter erosões

Postado em: 28-12-2017 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Em contrapartida, Prefeitura de Aparecida informa que vem intensificando ações para conter erosões

Marcus Vinícius Beck*

Em meio ao medo de perder suas casas, moradores de dois bairros de Aparecida de Goiânia, na região metropolitana da Capital, reclamam da falta de assistência do Poder Público. No Setor Recanto das Emboabas, uma erosão caminhou 150 metros em direção às residências nos últimos dois anos. Outro bairro visitado pela reportagem de O Hoje na tarde de ontem caiu no esquecimento, e conta com crateras que chegam a 20 metros de profundidade. No Setor Retiro do Bosque, por sua vez, moradores protestam contra o descaso da Prefeitura, e afirmam que sofrem com o problema há 17 anos. 

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Por meio de ligação, o Superintende de Comunicação da Prefeitura de Aparecida de Goiânia, Ronaldo Coelho, afirmou que as demandas da população vêm sendo atendidas. Ele citou o projeto tapa-buraco, como uma forma de evitar que haja buracos na cidade, mas também salientou que já está em andamento outra iniciativa para conter a erosão. “A prefeitura está trabalhando para controlá-la, mas as chuvas não deixaram”, disse. De acordo com ele, a Secretaria de Infraestrutura (Seinfra) está buscando atender todas as demandas da população.

O Secretário Executivo de Mobilidade, Luziano da Costa Vale, deslocou engenheiros de trânsito para sinalizarem aos condutores que passarem pelo Recanto das Emboabas que há erosões. Para o engenheiro Cleyner Gonçalves, que é engenheiro de trânsito, a medida visa primeiramente sinalizar que há uma cratera na via e, em seguida, devem ser iniciadas obras para conter a erosão. “O secretário pretende dar inícios às obras de revitalização”, garante Gonçalves. 

Recanto das Emboabas

Morador do Recanto das Emboabas há sete anos, o garçom Alcedino Antônio da Silva, 55, relata que há tempos ninguém faz nada para conter a erosão. De acordo com ele, é comum ouvir durante a noite barulho de carros cantando pneus, já que uma cratera em proporções assustadoras pode provocar acidentes fatais. “Ninguém consegue ver que alguns metros à frente há uma cratera”, queixa-se Silva. 

As reivindicações já fazem parte do cotidiano dos habitantes do Setor. O micro-empresário Daniel Bonfim, 40, lembra que a população tem medo do que pode acontecer, caso a cratera aumente com mais velocidade. “É um animal de estimação que vem nascendo muito rápido, e assusta a gente”, ironiza Bonfim. Ele diz que não é preciso ter conhecimento científico para saber que a erosão é perigosa, e sim constatá-la empiricamente. 

Segundo ele, que há tempos vem travando uma briga com a prefeitura, a justificativa apresentada pelo Executivo de que obras vêm sendo feitas para amenizar o problema não se sustenta. “O Poder Público sempre diz que as chuvas estão atrapalhando as obras de erosões, mas não caiu nenhuma chuva descomunal que tenha prejudicado o andamento das obras”, diz. 

A opinião, ainda, é compartilhada pela aposentada Isabel Maria, 71. Segundo ela, que não mora no bairro, mas o freqüenta corriqueiramente, há bastantes promessas de que a rua melhorará, o que na prática está longe de acontecer. “É totalmente perigoso”, assevera.

Retiro do Bosque

Se no Setor Recanto das Emboabas o problema da erosão existe há três anos, o mesmo não se pode dizer do Setor Retiro do Bosque, em Aparecida de Goiânia. Desde a fundação do bairro, no início da década passada, moradores relatam problemas neste sentido. Porém, nada foi feito e, desde então, queixas passaram a fazer parte do cotidiano de quem vive no Retiro do Bosque. O ápice das reclamações aconteceu no dia 18 deste mês, quando um Volkswagen Gol caiu numa cratera de 20 metros. 

De lá para cá, o problema persistiu e, de acordo com o aposentado José Benedito, 58, os moradores chegaram até a redigir um documento ao Ministério Público (MP-GO), mas nada foi feito. “A cratera virou um animal de estimação nosso, que se a gente tirar daqui vai fazer com que tenhamos falta dele”, ironiza o aposentando, sacramentando: “Apenas colocaram uma placa aqui, e foi apenas isso”. 

A reportagem de O Hoje conversou com Paulo José, 60, que teve seu nome mudado por medo de futuras represálias, e ele disse que “cansou de lutar contra a questão da cratera”. De acordo com ele, que articulou inúmeras mobilizações que cobravam melhorias, não obteve êxito em suas revestidas. “Cansei de aparecer na televisão”, brinca. “Agora, prefiro cuidar de minha esposa em casa, pois ela está com problemas de saúde e tenho de auxiliá-la na terapia que faz”, completa.  

Condutores de Aparecida de Goiânia convivem com buracos nas ruas 

Outro ponto que vem sendo alvo de críticas por parte da população contra a  Prefeitura são os buracos encontrados nas ruas de Aparecida. No entanto, a Prefeitura disse que ampliou o número de equipes que trabalham na ação de tapa-buracos no município de quatro por sete, cujo objetivo é atender as reclamações de moradores. 

De acordo com o secretário de Infraestrutura, Mário Vilela, são priorizadas avenidas de grande movimentação, como Rio Verde, Brasil, Independência e Igualdade. Em alguns lugares da cidade, segundo o secretário, não haverá tempo suficiente para compactação de massa asflática e, por isso, todo o serviço de recapagem das vias terá de ser feito da estaca zero. 

“Mesmo assim, não vamos deixar de atender nenhum bairro. Na medida do possível, estamos fazendo toda a compactação da cidade”, afirma Vilela. Enquanto isso, moradores de vários setores da cidade estão desamparados pelo Poder Público, trafegar pelas ruas de Aparecida é uma atividade que pode prejudicar a manutenção dos carros e, além disso, causar acidentes. 

*Marcus Vinícius Beck é estagiário do jornal O Hoje, sob orientação da editora de Cidades Waldineia Ladislau.

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