Agosto Dourado: Doações de leite materno aumentam em quase 70%

Especialistas destacam que o alimento é repleto de anticorpos, fundamentais para a saúde e a resistência dos bebês a doenças

Postado em: 09-08-2022 às 08h07
Por: Daniell Alves
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No último o dia 4, o Hospital Estadual da Mulher (Hemu) promoveu o Cine Materna para gestantes internadas na unidade | Foto: Divulgação

O número de doações de leite materno tem aumentado de maneira considerável em Goiás. Foram cerca de 400 litros a mais em comparação ao ano passado, de janeiro a julho, segundo dados do Banco de Leite Humano (BLH), do Hospital Materno Infantil (HMI). Somente neste ano, as doações já chegaram a 1.048 litros de leite, sendo 116 no BLH e 931 na modalidade busca, quando as bombeiras pegam no domicílio da doadora. 

Ao longo deste mês, o quantitativo ainda pode aumentar devido à campanha Agosto Dourado, que incentiva a amamentação e doação em todo o país. Referência em Goiás, o HMI abriga o Banco de Leite. O local promove a saúde da mulher e da criança com o incentivo ao aleitamento materno, que garante o primeiro alimento da vida. É por meio do leite materno que o corpo se desenvolve e é fortalecido, para que as mais variadas doenças sejam prevenidas.

A coordenadora de Ciclos de Vida da Superintendência de Atenção Integral à Saúde (Sais) da Secretaria de Estado de Saúde (SES-GO), Sônia Oliveira, ressalta que o aleitamento materno constitui um desafio às mães e uma meta das instituições e entidades voltadas à saúde de mães e bebês. “As taxas de aleitamento exclusivo nos primeiros 6 meses estão aquém do esperado em diversos países, entre eles o Brasil”. Ela ressalta que a amamentação também traz benefícios às mães, entre eles, melhor recuperação do parto e menos risco de câncer de mama.

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Imunidade e proteção na infância 

A amamentação já era uma informação de domínio público, mas foi favorecida com o advento da Covid-19, aponta a pediatra Stephânia Laudares, que atende no centro clínico do Órion Complex, em Goiânia, “Acredito que depois que a pandemia a conscientização aumentou, as pessoas começaram a entender a importância do aleitamento materno na imunidade e proteção contra doenças na infância. Acredito que exista uma crescente preocupação de estimular o aleitamento materno”, destaca.

Para aumentar a proteção de mãe e bebê, a especialista fala sobre as vacinas. “Durante o período de lactação, ou seja, enquanto a mãe estiver amamentando ela pode e deve ser vacinada contra Covid-19, o vírus influenza, que é a vacina da gripe, entre outras vacinas, pois assim ela consegue a confecção de anticorpos e, consequentemente, proteger o seu filho através da amamentação, com a passagem de anticorpos pelo leite materno”, afirma. 

Semana do Aleitamento

Do dia 1º ao 7 deste mês, ocorreu a Semana Mundial do Aleitamento Materno (SMAM), com o tema “Fortalecer a amamentação: educando e apoiando”. No último o dia 4, o Hospital Estadual da Mulher (Hemu) promoveu o Cine Materna para gestantes internadas na unidade. Na oportunidade, foram exibidos os vídeos da Iniciativa Hospital Amigo da Criança (IHAC) sobre Parto em Hospital Amigo da Criança e outro sobre Amamentação. A ação contou com uma roda de conversa, liderada pela coordenadora do Banco de Leite Humano, Renata Leles e tira dúvidas com a equipe de multiprofissionais do hospital. 

A campanha Agosto Dourado foi criada em 1992 pela Organização Mundial da Saúde (OMS), em parceria com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef). A cor dourada foi escolhida para designar o mês de agosto pelo fato de estar relacionada ao padrão ouro de qualidade do leite materno. No Brasil, o Ministério da Saúde (MS) também escolheu agosto como Mês do Aleitamento Materno. A cada ano, um tema específico é trabalhado. Neste ano, o Agosto Dourado vai desenvolver o tema Fortalecer a amamentação educando e apoiando.

Leite materno

Considerado o alimento mais completo para os bebês, o leite materno sacia a fome; contribui para a melhora nutricional da criança; reduz a chance de obesidade, hipertensão e diabetes; diminui os riscos de infecções e alergias; e possibilita um efeito positivo na inteligência e no vínculo entre mãe e bebê. 

Especialistas destacam que o leite materno é repleto de anticorpos, fundamentais para a saúde e a resistência dos bebês a doenças. Por isso, é fundamental que a criança o receba como única fonte de alimentação até os 6 primeiros meses de vida. Especialistas, no entanto, sugerem que a amamentação deve continuar até os 2 anos ou mais. 

Doações 

O Banco de Leite do HMI estimula o aleitamento materno desde quando foi fundado, há 31 anos, e é abastecida com doações de mães com excedente de leite, que realizam a doação no próprio local ou armazenam o produto em casa. Para coletar o material, o BLH conta com o apoio do Corpo de Bombeiros Militar de Goiás, que disponibiliza veículo e profissionais de apoio. 

As profissionais vão até as residências das doadoras e, além de coletar o leite, fazem um trabalho de orientação às mães. Após a coleta, o leite é analisado e pasteurizado para que fique em condições sanitárias de consumo. O leite é então congelado, podendo ficar armazenado por seis meses.

Como doar?

É contraindicada a doação por mulheres com sintomas compatíveis com síndrome gripal, infecção respiratória ou confirmação de caso da Covid-19. A contraindicação é estendida a mulheres contatos domiciliares de casos com síndrome gripal ou caso confirmado de Covid-19.

A candidata a doação de leite materno deve estar saudável, não podendo ser fumante, usuária de drogas, ingerir bebida alcoólica, não estar em uso de medicamentos contraindicados durante a amamentação e apresentar resultados dos seus exames de doenças infectocontagiosas do seu pré/pós natal.

Cerca de 96% das crianças foram amamentadas alguma vez 

Um estudo coordenado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) mostra que as taxas de aleitamento materno vêm crescendo no Brasil. O Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil (EnaniI-2019), encomendado pelo Ministério da Saúde (MS), aponta que metade das crianças brasileiras são amamentadas por mais de 1 ano e 4 meses e que, no País, quase todas as crianças foram amamentadas alguma vez (96,2%), sendo que dois em cada três bebês são amamentados ainda na primeira hora de vida (62,4%). 

Dados do MS apontam que 53% das crianças brasileiras são amamentadas até o primeiro ano de vida. A amamentação exclusiva com leite materno até os seis meses alcança 45,7% e, até os quatro meses, 60%.

Ao ser amamentada, a criança é protegida contra doenças, tem a formação incorreta dos dentes e problemas na fala prevenidos e obtém melhor desenvolvimento e crescimento. Um outro bônus é que além de ser um alimento completo, o leite materno dispensa água ou outras comidas até os seis primeiros meses de vida do bebê.

Mês do Aleitamento

No Brasil, o mês do Aleitamento Materno foi instituído pela Lei nº 13.435/2.017, que determina que serão intensificadas ações intersetoriais de conscientização e esclarecimento sobre a importância do aleitamento materno ao longo de todo o mês de agosto. Dentre essas ações estão palestras e eventos de conscientização com a sociedade; divulgação do tema nas diversas mídias disponíveis; reuniões com a comunidade; ações de divulgação em espaços públicos; e iluminação ou decoração de espaços com a cor dourada. (Especial para O Hoje).

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