Luz e gás pesam para assalariado

Se gasta cada vez menos energia, mas valor desembolsado sobe. Energia fotovoltaica pode ser solução, e o Governo de Goiás já investe na novidade

Postado em: 02-01-2018 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Se gasta cada vez menos energia, mas valor desembolsado sobe. Energia fotovoltaica pode ser solução, e o Governo de Goiás já investe na novidade

Marcus Vinícius Beck*

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Os assalariados sentiram no bolso o aumento das tarifas de luz e gás de cozinha em 2017. O impacto da alta foi de 4,6% na energia elétrica e de 1,6% no gás entre as pessoas cuja renda familiar é o salário-mínimo, de acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). O aumento representa acréscimo de até três vezes mais no orçamento dos mais pobres em comparação aos mais ricos.

Entre a classe mais abastada da população, cujo salário médio é de R$ 9.000,00, o impacto foi de 0,11 pontos percentuais. Em contrapartida, os que recebem o mínimo vivenciaram alta de 0,29 pontos percentuais. Segundo o economista Aurélio Troncoso, que é crítico do governo no que diz respeito ao aumento das tarifas de luz e gás de cozinha, a população tem de tomar algumas medidas para abaixar o valor das faturas. “É preciso utilizar equipamentos que gastam pouca energia, como lâmpada de LED”, sugere o economista.

Para Troncoso, o salário de quem possui um rendimento mínimo quase acaba quando é preciso arcar com as duas despesas. Ele afirma que cerca de 8% dos R$ 937,00 (valor de 2017) são gastos quando as famílias mais pobres têm de comprar um botijão de gás. O economista ainda calcula que, caso a conta de luz dê algo em torno de R$ 120,00, a família desembolsará cerca de 12%. “Ao todo, somando o gasto com botijão de gás e tarifa de luz, já são 20% do salário”, lembra.

Para o economista,  o problema persiste há mais de uma década, desde que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso enfrentou uma crise no sistema gerador de energia. “Desde então, os governos Lula e Dilma não enfrentaram o problema do setor elétrico”, frisa. De acordo com Troncoso, uma das saídas para amenizar a problemática seria pensar em uma forma alternativa de geração de energia, o que já está em vigor em vários países da Europa, “e no Brasil ainda é relegado”.

Dificuldades

A dificuldade da população de baixa renda para arcar com a conta de energia é tão grande que a Celg Distribuição criou um programa social para distribuição de 2500 geladeiras na Grande Goiânia e outras cidades do Estado até fevereiro. O programa de troca eficiente de geladeiras para clientes em situação de vulnerabilidade social foi iniciado em novembro. Os aparelhos velhos são trocados por modelos novos com selo de eficiência A, ou seja, os que consomem menos energia.

O servidor público Luiz Claudio Cavalcante, 41, gasta entre R$ 135,00 a R$ 150,00 por mês apenas com energia elétrica. Ele sente o impacto da bandeira vermelha em seu bolso desde 2010. De acordo com Cavalcante há sete anos o Estado não paga a data-base aos servidores, o que somou para que ele sentisse o impacto da inflação e tivesse de suportar o peso das tarifas de luz no fim do mês. “A diminuição nos preços dos itens da cesta básica é um falso ganho de poder de compra”, argumenta.

Situação parecida vive a assessora de imprensa Alana Fonseca, 25. Mesmo passando a maior parte do dia fora de casa, ela relata que a conta de luz não vem menos de R$ 100,00. “É bem surreal”, indica, revelando o preço médio das contas de luz em sua casa: “É sempre R$ 117,00, com duas pessoas morando”, diz. Ela aponta que o custo de vida ficará mais alto e, para o trabalhador que ganha salário mínimo, “está fora da realidade”. Segundo ela, “não restam dúvidas de que os trabalhadores vão sentir na pele o aumento das tarifas”. 

A publicitária Chrystal Mendéz afirma que o preço da conta de luz gira em torno de R$ 110,00 no apartamento em que mora. “É o mesmo valor de quando morávamos em quatro pessoas há um ano”, relata. Chrystal conta que quase não liga aparelhos eletroeletrônicos e ferro de passar roupa, mas o preço não abaixa de jeito nenhum. “O valor das contas aumentou, sem sombra de dúvidas”, afirma. Já gastos com gás não é uma preocupação para ela. “O gás no meu prédio é encanado, pago fatura mensalmente. Gasto cerca de 20 reais por mês, apesar de ser raríssimo cozinhar em casa”, finaliza. 

Alternativa para constante aumento de luz já é programa governamental 

No Brasil tem-se explorado fontes alternativas para geração de energia elétrica. A matriz energética brasileira, cujo pilar ainda são as hidroelétricas, está se diversificando com o apoio dos modelos de geração eólica, biomassa e solar. Uma das fontes de geração de energia alternativa que vem se destacando é a energia fotovoltaica conhecida mais popularmente como energia solar, por possuir a fonte mais democrática do mundo, o sol.

Conforme o engenheiro Marcelo Almeida Cabral, empresário goiano que atua no segmento de soluções para geração de energia, pela Ecori Energia Solar, mesmo ainda sendo pouco difundida no mercado brasileiro, existem vários tipos de tecnologias solar, vindas da China, Estados Unidos e Alemanha.

Toda energia gerada pelo sistema fotovoltaico é imediatamente consumida pela edificação e caso haja sobra a mesma é injetada na rede da Celg (no caso de nosso Estado), gerando crédito na conta de energia. Os sistemas são projetados para que o consumidor pague somente a tarifa mínima, nãoficando mais exposto aos aumentos sucessivos da conta de energia. 

Importante dica do empresário é que o consumidor pesquise as tecnologias disponíveis no mercado para comparar a eficiência de cada equipamento. Na maioria dos casos o investimento é pago no período de 4 a 6 anos e alguns equipamentos hoje possuem 25 anos de garantia sem necessidade de manutenção.  “Comprar um sistema de energia solar é um investimento idêntico a comprar sua casa própria. Pagar energia elétrica assemelha-se a pagar aluguel, um desembolso que não volta mais”, explica Cabral.

Para todos

A solução de energia solar é para todos, não somente um privilégio de ricos.  Com sistemas a partir de R$ 3.500,00 já é possível tornar sua casa sustentável e economizar. Recentemente a Ecori Energia Solar em parceria com a Agência Goiana de Habitação (AGEHAB) viabilizou a implantação de 149 sistemas fotovoltaicos com a tecnologia de microinversores em casas de interesse social em Pirenópolis e 40 em Alto Paraíso, demonstrando que a energia solar é viável para todos. 

Em prol desta vertente o Ministério das Cidades por meio da portaria 643 de 13 de novembro de 2017 estabelece a implantação de energia solar para todos os emprendimentos habitacionais do programa Minha Casa Minha Vida Faixa 1. (Marcus Vinícius Beck é integrante do programa de estágio do Jornal O Hoje, sob orientação da editora interina de Cidades Waldineia Ladislau). 

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