Consulta sobre legislação para fogos de artifício ultrapassa 30 mil assinaturas

Em virtude de traumas, campanhas virtuais têm sido apoiadas não só por defensores da causa animal

Postado em: 02-01-2018 às 18h01
Por: Guilherme Araújo
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Em virtude de traumas, campanhas virtuais têm sido apoiadas não só por defensores da causa animal

Guilherme Araujo**

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O estudante de comunicação Felipe Dantas passou a virada do
ano em Itanhaém, litoral paulista. Longe de casa, na capital, estava
acompanhado de toda a família – incluindo a cachorrinha Cindy, de 10 anos.
Durante o fim de tarde do dia 31 de dezembro, as comemorações na casa ao lado se
exaltaram e vizinhos começaram a soltar rojões no quintal: “O barulho era
tamanho que não dava nem para conversar na nossa casa”, conta.

Já assustada, a cadelinha poodle, que no ano passado foi
queimada por uma faísca, ficou ansiosa e começou a cavar o chão – um fato comum
a animais em situação de extremo estresse, que Felipe afirma serem recorrentes
nesta época do ano. “Ela geralmente se esconde embaixo da cama ou fica
desesperada pelo conforto do colo de alguém”. Após algumas brincadeiras, um dos
vizinhos fez com que além do transtorno psicológico provocado no animal, um dos
artefatos, acompanhado de um barulho ensurdecedor, acabasse indo parar no
quintal do rapaz: “Fez até um zunido no ouvido por um tempo, então chamei a
polícia. Alguns vizinhos também chamaram, mas quando eles chegaram os caras já
tinham saído de lá”.

Na mesma semana em que o vídeo de um cachorro assustado por foguetes sendo
resgatado por vizinhos da varanda de um prédio em Goiânia viralizou na internet, uma consulta pública aberta no
site do Senado Federal ultrapassou as 30 mil assinaturas – mais de 10 mil acima
do esperado. O objetivo era conhecer a opinião da população quanto à necessidade
de uma legislação que estabelecesse a proibição, a nível federal, do uso
recreativo de foguetes e rojões.

Além da sugestão popular, existe ainda um projeto de lei que
tramita na Câmara dos Deputados, que prevê punição por meio de multa e detenção
para quem não respeitar a regra. O autor da proposta, deputado Ricardo Izar
(PP/SP) afirma que entre os principais fatores que influenciam a criação de uma
lei a respeito está o trauma provocado nos animais graças à queima de fogos.

Alvos

Idosos, crianças pequenas e enfermos também são alguns dos
principais afetados pelo barulho excessivo. No site do Senado, a ideia da
proibição de fogos está aberta até o dia 13 de abril de 2018. O autor da ideia, o
paulista Rogério Nagai, ressalta na descrição o exemplo de
inúmeras cidades brasileiras, como Santos e Uberaba, em Minas Gerais, que já há
algum tempo aderiram a proibições de mesmo cunho. A solução para quem aprecia a
atividade estaria em comemorações alternativas, como fogos que não produzem
ruído.

Questionada, a educadora Iris Dias, acredita
que a medida tem caráter positivo: “Na página da associação no Facebook, recebemos
diversos apelos após queimas de fogos. Sou a favor de uma medida assim antes
mesmo de me tornar uma protetora animal.” Para ela, que é vice-presidente da
Associação Anjos de Patas, criada há quase 6 anos em em Sobral, no Ceará,  o uso de fogos não tem propósito algum: “Além
de ser considerada uma ação perigosa, é notório que não traz benefícios algum
para ouvidos tão sensíveis, trate-se de pessoas ou de animais.”
Para
apoiar a consulta, basta clicar aqui.

**Guilherme Araujo é
integrante do programa de estágio do jornal OHoje.com, sob orientação de Naiara
Gonçalves.  

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