Catira é tema de pesquisa desenvolvida pela UFG

Cidade de Goiás foi local escolhido para análise, feita além do que olhares dos turistas podem ver

Postado em: 03-01-2018 às 15h40
Por: Guilherme Araújo
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Cidade de Goiás foi local escolhido para análise, feita além do que olhares dos turistas podem ver

Como parte das celebrações da Folia de Reis, realizada na
primeira semana de todos os anos, a Catira é figurinha carimbada em festejos fora
da rota na Cidade de Goiás. De acordo com uma pesquisa realizada pela
Universidade Federal de Goiás (UFG), a dança que faz parte da cultura
folclórica brasileira não surte impacto na hora de chamar a atenção das lentes
fotográficas dos visitantes, resistindo em espaços periféricos, como
demonstrações de fé e tradição de foliões.

O estudo ainda mostra que a Catira, tal qual a Folia de Reis,
são consideradas manifestações da cultura popular que ocorrem fora do âmbito da
área tombada como Patrimônio Histórico da Humanidade, na antiga capital do
Estado, local
onde está o poder instituído pelo período colonial.

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“As apresentações da dança no centro histórico, ou seja, na área
mais turística, católica, branca, elitista, são bem pontuais. É na periferia
que, de fato, a dança se manifesta”, relata a pesquisadora Juliana Marra, que
acompanhou dois anos do festejo. Segundo ela, a catira se manteve na cidade
graças à própria comunidade, que alimentou um sistema cultural de práticas,
significados e sentidos.

A professora da UFG e orientadora da pesquisa, Izabela Tamaso,
levanta a reflexão sobre a forma como o patrimônio é utilizado para construir a
identidade de uma sociedade, por intermédio do que é extraído de uma cultura
para simbolizar a nação. Nesse sentido, a Cidade de Goiás se torna um
patrimônio devido aos seus prédios e construções históricas.

O patrimônio imaterial, formado pelas produções sociais de uma
cultura plural e miscigenada, acabou ficando de fora dessa narrativa de
valorização da antiga Vila Boa. “Nesse contexto é sempre o pedra e cal que é
valorizado. Mas para além disso, há muito valor simbólico e manifestações
culturais na periferia”, afirmou.

O estudo, que acompanhou três
grupos de Catira do estado – um inserido no ritual da folia da Companhia de
Reis da Bandeira Vermelha, na Cidade de Goiás, e dois do município de Itaguari,
onde se encontram os grupos Irmãos Oliveira e Orgulho Caipira – detectou que é
por meio da performance corporal que são repassados os conhecimentos da dança
folclórica para as novas gerações. Tradicionalmente, os catireiros são homens,
mas vem ocorrendo uma gradativa inserção das mulheres, fato que inclusive
contribui com a perpetuação da manifestação cultural. 

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